Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Eu gosto de ver quando uma nova obra de arquitetura viraliza, porque arquitetura é uma coisa que muita gente não dá muita bola. Então, quando uma construção bomba nas redes sociais, é sinal que podemos esperar algo bem especial. A bola da vez é a impressionante biblioteca inaugurada mês passado no distrito cultural de Binhai, em Tianjin, na China. Mas dá para entender os muitos e muitos posts compartilhados por aí: as imagens da biblioteca, que tem um gigantesco saguão em formato de olho, não passam despercebidas por ninguém.
O projeto do escritório holandês MVRDV tomou a forma do olho humano propositalmente. O centro do átrio de mais de 5 andares de altura é ocupado por um auditório esférico luminoso. Já os limites desse átrio são definidos por quilômetros de estantes que vão do chão ao teto, definindo o espaço vazio como a cavidade ocular. As linhas orgânicas definem degraus de escada que podem ser usados também como bancos, fazendo do espaço uma imensa sala de leitura. As linhas das estantes também se projetam para fora da fachada, definindo brises que protegem o interior dos raios solares.
O partido adotado é justamente criar um ambiente de leitura que convide também ao convívio e à discussão. A biblioteca deixa de ser um lugar de introspecção, para virar palco de interação. Diz-se que na biblioteca cabem até 1,2 milhões de livros, em mais de 34 mil metros quadrados. Além do auditório e do saguão no térreo, o prédio tem ainda salas de estar nos andares intermediários, escritórios e salas de reunião nos superiores, e salas de informática com sistemas de áudio de ponta.
Pelas imagens, é tudo absolutamente impressionante. Dá para entender porque se falou tanto sobre ela. Mas agora começaram a aparecer críticas ao projeto. Alguns sites disseram que a arquitetura espetaculosa do ‘Olho de Binhai’ é na verdade uma farsa. Descobriram que a maioria das estantes não tem livros reais, e sim apenas uma impressão sobre chapas de alumínio perfurado que mostra as lombadas dos livros enfileirados. Parece que na inauguração, até chegaram a colocar blocos de livros esparsos pelas estantes, mas que logo em seguida eles foram levados para salas reservadas, onde eles são guardados em estantes comuns.
A questão toda reside em dois pontos. O primeiro diz respeito à construção. Entre a entrega do projeto do MVRDV e a inauguração do edifício, foram só 3 anos, o que é um tempo considerado ridículo para uma obra desse porte. A pressa acabou comprometendo o projeto holandês, já que o acesso às estantes superiores do átrio seria feito por salas especiais que foram suprimidas por uma decisão da diretoria chinesa. O segundo é uma questão burocrática. As autoridades Tiajin determinaram que o saguão só poderia ser usado como um ‘espaço de circulação, leitura, descanso e discussão’, tirando assim a possibilidade de armazenamento dos livros.
A biblioteca é o primeiro de 5 prédios encomendados pelo Instituto de Planejamento Urbano e Design de Tianjin para formar o novo polo cultural de Binhai. Segundo um porta-voz do MVRDV, eles esperam que ao longo do desenvolvimento do polo, as ideias iniciais do projeto da biblioteca sejam reincorporadas à construção.
Mas independente da polêmica, vamos combinar que o prédio é lindo demais, certo?
*Todas as imagens – Dezeen.com
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.