Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A 90 km ao norte de Madri, Segóvia – uma antiga cidade-fortaleza romana, centro têxtil mouro e residência real de reis católicos – é repleta de ruelas que guardam lendas, envolvendo bruxas, castelos e igrejas.
A mais conhecida fala sobre o aqueduto de pedras (por sinal, é o cartão postal da cidade), construído pelos romanos no século I d.C. O aqueduto fica ao pé da Serra de Guadarrama, possui 167 arcos, com altura máxima de 28,10 metros e o mais incrível: não tem nadinha de argamassa. Ele funciona no esquema de equilíbrio e encaixe de pedras. Só isto já seria algo sensacional, mas a lenda é ainda mais extraordinária.
Contam que, cansada de carregar seu balde pelas ladeiras da cidade, uma lavadeira fez um pacto com o diabo: venderia sua alma a ele se, antes de o galo cantar, a água chegasse à sua casa. Culpada, a lavadeira rezou por toda a madrugada e, ainda arrependida pela manhã, confessou em praça pública seu acordo com o “coisa ruim”, recebendo o perdão da população da cidade. Todos juntos lavaram o aqueduto com água benta (haja água benta!). E água benta poderosíssima, o aqueduto está lindão até hoje, sendo considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO. Se a visita ao monumento durante o dia já é atordoante, à noite, todo iluminado, faz cair o queixo de qualquer um.
A Catedral de Nossa Senhora da Assunção e São Frutuoso de Ségovia foi construída entre os séculos XVI e XVIII, em estilo Gótico tardio (com alguns traços do Renascimento). A catedral também é conhecida como a Dama das Catedrais, e guarda uma segunda lenda: o fim do mundo. Explico: a imagem de São Frutuoso existente na catedral tem em suas mãos um livro e o santo vira um página a cada ano. Quando chegar ao fim do livro, acabou-se o mundo (dá medo isso, não?).
Ouvi dizer que arrepiante mesmo é poder encontrar entre as ruelas medievais da cidade um museu da bruxaria com extenso acervo sobre diversos ritos, objetos, animais dissecados e aparelhos de tortura que vão do século XVI ao XX. Mas esse museu vocês terão que procurar por lá (ele está escondido nas sombras, só posso dizer que há relatos de que ele existe sim). Porém, andando mais um pouco pelas ruelas segovianas ainda é possível encontrar, especialmente no bairro judeu, edifícios históricos, arquitetura e arte que nos levam de volta aos séculos XIII e XV. A Calle Juan Bravo é outro lugar imperdível, saindo de perto do aqueduto e finalizando na Plaza Mayor. A rua está repleta de barzinhos, restaurantes, lojas, artistas e vendedores ambulantes – é realmente uma festa na rua!
Por último, entre as lendas e história que cercam Segóvia, destaco Alcázar, o castelo-fortaleza que muitos dizem ter inspirado Walt Disney para as formas do castelo da Cinderela. Se é verdade, não sei. Mas, é divertido pensar que sim! O castelo data de 1122 e durante a Idade Média foi uma das residências dos reis de Castilla. Mais tarde serviu como prisão. A construção tem ponte levadiça, está no ponto mais alto da cidade e sobreviveu a vários incêndios, sendo sempre reconstruído. A torre proporciona uma vista maravilhosa.
Internamente, a visita ao castelo é um desafio ao pescoço. Os tetos são as maiores atrações, talhados em madeira pintada, numa misturinha de estilos (mourisco e barroco). Na Sala de Las Pinãs, a cobertura é decorada com 392 abacaxis, todos diferentes um do outro. Na Sala dos Reis, um friso nas paredes é composto por 52 esculturas de reis e rainhas de Castela, León e Astúrias. Da janela de Alcázar, é possível ver ainda uma pequena igreja dos Cavaleiros Templários, que guarda outra história encantadora de Segóvia.
Ah! Se envolveu com as histórias e lendas de Segóvia? Quer descobrir novas? Te compreendo totalmente. A cidade é linda e misteriosa mesmo (existem outras histórias pelas ruelas da cidade. Não contei tudo porque fica chato). E como disse no início do post, está muito perto de Madri, então dá para programar uma visita de um ou dois dias sem complicações e com bastante diversão.
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.