Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Existem vários métodos de avaliar a diferença de preços entre uma cidade e outra, e determinar assim qual tem o custo de vida mais alto ou baixo. O mais conhecido – e mundialmente difudido – é o índice Big Mac. O sanduíche do McDonalds’s usa a mesma receita em quase todo o mundo, então serve como convenção na comparação. Eu, por exemplo, tenho um termômetro bem mais interessante para fazer essa avaliação. Mas é óbvio que ele não retrata a realidade. O Big Mac pode até ser muito mais barato aqui que em Nova York, mas lá os preços de aluguel são muito mais altos, por exemplo.
A verdade é que todo ano saem listas bem diferentes das cidades mais caras do mundo, e é bem difícil saber qual delas é mais precisa. Pesquisadores e analistas que me perdoem, mas sempre existe algum ponto em que a gente acaba desconfiado, e muitas dessas pesquisas são tão complexas que a realidade não fica muito palpável para nós reles leitores.
A Thayana Triacca mora em Liverpool, na Inglaterra, e na sua última viagem ao Brasil para visitar a família, ela resolveu investigar o custo de vida na sua casa e aqui. Mas ela não tem nenhuma formação em pesquisa de mercado – ela é comissária de bordo de formação – então nada mais natural que ela fizesse o que qualquer um, gente-como-a-gente, fizesse: sacar o celular no mercado para comparar preços cá e lá. (O vampiro ficaria orgulhoso!)
O mais legal é que a metodologia que ela inventou é bem básica, e justamente por isso, sua apuração viralizou. A ideia é a seguinte: ela pegou o valor do salário mínimo dos dois países, e descobriu o valor-hora dos trabalhadores brasileiros e ingleses. Com isso em mente, ela pôde calcular quantas horas as pessoas precisam trabalhar para poder comprar coisas como chocolate, papel higiênico, alface, etc. Ela postou no seu Facebook um álbum com as fotos comparativas, e fica bem evidente que estamos em desvantagem.
Claro que a metodologia dela não é uma ciência exata, mas dá um bom termômetro de quanto valem os nossos pobres temerzinhos. A ideia foi tão bem sucedida, que resolvi bater um papinho com a Thayana para saber o que ela achou dessa história toda.
Conta um pouco de você: o que você faz, há quanto tempo está na Inglaterra, por que mudou para Liverpool.
Estou na Inglaterra faz 2 anos, eu e meu marido escolhemos Liverpool pois o custo de vida aqui é menor. No Brasil eu era comissária de vôo mas aqui não estou trabalhando na área, estou trabalhando na Amazon Prime Now.
O que te levou a fazer um trabalho tão detalhado de comparação de preços entre os dois países? Te causa indignação essa diferença absurda de preços?
Quando fui para o Brasil em setembro do ano passado, resolvi tirar umas fotos no mercado que a minha família costuma fazer compras, vi que a diferença de preço estava grande. Uma forma que eu uso aqui para economizar, é ver quantas horas preciso para comprar o produto e assim vejo se vale a pena o meu esforço. Quando voltei do Brasil, resolvi fazer o mesmo com o salario mínimo de lá, e fiquei chocada com a diferença
A comparação entre o custo de vida real dos dois países vai além dos preços dos produtos do supermercado, claro. Em geral, como você sente que fica essa comparação, quando falamos também de transporte, educação, saúde, etc.?
Sobre a saúde, meu marido foi operado mês passado em um hospital público, que tem maior qualidade do que muitos hospitais particulares no Brasil, e não foi cobrado nada por isso (isso porque temos dupla cidadania italiana). Aqui na Inglaterra não é 100% seguro, existem roubos, mas nada comparado com o Brasil, aqui a vida ainda tem valor, dificilmente você vê um assalto a mão armada.
O transporte e aluguel varia muito de cidade para cidade. Por exemplo: em Londres o custo de vida é bem alto, um aluguel é bem caro, muitos alugam um quarto em um apartamento com estranhos, enquanto em Liverpool com o mesmo valor é possível alugar uma casa inteira apenas para você.
O que você acha que tem no Brasil que não teria preço na Inglaterra? E vice-versa?
Sinto muita falta da minha família e dos meus amigos, mas mesmo quando eu tinha um bom emprego no Brasil isso não me segurou de ir embora. Então mesmo sentindo falta eu não moraria novamente no Brasil.
Que você achou do teu post ter viralizado desse jeito? Acha que mais gente vai pensar em sair do país depois dele?
Eu fiquei surpresa pelo tamanho da repercussão. Tem bastante pessoas me perguntando como que eu fiz para sair mas esse não foi o objetivo que eu fiz o post. Eu sei que muitas pessoas não tem condições (seja financeira ou uma dupla cidadania para permanecer legal no país), então eu fiz isso esperando que de alguma forma mudasse o Brasil sabe?
*Todas as fotos são da Thayana.
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.