Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Sempre fico um pouco indignada quando ouço que alguém foi para Washington, D.C. e só passou um dia lá. É minha cidade favorita nos Estados Unidos: a multiplicidade cultural americana é toda concentrada em uma cidade organizada, barata e divertida.
Obviamente, não falta atividade para quem curte história, mas a verdade é que os museus de arte não ficam para trás dos de Nova York. Ou seja: tem para todos os gostos e tem MUITO para mim, estudante de museologia. Só da instituição federal Smithsonian, são 19 museus com entrada gratuita, além do jardim botânico e do zoológico – a cidade é arborizada e o jardim botânico é incrível – fora que existem vários parques nacionais dentro e nos arredores da cidade. É óbvio que um dia só não dá conta de tudo isso!
Tem a parte que é manjadona: a Casa Branca, os monumentos aos presidentes e os memoriais de guerra. A maioria desses lugares ficam em um parque chamado The Mall. O serviço educacional que os guardas do parque oferecem é gratuito e de excelente qualidade – tudo com aquela pitada forte de patriotismo americano, mas quem visita Washington D.C. precisa ter a consciência de que na capital do país, essas “americanisses” não vão faltar. Os horários para os tours são informados no próprio local e acontecem várias vezes por dia. Sempre vale voltar ao Mall no comecinho da noite depois de algumas cervejas e andar entre os monumentos como se você fosse a Olivia Pope em Scandal.
Para quem tem os dias contados na cidade, acho que as visitas aos museus deve ser planejada de acordo com os seus interesses. O museu de arte de que mais gosto é o American Museum of Art , especialmente, a ala de arte contemporânea, cuja coleção é especialmente focada em vídeo-arte, como essa obra do Nam June Paik. O resto do museu pode ser um pouco chatinho, tirando algumas pinturas do Edward Hopper e do John Singer Sargent, mas vale a pena ir para o outro lado do prédio conferir a Portrait Gallery, que tem pinturas de todos os presidentes dos Estados Unidos e das primeiras-damas. No National Archive, além da Constituição Americana e de outros papéis que fundaram o país, tem uma exposição fascinante contando a trajetória da conquista dos direitos civis dos negros, das mulheres e da população LGBTQ.
Como disse, a cidade é um prato cheio para quem gosta de história. Estou especialmente ansiosa para visitar o National Museum of African American Culture and History, que será inaugurado em Novembro de 2016. Em um ano marcado pela violência policial contra os negros e a mobilização de movimentos como #BlackLivesMatter, o museu, criado para celebrar e educar os visitantes sobre a cultura negra dos Estados Unidos, tem o papel de unir o espaço público com o movimento das ruas, um trabalho complexo, que deve ser observado criticamente, mas pode gerar resultados otimistas.
Para a noite, na verdade, não sei de muitas baladas interessantes, mas sei de excelentes restaurantes e bares. Um dos meus favoritos é o Busboys and Poets, uma mistura de bar e livraria que hospeda eventos literários e performances musicais, principalmente focados em artistas e autores negros. O Barack Obama e suas filhas já foram vistos por lá (imagina trombar com eles?). Outra área cheia de lugares interessantes é Adams Morgan, povoada pelos universitários ricos da cidade, que elevam o número de restaurantes, cafés e bares bacaninhas por ali, como o Tryst, que tem um dos cafés mais gostosos que já tomei.
Para comer, sempre que vou para D.C. tenho que passar pelo El Rinconcito Cafe, um restaurante baratíssimo e delicioso de uma família de El Salvador e que fica em um bairro que parece ser o bairro emergente no momento – Shaw -, onde super vale a pena se hospedar. Quando não fico na casa de amigos, fico em um hostel por lá. E se procurar por hotéis pelo bairro, procure por Mount Vernon Square também.
Dos monumentos aos parques, passando pela vida cultural e, principalmente, pelos museus, não se engane: Washington D.C. é uma cidade para ficar pelo menos um final de semana (e ainda vai ser pouco)!
Foto do destaque: Shutterstock – Orhan Cam
A Rebecca nunca mora no mesmo lugar por muito tempo. É formada em Relações Internacionais e e especialista em Museologia. O emprego dos sonhos da Rebecca seria viajar o mundo visitando todos museus possíveis - mas ela não dispensa noites preguiçosas em casa assistindo a séries e filmes enquanto come panquecas no jantar. Ela também gosta de roupas floridas e aconselhar desconhecidos sobre relacionamentos afetivos.
Ver todos os postsTexto muito bom, Rebecca! Que cidade incrível!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.