Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Depois do super bem sucedido Pitico, a turma do grupo do Pita Kebab resolveu investir pesado na pequena Rua Guaicuí, no Baixo Pinheiros. Só em 2017, eles já abriram duas casas novas, fugindo um pouco da excelente comida árabe que eles fazem tão bem há mais de 10 anos. É o caso do Mica, um micro-restaurante que faz uma deliciosa mistura de influências asiáticas com a gastronomia de vários países.
Para começar, e mudando completamente o clima dos outros restaurantes do grupo, o Mica é tão pequeno que dentro não tem nenhuma mesa. Apenas um grande balcão, onde cabem até 16 pessoas, corta o espaço longitudinalmente, dividindo-o com a cozinha em linha, no melhor estilo dos izakayas japoneses. As poucas mesas disponíveis ficam do lado de fora, na calçada.
O cardápio também segue a linha minimalista oriental. As opções estão divididas em três grupos, cada um com um único preço: as porções ($14), os acompanhamentos ($6) e os sanduíches ($16). É tudo baratinho, mas os pratos são todos pequenos. Deve ser de propósito, porque dá vontade de experimentar tudo. E acho que a ideia do programa lá é exatamente esse, ficar petiscando, dividindo tudo, e jogando conversa fora. O meu bate-papo foi embalado por um escabeche de lula bem macio, um ceviche surpreendente com bifum e castanha de caju, um guioza de mexilhão muito saboroso, e fechando com o thai karaage, cubos de frango frito picante com um molho agridoce de comer de joelhos. Tudo vem servido em pequenos bowls de cerâmica rústica para se comer com hashis.
Fechando a refeição, ainda me arrisquei com um dos sanduíches, que vem todos no bun, um pão chinês cozido no vapor, do tamanho de um pão de queijo grande. O recheio pode ser de porco, peixe ou vegetariano. Eu fiquei com o primeiro, um lombo empanado que derretia na boca. E só com isso eu confesso que já estava satisfeito.
Mais elaborada, e um pouco mais cara, a carta de drinks também faz bonito, com receitas um tanto curiosas. Tem drink de cachaça com abobrinha e cardamomo, de soju (destilado de batata doce) com beterraba e wasabi, e até um que leva rum com kimchi (acelga fermentada). Eu fiquei com o refrescante Surya, de gim com gengibre e folhas de shiso. Complementam a carta sakês e outros destilados japoneses, cervejas japonesas e tailandesas, e alguns sucos com um pé no oriente.
A experiência de comer no Mica é toda não só saborosa, mas instigante. São tantas misturas inusitadas, ingredientes tão diferentes em receitas tão simples e comuns, que você se sente desbravando um novo mundo culinário. E estar sentado cara-a-cara com os cozinheiros, que te contam cada detalhe dos pratos que servem, faz a refeição virar quase uma aula. O único drama no Mica é conseguir lugar, já que ele é tão enxuto. O bom é que, se a fila estiver grande demais, você sempre pode migrar para o Pitico ou para o Buraco Quente, dos mesmos donos, e no mesmo quarteirão.
Mica
Rua Guaicuí, 33 – Pinheiros
(11) 3360-2608
De terça a domingo, das 12h à 0h.
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.