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Fru.to: seminário sobre o presente e o futuro da comida

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

29 de January, 2018

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Os desafios do colapso dos recursos naturais do planeta não tem precedentes desde a origem do homem, e essa encruzilhada passa por um grande fator: a forma com que comemos. Como a comida molda nossa cultura? Como alimentar, de maneira sustentável e saudável, um número cada vez maior de pessoas?

Seminário Fruto. Foto Vanessa Mathias

Essas foram algumas perguntas que foram exploradas no Seminário FRUTO – Diálogos do Alimento. Idealizado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Felipe Ribenboim, o evento reuniu mais de 30 das mentes mais importantes dos ramos da sustentabilidade, ciência, gastronomia para o Unibes Cultural, na última sexta e sábado.

O evento foi fechado para convidados, mas o conteúdo está todo disponível no Youtube.

Estivemos por lá e contamos tudo que rolou.

Um pouco de contexto

Seminário Fruto. Foto Vanessa Mathias

O evento foi dividido em três eixos principais:

EIXO CULTURAL: Comida é cultura e deve ser explorada e estudada como tal. Ela transforma, expressa e representa tradições e costumes de um povo.

EIXO BIOLÓGICO: Desde a semente que nos dá o fruto até a tecnologia, o alimento é o fator principal que move o ciclo da natureza

EIXO SOCIAL: A maior rede social do mundo é o alimento, e sua capacidade de integrar e denotar relações não deve ser subestimada.

O que aprendemos

Café no Seminário Fruto. Foto Vanessa Mathias

– Nos próximos 50 anos, precisaremos alimentar 9 bilhões de pessoas , em um mundo cada vez mais desigual – 815 milhões de pessoas passam fome e muitos outros bilhões comem mal.

– Nosso sistema de produção atual está matando o planeta: a agropecuária é a atividade humana com maior impacto sobre o globo. Descontadas as espécies para alimentação humana e os próprios seres humanos, apenas 3% dos mamíferos vivos representam toda a biodiversidade remanescente do planeta. Jason Clay fez uma palestra brilhante que dimensiona o problema que vivemos.

Jason Clay. Foto Vanesa Mathias

– No Brasil já perdemos 93% da Mata Atlântica, 50% do cerrado e 20% da Amazônia – e é papel da nossa geração reverter esse quadro.

– Não há uma receita única para superar o desafio de alimentar bem a humanidade. Parte da resposta está na ciência, com o desenvolvimento da agricultura vertical, adaptada às cidades; com a engenharia genética e outras tecnologias agrícolas, para aumentar a resistência das cultivares à mudança do clima e ampliar a eficiência da fotossíntese. Mas parte da resposta também está em técnicas como a agricultura sintrópica, que não usa insumos químicos e a produção orgânica. Houve exemplos brasileiros como a Positiv.A do Alex Seibel, e a Cocar & Co do Pedro Hennel, empresas que buscam novos modelos sustentáveis de produção e pesca.

Pedro Cocar & Co. Foto: Vanessa Mathias

– A rastreabilidade dos alimentos e elevar a consciência dos produtores com relação ao impacto será decisivo nesse processo de transição, particularmente as populações tradicionais (indígenas, ribeirinhos, etc.). Esses povos são a principal barreira contra a erosão genética causada pela agricultura comercial.

– A resposta para o problema da agropecuária pode estar nos oceanos: com o aumento da procura por proteína animal, a aquicultura pode ser mais sustentável. Para isso é preciso mudar a forma que pescamos. A Celine Costeau (sim, neta de Jaques Costeau), com uma oratória impecável, sensibilizou sobre a necessidade de campanhas de comunicação sobre o assunto

Celine Costeau. Foto: Vanessa Mathias

– É preciso que o homem se reconecte com a origem dos alimentos.  Não podemos acreditar que eles saem das bandejas dos supermercados. Exemplos de ações são o Gangsta Gardening, do Ron Finley – o jardineiro de guerrilha que transforma ruas, praças e parques em hortas urbanas.

O evento

O exemplo foi dado no próprio evento: como era de se esperar, um almoço que privilegiou os ingredientes brasileiros sustentáveis.

Simone Mattar. Árvore Brasil de Corpo e Alma – Apex

Além das palestras, algumas intervenções artísticas em realidade virtual e uma árvore de chocolates chamava atenção logo na entrada. Se tratava de uma gastro-performance da artista Simone Mattar – ela é uma food designer que consistentemente faz ativismo através da arte. A árvore representou o Brasil, com toda sua biodiversidade, usando ingredientes como cambuci, manguaba e siriguela. Foi uma ativação da Apex Brasil, que reforça que o Brasil alimenta o mundo de corpo e alma.  Sem dúvida a arte mais gostosa de todo o evento!

Alex Atala e equipe. Foto Vanessa Mathias

O Seminário FRUTO teve um trabalho excepcional com a curadoria, e quase a totalidade das palestras referenciavam a sociobiodiversidade brasileira como a grande riqueza do país. Com esse privilégio natural, também a responsabilidade de liderarmos a revolução definitiva para o futuro do planeta: a do alimento.

Texto com colaboração de Diogo Tomasewski

*Para saber mais sobre as sementes e aprendizados no evento completos, visite o site e faça download do pdf Sementes, do jornalista Claudio Angelo.

Foto destaque: Brooke Lark – Unsplash

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

29 de January, 2018

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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