Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Passear pelas ruas de Bucareste é uma aula de história. É possível aprender muito da sua história apenas andando pelas vielas e observando suas construções. Se no guia anterior nós falamos sobre o centro antigo, com a maioria das construções pré-segunda-guerra, neste segundo guia falaremos um pouco sobre a época da ditadura comunista, que durou de 47 a 89.
Terminando a II Guerra Mundial, a Romênia, que lutou parte da guerra do lado da Alemanha, foi logo ocupada pela União Soviética. Com isso veio a pressão para que se instalasse um governo pró-comunista. Muitos dizem que o intuito na época nem era se tornar um país de esquerda, mas temiam que, em não seguindo esse caminho, o país fosse dividido. Foi então que em dezembro de 1947, o rei Michael abdicou e nasceu a República Popular Romena. Em 1965 o nome foi trocado para República Socialista da Romênia e neste mesmo ano Nicolae Ceaușescu assumiu o cargo de secretário geral do Partido Comunista.
O começo dessa nova etapa socialista, foi, é claro, difícil. Além das esperadas prisões e mortes, o país pagava impostos de reparação de guerra e foram construídas ali as SovRoms, empresas que deveriam gerar dinheiro para a reconstrução interna, mas que no final eram usadas para que produtos romenos fossem levados a União Soviética a preços de custo. Nos anos 50, porém, o país ganhou mais independência, as tropas soviéticas deixaram solos romenos em 1958 e a repressão interna se tornou mais leve. A intensa política de industrialização também melhorou a qualidade de vida da população.
Último discurso de Nicolae Ceaușescu
Porém, tudo começou a mudar novamente nos anos 80. Os planos megalomaníacos de Ceaușescu fez com que a população passasse por racionalização de gás, energia e comida porque ele decidiu nessa mesma década pagar toda a dívida do país e construir o maior edifício governamental da Europa. É claro que a população não ficou feliz e os protestos começaram. Tudo se intensificou em 1989 e no dia 21 de dezembro, o presidente foi vaiado e expulso do palanque durante um discurso. Com os protestos tomando conta de todo o país, ele fugiu mas 3 dias depois foi capturado.
No natal de 1989, ele e sua mulher Elena foram condenados e executados. Tudo foi televisionado e fotos do casal foram publicadas em jornais. Isso porque o caos no país estava tão intenso que achavam que se não provassem que o ditador estava realmente morto, a população não acreditaria e os protestos continuariam.
É impossível começar esse guia sem falar do Palácio do Parlamento. É o segundo maior prédio administrativo do mundo, apenas perdendo para o Pentágono, com uma área de 365 mil metros quadrados e custo de energia e aquecimento de 6 milhões de euros por ano. Em 1977, Bucareste sofreu um terremoto e parte dos prédios da cidade ficaram em condições precárias. Ceaușescu aproveitou o episódio para começar seu plano de reconstrução, chamado de Projeto Bucareste. Para alguns, a situação não era tão ruim assim, dizem que ele usou o terremoto como desculpa para seus planos. A inspiração veio da Coréia do Norte e suas ruas gigantes. O concurso para a construção do projeto foi da arquiteta Anca Petrescu, que tinha apenas 28 anos na época. A construção começou em 25 de junho de 1984. A estrutura ficou pronta em 1989, mas com o fim da ditadura, o prédio levou outros 15 anos para ser terminado oficialmente.
É importante frisar que a construção teve o empenho da população de todo o país. 5 milhões de romenos trabalharam direta ou indiretamente na construção do palácio. As crianças precisavam levar nos meses quentes – abril a setembro – folhas para alimentar os bichos de seda para as cortinas e papel de parede. Levavam também vidros e plásticos para serem reciclados e usados.
As visitas podem ser agendadas diretamente com o Parlamento por telefone, para até 9 pessoas ou via e-mail para mais. Mais informações no site.
A Praça da Revolução fica na rua Victoriei e, antes de 1989, era chamada de Praça do Palácio. A praça sempre foi ponto central na cidade, ali ficam o antigo Palácio Real, que hoje é o Museu nacional de Arte da Romênia, o Ateneu e a Biblioteca da Universidade de Bucareste. Foi também onde ficava a sede do Partido Comunista e de onde Ceaușescu fazia seus discursos, inclusive o último quando a população se rebelou contra ele. Hoje esse prédio é ocupado pelo Ministério do Interior e Reforma Administrativa.
A área foi o principal palco da revolução de 89, desde o discurso de Ceaușescu, até depois quando a população foi recebida por balas. A história aliás é bem mal-contada, atiradores começaram a disparar contra as pessoas e a polícia disse que haviam terroristas na rua e por isso interviu.
Outra polêmica envolve a praça: a escultura principal do Memorial do Renascimento, que conta com um pilar e uma coroa de metal no topo, deveria representar a vitória do povo frente ao comunismo. Ganhou o apelido carinhoso de “batatão”. Além do projeto ter sido superfaturado a maioria dos romenos acham que ele é uma representação muito abstrata do que deveria ser. A marca de sangue foi um protesto, não estava no projeto inicial.
Lembra quando falamos que um terremoto fez com que Ceaușescu demolisse boa parte da cidade? Muitos dos prédios históricos foram demolidos para dar espaço para a Avenida Unirii (Avenida União). Ela foi a resposta romena a Champs Elysées e tem 3 mil e quinhentos metros de extensão. Em meio a chafarizes, dá para ver no fim da avenida o Parlamento. Dá para observar na avenida os apartamentos populares construídos para a população.
Veja os outros mini-guias de Bucareste:
–
Viajamos a Romênia para participar do Experience Bucharest, um projeto que visa promover o turismo na cidade. Usamos o seguro viagem da GTA – Global Travel Assistance (Facebook).
A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.