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Futuros no Festival Path 2018

Quem escreveu

Chicken or Pasta

Data

29 de May, 2018

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O termo futurismo está muito em voga dentro dos papos cotidianos. A ideia de que a automação vai reinar, de que seremos super humanos com a engenharia genética, a discussão cada vez mais calorosa sobre privacidade dos nossos dados, provoca um debate sobre o que pode ser diferente amanhã.

O Festival Path não ficou de fora dessa, convidando futuristas com grande relevância no cenário nacional para compartilhar a sua visão de futuro dentro do festival. Estivemos presentes em três painéis: “Futuros Alternativos em qual podemos acreditar?”, “Há espaço para todo mundo no futuro?” e “Sci-Fi – O Black Mirror do dia-a-dia”. Vamos contar o que rolou de discussão, ideias compartilhadas e o que surpreendeu dentro dessas atividades.

Futuros Alternativos – em qual podemos acreditar?

A resposta para o questionamento acima, segundo Jacques Barcia, um futurista com uma pegada bastante rock’n’roll (de fato, ele é vocalista de uma banda) e contraintuitiva, é:

“Não podemos acreditar em nenhum”.

O festival deu o pontapé com um painel que criou um ambiente interativo com a platéia e abriu uma discussão bastante fervorosa sobre futuros. Foi a plateia que decidiu os temas que iam ser discutidos: futuro do trabalho, educação, relacionamento, dentre outros menos votados.

Vanessa Mathias iniciou o painel apresentando o seu trabalho de exploração de tendências de futuros dentro da White Rabbit, trazendo como a nossa perspectiva temporal influencia os futuros que estamos construindo. Para ela, o futuro é dividido entre futuros emergentes, pós-emergentes e futuros acima de quinze anos: quanto mais perto, maior a assertividade da exploração. 

 

Demetrio Teodorov compartilhou o seu trabalho dentro da Alelo e como utiliza o pensamento exponencial para gerar inovação, seguido do Jacques Barcia, que demonstrou a importância de explorar e interpretar as múltiplas forças e possibilidades de futuros dentro de tempos pós-normais. Em outras palavras, imagina se o ditador da Coréia do Norte acorda “enfezado”, liga para o líder democrata americano e decide que seu alívio virá ali mesmo, ao telefone?! Cenário totalmente possível – apesar de inesperado – e que afeta o mundo em grandes proporções nesse tempo pós normal…

Há espaço para todo mundo no futuro?

Em um momento onde todos estão falando sobre o futuro, várias narrativas, pesquisas, tendências, escolas e ficções científicas tentam apresentar como, possivelmente, será esse futuro. O painel mediado por Monique Evelle trouxe para a discussão dados sociais sobre a realidade da desigualdade no Brasil (por exemplo, o contraste entre as tecnologias disruptivas e o percentual de cerca de 50% de pessoas ainda sem acesso à internet no nosso País) versus as narrativas de futuros que estamos convivendo.

Entre essas distopias e abundância, essa onda de novas tecnologias aumenta ou diminui o abismo social?

Lucas Santana, do coletivo Desabafo Social, trouxe exemplos ligados ao empreendedorismo que reforça a importância da inclusão do negro na tecnologia. Silvana Bahia, coordenadora do Pretalab, tangibilizou com a dissonância entre a antiga narrativa da cidade maravilhosa: “Maravilhosa pra quem mesmo?”. A todo momento vivemos e acreditamos em múltiplas narrativas: o Rio de Janeiro sempre foi lindo e também sempre foi caótico, perigoso.

Outra narrativa conhecida e muito normatizada é a do Vale do Silício. “Ao invés do Vale do Silício, precisamos falar sobre o Vale do Silêncio.” apontou Monique. Por trás de cada tecnologia, existe mão humanas que, em sua maioria, são brancas e americanas. E não só as tecnologias, mas também as narrativas de consumimos sobre o futuro.

Ficções científicas também trazem suas narrativas que muito contribuem para colonizar nosso futuro. Lidia Zuin, especialista em ficções científicas, mostrou que entre distopias e utopias – de Star Trek a Black Mirror – nossas mentes estão “recheadas” de referências hollywoodianas quando, na maioria das vezes, essas imagens não fazem sentido para a realidade.

E o futuros alternativos do Brasil? Quais as narrativas desses futuros? Lídia aponta uma boa referência de produção de ficção científica brasileira, o curta do Criolo (Duas de Cinco + Cóccix-ência). O artista apresenta um futuro alternativo brasileiro retratando a presença da tecnologia avançada no contexto da desigualdade social do Brasil. Painel pertinente e cheio de verdades.

SCI-FI : O black mirror do dia a dia

Se tem uma coisa que a realidade virtual nos ensina é olhar para realidade que vivemos como um grande e complexo cenário 3D, e que podemos utilizá-lo e potencializá-lo. A RITO recebeu uma realidade: o espaço de uma hora e um palco para palestrar. O convite foi “Sci-fi black mirror do dia a dia”.

A partir dessa realidade, uma camada de narrativa criou uma realidade alternativa de futuros. A experiência – um teatro imersivo – começou com um painel para discutir uma tecnologia que, definitivamente, precisamos conversar hoje a respeito de seus impactos no futuro dos relacionamentos. Hoje, já é fato que o MIT desenvolveu um device que usa Wi-Fi para captar sinais fisiológicos do seu corpo. Machine learning se encarrega de transformar esses dados coletados em informações sobre os nossos sentimentos. O cenário futuro desenvolvido a partir disso trazia que, se sentir feliz, triste, irritado, nervoso ou empolgado não será mais apenas uma frase ou emoji no Facebook, mas algo compartilhado automaticamente sem interface de linguagem.

Revelar que aquilo era um ‘painel do futuro’, com atores, um roteiro que deixava a discussão equilibrada e emocionante, não foi o único plot twist, bem a estilo ‘Black Mirror’: na plateia, atores ‘infiltrados’ deram o gatilho para que o palco sumisse e cada participante se sentisse seguro para expressar os impactos da tecnologia em sua vida pessoal. Ao invés de ouvirmos sobre ficção científica, saímos de lá com a sensação de vivenciar uma.

Por Redação.

Quem escreveu

Chicken or Pasta

Data

29 de May, 2018

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.