Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Se você assistiu ‘O Feitiço do Tempo’, você com certeza foi abalado de alguma forma pelo título desse post. O filme de 1993, do diretor Harold Remis, e estrelado por um jovem e inspiradíssimo Bill Murray, conta a história de um repórter que tem que viajar até a pequena cidade de Punxsutawney para cobrir o famoso Dia da Marmota. Como é de se esperar, o azar, a rabugice e o trabalho de jerico agem contra o protagonista, que acaba tendo que reviver o mesmo dia infinitamente. Pela história, o que dá para entender é que as festividades do Dia da Marmota são, basicamente, o inferno da caipirice.
Mas o americano médio não acha exatamente isso. Tanto que a data é uma festividade nacional, e hordas de turistas e curiosos se deslocam até o fim do mundo no meio do estado de Pennsylvania todos os anos. O Dia da Marmota é comemorado no dia 2 de fevereiro, porque acredita-se que, nesse dia, uma marmota chamada Phil sai de sua toca e prevê o fim do inverno. Se o Phil sair e ver sua sombra por conta do céu limpo, ele se retrai e é sinal de quem 6 longas semanas de frio vem aí. Se não tiver sombras por conta do céu nublado, a primavera deve chegar mais cedo.
Parece coisa de gente louca, mas pelo menos nos Estados Unidos ela faz sucesso. A minúscula Punxsutawney, que tem só 6 mil habitantes, recebe todos os anos entre 20 e 25 mil visitantes para esse dia. Claro que a data virou uma importante época para faturar alto, tanto que várias outras cidades criaram seus próprios dias da marmota, com seus próprios roedores. Mas nenhum tem a popularidade do Phil, que tem até live streaming para quem quiser acompanhar a cerimônia. Aqui no Brasil, a exibição começa às 9h da manhã, e a marmota deve dar as caras por volta de 10h25.
Segundo a National Geographic, não existe nenhum motivo sensato para ir até lá. O único jeito de aproveitar a data é, logicamente, seguir a insensatez. Os ônibus começam a chegar ao vilarejo por volta das 3h da madrugada, e as pessoas se apinham em um anfiteatro aberto em um frio de bater os dentes. Muita gente vem direto de banquetes públicos e bares da cidade, então imagina só o estado do povo. Mas a festa só começa mesmo lá, com muita música e dança, que vai até o dia nascer. Fogos de artifício anunciam o grande momento, quando os senhores de cartola apresentam o bicho no melhor estilo Rei Leão. Uns são time inverno, outros time primavera. Outros acham que a marmota só sai da toca mesmo para acasalar. Mas uma vez que Phil volta para seu ninho, está todo mundo na mesma perna: hora de tomar café-da-manhã.
Nós aqui nem estamos preocupados, já que o calor impera nesse hemisfério. Mas os americanos estão sempre de dedos cruzados para que o animal não veja sua sombra. Pena que as estatísticas estejam contra eles: em 131 anos da cerimônia, Phil só não viu sua sombra 18 vezes.
*Foto do destaque: Flickr – Anthony Quintano
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.