Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Era véspera do meu aniversário e tudo que eu queria era um jantar de comida boa de verdade. A badalação de Pinheiros, as filas do Itaim, a distância da Móoca, nada disso superava o cansaço daquela sexta-feira à noite. Foi assim que virei um pouco a bússola e acabei no Des Cucina, um tiro no escuro que acertou na mosca!
Numa rua relativamente tranquila de Perdizes, o restaurante em si não chama muita atenção de fora. É pequeno, tem uma decoração simplinha mas charmosa, e aquela porta de vidro com cara de bistrô francês. Uma vez lá dentro, nada disso importa. A estrela é o menu, que faz qualquer um salivar, e que não decepciona na entrega. O chef Sergio França, depois de 20 anos trabalhando ao lado do celebrado Sergio Arno, saiu em voo solo para mostrar tudo que aprendeu da cozinha italiana tradicional e dar um toque pessoal bem especial.
Quando chegamos, o salão estava cheio, então aproveitamos a espera para sentar no bar para tomar um trago de comemoração, e experimentar alguma entrada. Me arrisquei na sugestão do barman, e comecei com um drink à base de capim santo, gengibre e gim. Saboroso e refrescante, mas acabei continuando com um tradicional Moscow Mule, perfeitinho, bem gelado, na caneca de cobre e tudo. Estava tão bom que acabei deixando para lá a carta de vinhos com mais de 70 rótulos. Ainda no bar, abrimos os trabalhos com a sugestão do próprio barman: tartar de atum com creme de burrata e tangerina. Só aí eu já estava rendido.
Em menos de meia hora, já fomos levados para a mesa – lembrando que era uma sexta-feira, e que estava fazendo frio pela primeira vez no ano. As opções no cardápio eram tão atrativas, que pedimos um couvert para ter tempo de decidir com calma. E até aí o cuidado era grande. Os pães eram frescos e bem bons, ainda mais acompanhados por um vinagrete de tomate comum, mas delicioso. Entre os pratos, chamavam atenção o agnolotti de burrata e limão siciliano ao sugo, o polvo grelhado com purê de batata com curry e o ravióli de queijo mascarpone perfumado por raspas de laranja ao molho de manteiga e sálvia com pistache.
Acabamos escolhendo o risoto de pato selvagem com laranja, carro-chefe da casa, que é bem servido até demais, mas vem al dente, fumegante e com sabor marcante. E também o prato mais barato do cardápio, o ravioloni recheado com gema de ovo, ricota de búfala, espinafre e creme de manteiga trufado. A cada garfada na massa delicada, com a gema mole se misturando ao molho cremoso, a explosão de sabores era tão grande que revirávamos os olhos. Para finalizar, ainda tínhamos um resto de pão para garantir que os pratos não precisariam nem ser lavados.
O menu de sobremesas também era promissor, com indulgências como petit gâteau de goiabada com sorvete de queijo, semifreddo de mascarpone com farofa crocante de pistache, e o bem falado tiramissú. Mas consideramos que a esbórnia estava completa, e deixamos para provar os doces em uma próxima vez. E posso te garantir que voltaremos.
Des Cucina
Rua Desembargador do Vale, 233 – Perdizes
11 3672.3676
Terça a Quinta das 18h30 às 0h, Sexta das 12h ás 15h e das 18h30 às 0h30,
Sábados e Feriados das 12h às 17hs / 19h às 0h30,
Domingos das 12h às 17hs
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsolá, quantos aos preços do Des Cucina, o q achou? abs!
Marcelo, não posso dizer que é um lugar barato. Os preços dos pratos começam na faixa dos $40 e vão além dos $70. Mas é uma comida muito bem feita, que vale o preço que cobram. A nossa conta, com drinks, deu $150 por cabeça. ;-)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.