Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Na virada do século XIX para o XX, todos os caminhos levavam para Montmartre, o bairro oficial da boemia francesa. Era fácil esbarrar com pintores, como Tolouse-Lautrec, Van Gogh, Renoir e Degas nos cabarés e ruas do pedaço.
Depois, na primeira década do século novo, um pessoal diferente surgiu no bairro: Pablo Picasso, Amedeo Modigliani, Apollinaire, Juan Gris, Georges Braque, e outros. Sem um tostão furado, eles viviam em ateliês improvisados como o Bateau Lavoir, soit dit en passant, lugar onde nasceu o cubismo.
Com o passar dos anos, esses artistas foram se deslocando mais para a margem esquerda do rio Sena. Lá os aluguéis dos ateliês eram mais baratos e existiam cafés menos sofisticados. O novo bairro era Montparnasse (inspirado no monte Parnaso, montanha grega, morada do deus Apolo e de suas nove musas). O nome não poderia ser mais adequado, não?
Nos anos de 1920, conhecidos como Les Années Folles (os anos loucos) e na década seguinte, Montparnasse era o ponto de encontro de artistas, escritores e compositores vindos dos quatro continentes. Inclusive os brasileiros Emiliano Di Cavalcanti, Cícero Dias, Tarsila do Amaral e outros.
Surgiram os ateliês coletivos, como La Ruche, e ruelas com ateliês de artistas, entre elas a Avenue du Maine, onde esteve o Musée du Montparnasse e agora é Villa Vassilieff. As grandes academias de arte também se instalaram em Montparnasse, como a Grande Chaumière (em funcionamento até os dias atuais), a Colarossi e a Ranson (fechadas nas décadas de 1930 e 1950, respectivamente). No mesmo período, foi criada a Cidade Internacional Universitária de Paris. O objetivo era favorecer as trocas entre estudantes do mundo inteiro. Hoje, são 40 edifícios que atendem cercada de 10 mil estudantes.
Nos bares e cafés se reuniam filósofos, artistas, escritores, modelos e prostitutas para beber, dançar, conversar e se atualizar sobre as novas tendências. Esses cafés e bares ainda estão por lá e em plena atividade: La Rotonde, Le Dôme e La Coupole são exemplos vivíssimos. Nesses lugares nasceu o surrealismo.
Os arredores do bairro serviram e continuam servindo como fonte de inspiração para muitas obras de arte. Entre elas, a Gare de Montparnasse, uma das 6 grandes estações de trem de Paris. Nas pinturas de Giorgio De Chirico, a Gare de Montparnasse sempre surge poderosa. Ela faz as ligações de Paris para as cidades de Tours, Bordeaux, Rennes e Nantes, além de ser uma estação de metrô (Montparnasse-Bienvenue).
Num lugar de tanta vida, duas atrações do bairro se ligam ao “império da morte”: as catacumbas abertas ao público desde o século XIX e o cemitério, onde estão enterrados Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Por último, a Tour Montparnasse, a segunda torre mais alta da Europa, com 209 metros de altura, domina o bairro. O bar, restaurante e observatório no último andar oferecem uma vista panorâmica de Paris. Mas não se engane, ela foi construída, em 1973. Muito depois dos nossos artistas terem desbravado o Monte Parnaso!
Fotografia destaque: Montparnasse. Foto: Spry. Flickr.
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
Ver todos os postsMaravilha de artigo!!!
Obrigada, Lulu! Você leu o post sobre Montmartre? Acho que está bacana também!!! Beijos.
Alecsandra o Antônio Bandeira e o Caciporé frequentaram muito a boemia parisiense.
Parabéns pelo seu artigo.
E não é, Flávia! Esses artistas brasileiros abalaram Paris! Beijos
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