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Quando penso em Amsterdã, o seu centro nervoso tremendo com tanto turista é o que me vem à mente – e é do que mais quero fugir quando estou na cidade. Mas é nesse miolo que se encontra praticamente tudo que a maioria dos viajantes procura por lá. Há tempos eu não arriscava me hospedar em meio a esse burburinho. Mas com uma semana disponível na agenda, eu decidi dividir minha estadia em três áreas diferentes, incluindo a área central, onde me hospedei apenas na primeira vez lá, em 1997.
Cada uma das experiências rendeu sensações diferentes, mas o prêmio de melhor foi para o hotel butique Kimpton De Witt, que fica exatamente no coração da cidade, ao ladinho da Estação Central. Eu cheguei de trem em Amsterdã, o que foi sensacional, pois segui a pé para o hotel numa caminhada de exatos seis minutos. A facilidade de locomoção para qualquer canto que eu quis ir ganhou pontos extras, somada ao conforto, facilidades e serviços que o hotel oferece. E não é pouca coisa.
O Kimpton De Witt abriu suas portas em Amsterdã no último mês de maio, sendo o primeiro da rede hoteleira norte-americana em solo europeu. O hotel é perfeito para quem busca conforto, gosta de design e luxo (acessível) sem ser cafona.
A fachada é bem discreta e quase passa despercebida por quem anda pela movimentada Nieuwezijds Voorburgwal. Numa pequena escada com um jardim vertical, um neon avisa: “breathe”. Perfeito para lembrar que atravessando aquela porta você poderá relaxar depois de um dia intenso na cidade. A recepção é ampla, arejada e toda envidraçada, oferecendo uma ótima vista para a rua. O check-in foi bem agilizado e rendeu um upgrade de um quarto standard para uma das quinze suítes do hotel. Motivo? O hotel estava lotado.
Já com as chaves na mão, o atendente nos levou para um passeio pelas áreas comuns do hotel explicando o seu funcionamento e serviços. Depois nos acompanhou até o quarto para mostrar rapidamente as facilidades que ele oferece. Duas amenidades contam mais pontos extras ao hotel. A primeira é o “Wine Time”, que acontece diariamente às 17 horas, e é um happy hour com degustação de vinhos selecionados para os hóspedes, acompanhado de comidinhas. Outro ótimo benefício é o empréstimo de bicicleta. E não é qualquer bicicleta, é uma VanMoof. Quem tem uma bicicleta em Amsterdã, tem tudo. Isso traz uma boa economia, pois o transporte público na cidade não é barato e é possível rodá-la em cima de duas rodas numa boa. A dica é: atente às regras para pedalar sem fazer feio.
A segunda (boa) surpresa veio ao saber que nossa suíte estava no prédio mais legal entre as três construções renascentistas que o hotel ocupa. A Casinha, como é chamado o anexo, tem somente quatro andares. Para chegar nele é necessário ir pelo prédio principal, atravessar uns corredores, descer uma escadinha e cruzar um pequeno e estreito corredor. Isso dá a sensação de estar num hotel menor e ainda mais aconchegante do que ele é, afinal o Kimpton De Witt tem 289 quartos, o que não é pouca coisa. Este prédio anexo é datado de 1500 (!!!) e teve um morador famoso, o dramaturgo holandês P. C. Hooft (1581-1647). A área foi criada especialmente para eventos em grupo, como casamentos, por exemplo. Ele conta com um espaço para eventos, sala de estar com bar separados do restante do hotel, no seu 1º andar. Privacidade total é o que se tem ali. Eu só pensei mesmo no que seria ter todos os amigos, que estavam na cidade, hospedados ali comigo com espaço para festinhas particulares. Mas não rolou.
O design e a decoração do hotel saltam aos olhos. São cheios de referências da arte abstrata do movimento De Stijil, com suas cores e formas no carpete, na pintura das paredes, nas almofadas e luminárias. Móveis e objetos bem escolhidos, sofás amplos e confortáveis espalhados por um grande lounge no térreo. Ainda no térreo há também uma área aberta com grandes cadeiras de balanço de palha penduradas, sofás e mesas em meio a um jardim suspenso. Os azulejos holandeses azuis e brancos também estão presentes, tanto no acabamento do lobby, como nas paredes dos banheiros dos quartos.
Quem, como eu, adora (e repara) nas amenidades do banheiro vai gostar dos produtos de banho e beleza escolhidos, todos da marca local Marie-Stella-Maris. Você vai querer encher a mala depois com esses produtos. O quarto ainda tem um mat disponível para quem não deixa de praticar yoga mesmo quando está na estrada. O hotel tem também uma academia funcionando 24 horas por dia para quem não abre mão em cuidar da boa forma nas férias. Vai viajar e quer levar o cachorro? No Kimpton você pode e eles ainda oferecem caminha e potes para água e comida. Vamos concordar que hotel que aceita que a gente se hospede com o cachorro é muito amor.
O hotel conta com o Wyers Bar & Restaurant, anexo a ele, todo modernoso com receitas norte-americanas, numa homenagem ao país de origem da rede. Para comidinhas rápidas e um bom café, eles contam com o Miss Louisa Coffee & Beignets, onde você compra e leva para comer enquanto caminha ao lado de um dos diversos canais espalhados pela cidade. O único ponto fraco para mim no geral foi o café da manhã, que é bom, mas não muito generoso.
Apesar da pompa que cerca a rede Kimpton, o hotel tem tarifas para quase todos os bolsos. Se você é um viajante com verba enxuta, ele não será dessa vez para você, já que nosso R$ defasado está quebrando nossas pernas na hora da conversão. Mas a partir de 162 euros já dá para se hospedar bem nele. Quem está indo para Amsterdã pela primeira vez, a localização é perfeita já que, provavelmente, a maioria dos lugares que vai querer conhecer estão distantes o suficiente para ir a pé ou de bicicleta.
Kimpton De Witt Amsterdam
Nieuwezijds Voorburgwal, 5, 1012, Amsterdã
Tarifas: a partir de 162 euros
*Nos hospedamos no Kimpton De Witt Amsterdam a convite do Kimpton e da Press Pod, mas a opinião sobre o hotel é totalmente pessoal.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.