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Guia do folião 2018 – como aproveitar o Carnaval sem pagar mico

Quem escreveu

Renato Salles

Data

24 de January, 2018

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Finalmente acabou aquela fase difícil do ano que vai da Quaresma até o Natal. Os blocos já estão tomando as ruas das maiores cidades do país com muita marchinha e serpentina, e quem ainda não está pensando nas fantasias que vai usar nos próximos fins de semana, está dormindo no ponto. Carnaval é a festa da democracia por excelência (sejamos francos), e é quando pode tudo. Quer dizer…. quase tudo. Cair na folia é fácil, não requer prática nem tampouco habilidade. Mas estamos em 2018, o mundo já deu muitas voltas, e chegamos num ponto que dá para se divertir aos montes sem sacanear os outros, sem destruir o planeta, e sem bobear com a sua saúde, suas coisas e sua dignidade.

Logo logo, soltamos os nossos guias com os melhores blocos. Por enquanto, preparamos um mini guia com todas as dicas que o folião profissional vai colocar em prática esse ano, para que esse seja, sem dúvida, o melhor Carnaval de todos os tempos.

Carnaval ecológico

Já dizia a música que quanto mais purpurina, melhor! Hoje em dia nem os machões de plantão resistem a um brilho na pele. É lindo ver todo mundo cintilando. Porém, já é mais do que sabido que o glitter comum, aquele baratinho que vende na papelaria, é só um monte de mini-micro-pedacinhos de plástico. E esse plástico, que você vai esfregar no banho para conseguir tirar só em agosto, acaba em algum momento nos oceanos. E se tem uma coisa que não é nada legal, é ver tartaruga, peixe e outros animais morrendo com isso. A boa notícia é que tem solução para você não perder o brilho na avenida. Várias marcas produzem glitter biodegradável, à base de minerais e algas. Numa pesquisa rápida encontrei o glitter ecológico da Pura, da Glitra, da Lá do Mato, e da Lush. Com certeza tem outras.

bioglitter
Olha que coisa marrlinda esse bioglitter da Pura – foto: divulgação

E já que estamos falando de plástico, vamos falar não só de poluição, mas também de lixo? Lembra como fica a rua depois que bloco passa? Eu sei, lá no meio da bagunça ninguém quer parar de beijar dançar para ficar caçando lixeiras. E quando uma aparece, está sempre transbordando. Então aqui vai uma dica de ouro, que eu trouxe dos lindos ensinamentos do AfrikaBurn, onde te fazem cuidar de todo o lixo que você produz. Uma boa saída para consumir menos plástico e não ter que jogar copo fora, é carregar com você uma canequinha de alumínio que já vem com uma presilha. Daí é só prender ela num cordão, pendurá-lo no pescoço, e voilà! Você tem um copo exclusivo para tomar toda a Catuaba Piña Colada (diz que vai ser sensação) dos amigos 5 dias seguidos, sem consumir plástico de primeiro uso. Bora adotar?

guia do folião carnaval
‘Alô, é do Carnaval? Avisa todo mundo para comprar suas canecas!’

Lugar de dança

Entra Carnaval, sai Carnaval, o brasileiro consegue sempre se superar com as fantasias. Sem falsa modéstia, nós somos foda no quesito tiração de sarro. Agora pensa que a gente passa o resto do ano inteiro falando de apropriação cultural, assédio, machismo, racismo, homofobia, tanta coisa que lutamos tanto para corrigir na nossa pobre sociedade quebrada… Será possível que não temos nenhum outro assunto para usar de referência para as fantasias, que não vá ofender ninguém? A nega maluca foi aposentada no Carnaval de 2016. O cocar de índio nem no Coachella se usa mais. Usa essa cachola aí e cria uma fantasia que vai divertir e inspirar os outros. Nada de provocar o coleguinha e chamar de ‘liberdade de expressão‘, tá?

Outra coisa. Assédio é assunto sério. Ficamos o último ano inteiro falando disso, e é agora da prova, para ver quem aprendeu direito a lição. Passar a mão, pegar o braço ou o cabelo, forçar beijo… nada disso pode. Nem no Carnaval, nem nunca. E se vir alguém fazendo isso, vai lá e intercede, chama a polícia, sei lá. Mas não deixa acontecer. Vamos ver se conseguimos realizar o sonho do Carnaval-sem-assédio próprio.

Olha o golpe!

É uma tristeza falar disso, mas é inevitável. Sempre que está todo mundo feliz e contente se divertindo, tem aqueles sem noção que se aproveitam disso para sacanear os outros. Carnaval é um prato cheio para os golpistas de plantão, que cada dia inventam novas artimanhas para roubar. A gente faz loucuras para tentar se proteger – até ressucitamos a pochete! – mas diz o ditado que o seguro morreu de velho. Além dos bate-carteiras de sempre, alguns golpes novos valem a pena avisar.

A moda do momento é o golpe da maquininha de cartão. Pagar os drinks do ambulante com cartão pode salvar o bloco, mas cuidado. Alguns vendedores se aproveitam da sua euforia, e trocam o cartão na hora de te devolver. Você recebe ele de volta, não checa o nome, e já foi. O cara tem teu cartão e tua senha para fazer o que quiser. Então, se não tiver dinheiro, fica de olho no cartão que recebe de volta.

Outro até mais perigoso é o da pochete. Você está lá no meio da muvuca e nem percebe quando alguém passa um estilete para rasgá-la, suas coisas caem e você só vai se dar conta quando não tiver mais jeito. Melhor saída é levar as coisas mais importantes numa doleira (aquelas que a gente usava para carregar traveler’s checks nos anos 90) sempre por dentro da roupa. Mas se puder deixar cartões e celular em casa, melhor. Senão, uma tática é colocar os itens importantes na doleira dentro da roupa, e a pochete em cima com coisas mais triviais.

Ah, nunca é demais para repetir: não aceite bebida de estranhos.

A pochete pode ser parte da fantasia. Essa é da Dai Bags – foto: divulgação

Bota a camisinha

Por último, e não menos importante, vamos falar de saúde. A maratona carnavalesca é pesada, e quem não for profissional não aguenta até a linha de chegada. Nessa hora é bom lembrar dos conselhos da sua mãe: beber muita água, se alimentar direito, descansar… o básico para não queimar a largada. Não esquece também de um bom filtro solar para não fritar o coco no meio do bloco.

E falando sério agora – seríssimo – parece ridículo ter que fazer campanha pelo uso de camisinha em pleno 2018. Mas a dura realidade é que o povo baixou a guarda bonito nos últimos anos, desde que o HIV deixou de ser uma sentença de morte. A AIDS ainda é considerada uma epidemia no Brasil, e todo ano cerca de 40 mil pessoas são infectadas com o vírus. E mesmo que hoje existam coqueteis, pílulas do dia seguinte e o que mais for, outras DSTs também estão se espalhando, e podem ser letais. Então mostra que você é um folião de primeira classe e se protege. Nada melhor que fazer amor sem paranoia.

carnaval, bloco, bloquinho
Vamos cuidar dessa carne para ter muitos Carnavais pela frente! – foto: Flickr – Circuito Fora do Eixo

Se tiver mais dicas infalíveis, deixa aqui nos comentários para todos os foliões aproveitarem. De resto, se jogue como só você sabe se jogar! Bom Carnaval!

*Foto destaque: Bloco Planta na Mente / Otros Carnavales (01.03.17) por Mídia Ninja

Quem escreveu

Renato Salles

Data

24 de January, 2018

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.