Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Todo ano, o MIS reserva um espaço na agenda para dedicar todos seus espaços para a arte da foto. Já estamos quase no meio do mês, mas ainda dá tempo de conferir o Maio Fotografia, que junta nada menos que 7 exposições de uma vez. Tem para todos os gostos e, posso falar, é imperdível.
A mais sensacional delas, na minha humilde opinião, é a Revista Camera – A fotografia dos séculos XIX e XX. A publicação suíça foi uma das mais importantes do meio desde os anos 20, e teve seu apogeu quando Allan Porter virou editor em 1966. Até a última publicação, em dezembro de 1981, Porter não só virou um grande crítico e descobridor de talentos, como também montou um acervo pessoal impressionante. Sua coleção foi adquirida pelo psiquiatra e professor da Universidade de Zurique Wulf Rössler em 2015, e foi ele próprio quem procurou o MIS para oferecer o material para a mostra. Em contrapartida, o museu se responsabilizou pela higienização, catalogação e acondicionamento das fotografias. Saca só o time que aparece por lá: Cartier-Bresson, Aleksander Rodchenko, Man Ray, Larry Clark, Diane Arbus, André Kertész, Sarah Moon, e muitos, muitos outros. Quem gostou de ‘Só Garotos’, da Patti Smith, só de conferir o retrato dela que o Mapplethorpe tirou já vale toda a visita.
No espaço ao lado, a exposição Farida, um Conto Sírio é para corações fortes. Mauricio Lima vem cobrindo conflitos mundiais e as consequências deles na vida de pessoas comuns desde 2003. Em 2015, ele passou mais de um mês entre o norte da Síria e o Iraque, e de lá partiu para uma jornada de 6 meses seguindo o caminho dos milhões de refugiados que buscam asilo na Europa. Passou por Turquia, Grécia, Bulgária, Macedônia, Sérvia, Croácia, Hungria, Áustria, Alemanha, Suécia e Noruega, e viveu na pele o sofrimento das pessoas que não tem para onde ir e não podem voltar para casa. No trajeto, ele se aproximou da família Majid, e os acompanhou desde os primeiros campos de refugiados até chegarem a seu novo lar em Karlstad, na Suécia, onde nasceu a mais nova integrante, que dá nome à mostra. Mauricio recebeu o Prêmio Pulitzer pelo trabalho no ano passado, se tornando o primeiro brasileiro condecorado. Impossível não se emocionar.
No térreo, o destaque é a pequena mais fascinante individual de Giullia Paulinelli, entitulada Passagens da inocência. A fotógrafa trabalha a nudez de forma totalmente desprovida de sexualidade ou pudor. As figuras retratadas são despidas de julgamentos com a sua passividade, e parecem se entregar aos cenários etéreos e misteriosos, desconsiderando o observador. São só 12 fotos, mas todas com uma carga estética e emocional muito fortes.
Além disso, com o mesmo ingresso você ainda vê Caçador e construtor, com fotos do próprio acervo do MIS, e a mObgraphia Cultura Visual, que reúne três exposições: Avessos e paradigmas, com obras dos veteranos German Lorca, Maureen Bisilliat, Nair Benedicto e Penna Prearo fotografando pela primeira vez com celular; A arte da observação urbana, do coletivo internacional Hikari Creative, formado por premiados fotógrafos internacionais, com suas produções feitas por smartphones, e a segunda edição do Festival Latino-Americano de Mobgrafias (FLAMOB), que apresenta fotografias premiadas em seis categorias ─ arte em mobgrafia, documental, retrato, street, preto e branco e paisagem.
Com certeza tem alguma coisa lá que você vai gostar. Aproveita que todas as exposições ficam em cartaz até dia 28 de maio.
Maio Fotografia no MIS 2017
Av. Europa, 158 – Jardim Europa
Terça a sábado, das 12h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h.
Ingresso $6 (inteira) e $3 (meia)
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.