Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
“Calling all the crazy ones” – foi com esse slogan de evento que senti um apelo pessoal para ir ao The Next Web, que aconteceu essa semana em Amsterdã. Um pouco do que vi por lá:
(Vídeo amador feito em um iPhone6 com tela quebrada no avião, relevem… )
Sair de eventos como esse traz um incômodo confortável. Incômodo porque você vê, quando se trata de novas tecnologias, o quanto você não sabe nada do que está fazendo. Mas ‘confortável’ por descobrir quantas pessoas renomadas e de prestígio também não tem a menor ideia.
Confesso que houve menos “crazy ones” do que esperava, mas alguns…Tive uma identificação imediata com a palestra de um digníssimo jovem cuja pretensão de vida foi querer virar uma cabra. E fez um projeto de meses com várias universidades até conseguir passar uma semana como uma cabra. Já contei sobre isso aqui.
Sério. Cabra.
Outro não menos louco foi o Casey Neistat, celebridade internética, que para causar na conferência resolveu dar um rolê de fraque nos canais de Amsterdam:
Válido, teve sua dose de crazy one. Mas a graaaaaande maioria das palestras desse tipo de conferência continuam sendo de neo-milionários cagando regra sobre como criaram uma startup com 3 moedas e agora ela vale quatrozigalhõesdedólares. Nada pessoal (viu Gary Vaynerchuk?), mas quando você espreme os conteúdos, sobra mesmo um artigo da Você S/A, disfarçado pela voz e eloquência de um Ted Talk.
O que acho mais interessante é o que acontece além das figuras tarimbadas: nas salas menores ficam as ideias iniciais, workshops, testes sendo feitos, protótipos, cenários – e onde realmente vai surgir a próxima ideia. Não podemos falar de inovação disruptiva se baseando em sucessos do passado, certo?
Entre as maiores tendências quando se fala em inovação são transparência radical, abertura e descentralização. Mas como estão funcionando de verdade? O Leo Widrich da Buffers, empresa de social media, contou como a empresa resolveu ser totalmente distribuída e radicalmente transparente. Lá, eles trabalham sem nenhum tipo de gerência e cada um define seu próprio salário, incluindo o que fez, e como a Buffers cresceu para quase 100 pessoas. A ideia é audaz e incrível, mas os desafios operacionais são bastante grandes, ele relatou.
Negócios voltados às futuras gerações e com impacto positivo é uma área que vem crescendo maravilhosamente. O que isso significa? Empresas que além de ter o objetivo de lucro, geram um valor para resolver os problemas do mundo. Exemplos são a Power Window, que faz vidros para janelas que geram energia solar para edifícios. Ou ainda The Ocean Cleanup, como o nome diz, startup com protótipos para limpar o oceano. A Zeewarr quer fazer plantações de algas, que além de limparem o oceano, contém muito mais proteína que carne. Na mesma onda está o Vegetarian Butcher, empresário que conseguiu chegar a texturas e gostos muito próximos aos da carne com ingredientes vegetais e aclamado entre os carnívoros. Mas além de iniciativas isoladas, essa área é uma das que mais cresce entre as startups, inclusive muitos investidores especialistas em impacto positivo estavam por lá.
Outro grande tema é a descentralização do fluxo de dinheiro. O futuro é que os pagamentos devem ser mais fluídos, com uma experiência quase imperceptível para o usuário, e de forma distribuída. Consideramos nisso desde estruturas de transferências internacionais mais rápidas e justas (mandar dinheiro para o Vietnã com taxas mínimas), até novos modelos da forma de gerar receitas nos negócios.
Um grande exemplo é a produção de conteúdo atual, hoje sustentado pela verba de marketing de empresas de produtos e serviços. Ou seja, jornais, blogs, vídeos, TV são sustentados através de propaganda. Enquanto esse modelo demonstra falhas e crise institucional – vide a quantidade de revistas e jornais fechando – novas ideias surgem. Um exemplo é o Blendle, uma startup holandesa que entrega para você no seu email todos os artigos de jornais, revistas e pessoas que você gosta ou separados por tema de interesse, independente do país. Pensa em uma mídia programática? É o mesmo raciocínio, porém para jornalismo.
Outra conversa interessantíssima que tive foi com o Peter Sunde, fundador do Pirate Bay. Além de ter batido altos papos sobre a prisão, ativismo, o marco civil, e o futuro da distribuição de conteúdo, ele contou do seu novo bebê, o Flattr Plus. O vídeo deles é genial:
Utópico? Falei com a Laura Dornheim, sócia do Peter, que explicou melhor as ideias por trás do sistema.
É o tipo de evento que você sai inspirado, e com a certeza que tudo vai mudar bastante nos próximos anos. Ainda bem.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.