Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Texto por Alexandre Hinterholz
A primeira noite do festival ADE 2018 já estava programada, mas por um lindo atraso da companhia aérea, caímos em uma sequência interminável de conexões que só nos fez chegar no meio da madrugada. Aí foi descansar e acordar em frente ao canal para começar pra valer o nosso ADE.
E começamos com os dois pés direitos:
Orbital
O retorno definitivo do Orbital é um presente a todos. O set up dos irmãos Hartnoll trazia bastantes novidades, o que parecia renovar ainda mais a vibração deles nos decks. O público que lotava o Paradiso respondia em mesmo tom desde os clássico até o último single. Uma prova em gritos da atemporalidade do projeto.
A sexta-feira pediu uma parada estratégia a caminho do DeLaMar Theater.
Masterclass with Joyce Muniz: Making Beats on the Road
Quando Joyce Muniz aceitou o convite da Native Instruments para o workshop, não planejava muito o que iria apresentar. Mas isso se provou super assertivo quando começou o seu Sound Lab. Uma instalação super intimista criou um clima de conversa on tour com os participantes, com a pequena notável Joyce Muniz mostrando como materializar os pulsos criativos quando está longe de casa, em bases para novos trabalhos.
The Enduring Relevance and Power of Music Videos
A importância dos materiais em vídeo para potencializar os lançamentos musicais chegou a um novo patamar, quando David Koster (Topnotch, Ixia Verdooren, Warner Music), Paul Natale (XITE), Tom Wiltshire (Boiler Room) apresentaram seus trabalhos. Vídeo hoje se torna mais tangível aos consumidores e principalmente, uma estratégia de interação com as bases de fãs. Muito bacana também perceber a valorização de materiais de acervo, como o projeto XITE, e o 4:3, vale conferir.
Futurism and Techno: A Discussion With Techno’s Originator Juan Atkins
Esse painel foi uma das melhores surpresas do ADE. Antes de conseguir recolher meus materiais e sair do painel sobre Music Videos, vejo a lenda do Techno Juan Atkins entrando na sala. Não era hora de sair. Atkins começou a discutir sobre a influência do cosmo no nosso comportamento, seu reflexo direto em grandes líderes sociais e como isso guia nossas visões sobre arte como instrumento de transformação. O techno é uma ferramenta para quebrar paradigmas, inclusive na maneira como imaginamos os instrumentos.
Aproveita e dá uma conferida no projeto AMBEO, da Sennheiser.
Audio Obscura X Stephan Bodzin
O local do evento – Scheepvaartmuseum – já era uma atração à parte, mas o live de Stephan Bodzin é sempre um ótimo convite. O andar principal parecia tentar chegar ao céu artificial da imensa claraboia em todas as 4 horas em que Bodzin tocou e se manteve lá em cima com a entrada de Patrice Bäumel, até o dia nascer. Levou algum tempo para descobrir a outra pista, onde Luna Semara e Nicolas Masseyeff tocaram praticamente sobre as águas.
*Foto destaque: Fotograafniels.nl | Niels de Vries – divulgação ADE
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.