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Design transformador: um papo com Daan Roosegaarde em São Paulo

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

04 de July, 2017

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Todo mundo quer inovar. ‘Todos querem experimentar, trazer algo diferente, algo significativo para as pessoas.’- começou a falar Daan Roosegaarde em São Paulo no Wired Festival – ‘mas basta você trazer uma nova ideia para seu chefe, sua mulher ou sua avó, a resposta é normalmente “Sim, mas…”‘.

‘Essas duas horríveis palavras são as mais irritantes do vocabulário. São destruidoras da criatividade e esperança humana.’ É assim que ele lidera um dos estúdios de design mais inovadores do mundo. Tanto esse conceito é implementado no seu dia a dia que, em um de seus projetos inusitados, ele criou uma cadeira que dá um choque cada vez que alguém fale “Yes, but…”. É uma prova do conceito do que ele acredita. Em vez da tendência de colocar obstáculos a boas ideias, as pessoas deveriam focar em como irão fazer acontecer: “OK, e como vamos fazer isso?”.

Dan Roosegaarde fala no Wired Festival. Foto: Vanessa Mathias
Dan Roosegaarde fala no Wired Festival. Foto: Vanessa Mathias

Roosegaarde acredita em design como ferramenta de inovação social – o design útil e para as pessoas. E seus projetos tem um certo quê excêntrico.

Smog Free Project. Foto Divulgação

Em sua última empreitada, Smog Free, ele levou à China uma grande torre que literalmente suga fumaça e poluição ao seu redor. Não é apenas funcional para a pequena comunidade ao redor da torre, mas também traz atenção a um assunto extremamente relevante: quando foi que abrimos mão do direito a respirar? A poluição não deveria ser aceitável. Por que aceitamos? A torre é tanto uma escultura pós-moderna como um “captador” de poluição e dejetos.

Olhando para todos os baldes de poluentes que estavam coletando, Roosegaarde e sua equipe tiveram uma outra ideia. Mais de 40% dos poluentes eram de carbono, e ‘colocando o carbono sob alta pressão, você pode fazer diamantes’, pensou, ‘e isso é deveras interessante.’ Ou seja, eles começaram a produzir jóias a partir desses dejetos, e o retorno financeiro da venda das jóias (nada mais que vidro com poluição empacotada) voltou para o projeto, com o objetivo de construir mais torres anti-poluição. ‘Muito mais romântico pedir alguém em casamento com uma jóia que gerou impacto positivo no planeta em vez de guerras sangrentas na África, não?’ ele questiona.

Smoge Free Bikes. Foto Divulgação

Outro projeto dessa linha é o Smog Free Bike – com bicicletas “anti poluentes”. Essas bikes sugam o ar poluído, e criam impacto positivo em uma escala urbana maior. Ainda falando em bicicleta, você pode ter visto um dos projetos dele mais famosos (que até falamos aqui): o caminho iluminado e estrelado de bicicletas, inspirado em Van Gogh:

Em outra inovação extravagante, ele transformou o centro de Amsterdã em um oceano através da iluminação. O objetivo era resgatar o DNA intrínseco do povo holandês: lembrando que o país fica abaixo do nível do mar. Roosegarde transformou essa sensação em arte. Waterlicht foi uma instalação lúdica no centro da cidade, que combinava poesia e água, e consistia em linhas onduladas de luz feitas com LEDs, um software e lentes. A inovação é uma parte natural do DNA da paisagem holandesa, de um lado com seus diques, e do outro com o pensamento e design criativo.

Procurando mais uma forma de falar sobre design e energia, dessa vez indoor, ele também construiu uma pista de dança interativa que gera eletricidade através dos clientes dançando. Foi o estúdio Roosegaarde que criou o design e conceito de interação do primeiro Dance Floor Sustentável, que foi copiado ao redor do mundo. A ideia por trás é que as atividades humanas diárias devem gerar energia.

No Wired Festival tivemos a oportunidade de bater um papo rápido com o designer.

Como é que você tira essas ideias do papel? Há financiamento, cliente por trás?

“Qualquer inovação passa por 3 etapas: na primeira as pessoas falam que não vai dar certo. Assim que você prova o conceito, elas falam “Sim… mas…”. Há poucos loucos que passam dessa fase, e o mundo precisa de mais pessoas obstinadas. Por último, a terceira frase é “Por que não pensamos nisso antes?”  Depois que a coisa está feita, é fácil pensar retroativamente.. Precisamos de mais gente querendo de verdade mudar o mundo, resilientes e persistentes. Nesse sentido, financiamento e cliente é o de menos. Pessoas obstinadas vem primeiro.”

E o quais problemas sociais você poderia resolver em São Paulo através do design?

“A melhor pessoa para resolver o problema através do design é quem tem o problema. A pergunta que eu faria é: o que é que os paulistanos, ou mesmo seus amigos, poderiam resolver na cidade através do design?”

Touché, Mr. Roosegard. Ficamos mais fãs ainda.

 

Imagem destaque: Studio Roosegaarde

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

04 de July, 2017

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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