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Bilbao BBK Live – shows maravilhosos com perrengue ibérico

Quem escreveu

Amanda Foschini

Data

21 de July, 2018

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Os festivais europeus me deixaram tão mal acostumadas que tinha esquecido que por aqui também tem perrengue. Primeiro, vamos começar do começo. Sem dúvida o Bilbao BBK Live Festival está consolidado como um dos principais festivais da península é sediado no País Basco, na Espanha.

Foto: Divulgação

Ainda não tão badalado no circuito europeu, o festival de 3 dias acontece no meio das montanhas, em Kobetamendi, patrocinado pela cidade de Bilbao e com patrocinadores estratégicos como a Heineken, Puma e Pepsi. A altura do local oferece vistas espetaculares e o barulho pode se manter distante das áreas urbanas. Como resultado, o festival  é daqueles que começa tarde (sério: lá pelas 20 horas as pessoas estão chegando…) e continua pela manhã. É um grande contraste para muitos festivais do Reino Unido que têm um toque de recolher rigoroso às 23h00, falamos sobre ele nesse post aqui.

SHOWS QUE EMOCIONARAM

Foto: Tom Hagen

O que me levou lá, além de não conhecer o país basco, foi o line-up. O show que mais me emocionou foi o do David Byrne, já que nunca imaginei que fosse ver músicas do Talking Heads ao vivo.  Ele mostrou toda a potência de sua carreira multi artística mesmo embaixo de uma chuva torrencial. Apesar da chuva, foi um show espirituoso com momentos marcantes como no hit ‘Once in a Lifetime’, com seu coro e pulsar africano para lavar a alma de uma plateia de mais de 35. Sim, eu chorei.

A sonoridade etérea e colorida do repertório continuou com “Everyday is a miracle” e David mesclou bem as músicas de Talking Heads com seu álbum “American Utopia”, mostrando ao seu público sua versatilidade e experiência no meio de uma line up de muitos artistas mais jovens.

Foto: Tom Hagen

Outro show que surpreendeu foi o Benjamin Clementine, super performático para uma tarde de sexta. Os críticos não falaram tão bem, mas foi a primeira vez que vi e amei. Segundo alguns especialistas, embora Benjamin tenha o porte físico de Nina Simone, o show foi mais discreto, uma mistura de piano bar e free jazz.

Foto: Jordi Vidal

The XX teve toda uma participação especial na semana. Eles fizeram o Night and Day, com o Jamie XX tocando (que foi menos incrível do que parecia, eu tinha toda uma expectativa por ser no Guggenheim). Mas o resto banda estava dançando ali no meu lado no meio da galera e sem ser importunada. Além de terem feito um show incrível no dia anterior para 400 pessoas – esse sim, valeram todos meus 50 euros, elevados à potência da atual cotação do real. No BBK provavelmente foi o palco mais lotado do segundo dia. 

Foto: Jordi Vidal

Falando em lotação – uma que eu não esperava – era a quantidade de pessoas por metro quadrado na tenda que tocou o  Fischerspooner: naquele look couro rasgado e uma acrobata fazendo coreografias impossíveis de serem imitadas. A fórmula inusitada funcionou e fez todo mundo dançar em suas sepulturas. 

Noel Gallagher – que já não tenho aquela simpatia toda –  fez um show com aquela empolgação de quem está esperando na fila para autenticar uma xerox no cartório. Mas quando tocou Oasis, todo mundo cantou junto. Mesmo que você não curta, não tem como não acompanhar Wonderwall com a boca, né?

Foto: Tom Hagen

E por último show de todos, valem as palmas para Damon Albarn, comandante da nave Gorillaz, que comandou um show multirracial, empolgante e musicalmente rico: pop com dub, guitarra acústica e até uma keytar, incluindo participações como a de Benjamine. Damon comentou com o público que seus pais tinham vindo a Bilbao para vê-lo: e os coitados ficaram até 3 da manhã – sim, era a hora que acabavam as últimas atrações. Eles fecharam o set com um “Clint Eastwood” tocado melodicamente e fazendo todo mundo terminar o show com um sorriso no rosto.

Pra mim a cereja do bolo era o palco BASOA, que significa bosque em basco. Em meio à floresta com uma iluminação linda e lineup incrível, era para brincar de ser ninfa e dançar até, literalmente, amanhã.

BILBAO, UMA EXPERIÊNCIA

Foto Kristian H

É impossível falar sobre a experiência em Bilbao sem mencionar sua atração mais famosa: o Museu Guggenheim, irmã do Solomon R. Guggenheim em Nova York. Projetada pelo lendário Frank Gehry, autor da também lendária Louis Vuitton Foundation em Paris), a obra-prima arquitetônica é a meca dos amantes da arte, que abriga obras de Jean-Michel Basquiat, Mark Rothko e Cy Twombly, e nomes contemporâneos como Ai Weiwei. O museu e outras atrações da cidade eram um ótimo passeio para quem guardava energia para as manhãs e tardes antes dos shows começarem.

O próprio edifício do museu – guardado pela escultura “Puppy”, o terrier gigante de Jeff Koons – que é o evento responsável pela origem do fenômeno conhecido como Efeito Bilbao: um processo de renovação urbana que acontece quando “edifícios espetaculares de arquitetos famosos são usados ​​para revitalizar cidades pós-industriais em dificuldades e colocar seu nome no cenário global”. Essa abordagem evidentemente funcionou no caso de Bilbao, mas não de outras cidades que tentaram replicar a fórmula.

NEM SÓ DE LINE UP

Foto: Divulgação

Essas e outras peculiaridades de Bilbao fazem a experiência ser incrível, mas vou comentar que chegando à 13a edição, o festival já deveria ter resolvido alguns problemas básicos.  O evento era cashless, ou seja, os recursos financeiros eram teoricamente recarregáveis pelo aplicativo do evento. Mas a tecnologia não funcionou e ninguém conseguia pedir nada. O evento ficou um caos e as filas ficaram quilométricas. Eu, particularmente, até agora não consegui pegar meu dinheiro que sobrou no cartão de volta e acredito que isso deve ter acontecido com várias outras pessoas.

O ônibus era de graça, mas te deixava em torno de 20 minutos em um local muito íngreme, ou seja, só quem está em ótima forma física pode frequentar o festival. Em relação à hospedagem, comentei no post sobre o festival que a maioria dos eventos tem oferecido opções para todos os bolsos e confortos, e o BBK não foi diferente. No entanto, o glamping que resolvi usar, apesar de ser realmente uma gracinha, não tinha a infraestrutura esperada para o tipo de hospedagem: 1 hora para conseguir comprar um café e 1 hora e meia para comprar comida, sem ter qualquer alternativa além de ficar na fila, no sol. SDDS PINTXOS DE BILBAO.

As dicas se você quiser ir próximo ano? Fique na cidade em um bom hotel, recarregue sua pulseira dias antes do evento no app,  e pegue táxi para chegar ao evento. Daí, é só ser feliz.

Quem escreveu

Amanda Foschini

Data

21 de July, 2018

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Amanda Foschini

Jornalista paulistana hiperativa que às vezes puxa o R lá do interior. Viciada em música, açúcar, livros e praia. É mais feliz no verão, acredita nos reviews do Foursquare e sempre dorme no meio filme. Há 5 anos, vive um caso de amor (correspondido) com Barcelona.

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