Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Eu sei, pode ser que quando eu fale em Punta del Este, a primeira coisa que lhe venha à cabeça seja os inúmeros programas do Amaury Jr. mostrando a turnê sul-americana do Julio Iglesias no Hotel Conrad. Com certeza, o desfile das “senhoras botox” e seus maridos semi (ou completamente) bêbados aproveitando as maravilhas do cassino no país vizinho nunca deve ter lhe despertado curiosidade ou interesse. Acontece que Punta del Este vai muito, muito além disso.
Punta talvez seja o “balneário chic” mais clássico do nosso continente. É o destino de praia que reúne de forma democrática (e organizada) gente bacana vinda em grande maioria dos países vizinhos. Isso acontece por que mesmo antes do Mujica, e de toda esse hype de Uruguai, Punta já era uma cidade especial. Pense num lugar de praia, que durante a temporada de verão recebe mais de dez vezes a sua população e, mesmo assim, se mantém limpo (impossível encontrar um papel nas ruas ou lixos nas praias), segura (para você ter uma ideia, tem gente que nem tranca os carros) e operacional (ao contrário de boa parte das famosas praias brasileiras, não falta água, nem luz, muito menos ordem).
Para conhecer a Punta del Este descolada, que atrai muita gente bonita e interessante daqui e dos países hermanos, é só saber os lugares certos para ir.
A cidade tem um bom aeroporto, que recebe voos diretos de diversas cidades brasileiras. Além disso, é possível encontrar inúmeras opções de voos com conexão em Montevidéu ou Buenos Aires. Para quem tem dias extras, são boas oportunidades para stopovers. Também é possível ir voando até a capital uruguaia e ir de lá até Punta de carro (131km de distância).
A população é pouco superior a 12 mil habitantes mas durante a alta temporada ultrapassa as 200 mil pessoas. A moeda é o peso uruguaio e um real equivale a mais de 7 pesos. Não se preocupe em encontrar essa moeda por aqui (até porque será complicado), em Punta tudo pode ser pago com dólares americanos. Você poderá usar todos os cartões de crédito (inclusive os pré-pagos) internacionais com facilidade. Aliás, super vale a pena fazer gastos com cartão de crédito por lá. Até pelo menos 31 de março de 2016 os gastos em restaurante com cartão de crédito emitido fora do Uruguai ganham um desconto, na hora, de 18,5%, equivalente ao IVA, o ICMS uruguaio, que é de 20%, excluídas as despesas administrativas. Esse desconto compensa, de longe, os 6,38% do IOF brasileiro, e ainda permite que você acumule milhas.
Se você prefere trocar seus dólares por pesos, as casas de câmbio se concentram na avenida Gorlero, bem no centro da Península.
Punta del Este possui um clima oceânico com verão mais seco que o inverno e com dias amenos ou quentes e noites frescas. A cidade está cercada pelo Oceano Atlântico e pelo Rio da Prata, permitindo que os visitantes possam escolher uma praia de água doce ou uma de água salgada.
A parte banhada pelo rio é conhecida como Playa Mansa, com águas mais escuras e ondas fracas, enquanto a Playa Brava é banhada pelo oceano, tem águas mais claras e mais ondas. Ambas as orlas estão divididas em paradas, que recebem uma numeração ou um nome próprio para facilitar a identificação. Você não deve ir a Punta del Este achando que vai encontrar águas cristalinas e quentes como as do litoral brasileiro. Nessa região do continente, as águas são bem frias, mas o verão é a época em que suas temperaturas estão mais agradáveis e mais propícias para um mergulho. Separe um lugar na bagagem para um casaquinho para as noites mais frias.
Você vai encontrar toda a estrutura nas principais praias, mas nesse momento terá que escolher entre a conveniência e a economia. Você pode alugar cadeira e guarda-sol no local e pagar caro ou pode verificar se o seu hotel oferece essa cortesia (muitos sim) e já chegar na praia carregado.
Ah! Um fator determinante é o fuso de Punta! Só anoitece lá pelas 21h, praia só pega mesmo depois das 15h e vai até às 20h. Jantar às 23h e noitada só depois da 1h! Força e resistência! Se você está indo com crianças, a boa é tomar um café reforçado, arrumar um lugar perto da praia para um pitstop de almoço e depois voltar para a praia e curtir o fim de tarde. Chegando em casa, é banho, jantar e cama.
A melhor opção é alugar um carro e retirá-lo logo no aeroporto, situado a 21km do centro. Existem muitas locadoras e modelos de carros à sua escolha. Sinceramente, não vejo necessidade de nada muito sofisticado ou luxuoso. O carro vai dar a mobilidade necessária para aproveitar essa viagem ao máximo, indo com facilidade a todos os lugares que vamos indicar adiante.
Não existe necessidade de nenhuma habilitação especial, sua carteira de motorista brasileira (dentro da validade, claro) será aceita. A grande maioria dos hotéis tem estacionamento e parar o carro perto das praias é gratuito. Quanto mais tarde você for para a praia, mais longe do pico irá estacionar. Ah, o rush da cidade ocorre entre 18h e 20h. É quando a maioria das pessoas está saindo da praia e voltando para casa. Tente evitar a península e o centrinho de La Barra nesse horário.
Para ajudar a tomar essa decisão eu vou falar um pouquinho sobre as principais praias.
Península (Playas Brava e Mansa) – É a Punta tradicional, clássica, com prédios altos, o Hotel e Cassino Conrad, a avenida Gorlero com suas lojas de grife e os famosos restaurantes do porto. Na Mansa, a parada 5 é bem família, já a 11, na Brava, é dominada pelos hermanos argentinos. O fim de tarde animado fica no Ovo Beach Club, bem em frente ao Conrad.
O Golden Beach talvez seja o hotel de melhor custo-benefício em Punta del Este. Ele está localizado na melhor quadra da Península, perto das melhores lojas e restaurantes. Esse hotel parece um apart-hotel, com bom espaço e estrutura. Oferece duas piscinas convidativas e um bom spa. O café da manhã é também muito elogiado. Tem tudo que você pode desejar, com simplicidade.
O Sisai Hotel Boutique foi um marco na nova tendência hoteleira da cidade. Ele simboliza uma era de bom gosto na arquitetura e no design em relação à hospedagem tradicional de Punta, inaugurando assim o “boom” imobiliário da região agora chamada de Design District. Ele está localizado a 700 m da Praia Brava e a 1 km da Praia Mansa, e oferece piscina, jardim, academia com chuveiro escocês, sala de massagem, banheira de hidromassagem e até um solário. O restaurante de cozinha mediterrânea é um plus, sem dúvida. Uma outra boa opção de hospedagem no Design District é o disputado 2122 Hotel. Você se sentirá em casa nos quartos super equipados com quitinete, sala e tudo mais, como um verdadeiro apartamento moderno de um balneário chique. Vale conferir.
Para quem vai em grupo grande ou pretende passar uma temporada maior, a sugestão é alugar um apartamento na Torre Aquarela, na parada 18 da Mansa. É um condomínio de luxo com tudo que se tem direito, além de os apartamentos serem enormes e modernos. Com antecedência você consegue ótimas tarifas. A partir de quatro pessoas fica muuuuito mais em conta que qualquer hotel (mesmo um de nível inferior). A locação pode ser feita diretamente ou pelo Airbnb. Você vai acabar encontrando outros condomínios nesse mesmo padrão.
La Barra e Manantiales – É o lado mais descolado de Punta. Só casas, lojinhas, ateliers de artistas locais, bistrôs… Em La Barra, a Posta del Cangrejo é uma praia bem família (conta ainda com hotel homônimo e tem um ótimo restaurante). Em Manantiales fica a praia de Bikini, a mais badalada, o Negroni Beach Bar (ferve dia e noite) e tem até loja da Osklen. O grande barato aqui é fazer uma caminhada pelo “centrinho” que vai de uma praia à outra, você vai conhecer lojas incríveis. É bem nesse caminho que fica o Bagatelle Beach do Joie de Vivre. Lugar incrível com ótima música e boa comida. Prepare o bolso porque o preço é salgado!
José Ignácio – É o que há de mais cool em Punta. Uma vila charmosa de pescadores que, nos últimos 10 anos, vem atraindo o que existe de mais bacana em hospedagem e gastronomia. O Hotel Playa Vik, super exclusivo, fica lá. Existem boas opções de hotéis boutiques, pousadas transadas e casas para alugar.
Existem também opções menos óbvias, fora das praias. Como os ultra exclusivos Fasano Las Piedras e o Estancia Vik, que ficam mais para o interior, o Laguna Garzón Lodge, que é um hotel flutuante numa lagoa a 15 min de José Ignácio, ou aqueles mais “roots”, off Punta, em Cabo Polonio e na Punta del Diablo (alternativas para quem quer acampar ou ficar em lugares mais humildes, fora do burburinho da cidade).
É certo que você vai comer bem. Existem cozinhas variadas, para todos os tipos de dietas, preferências e bolsos. A quantidade de boas pedidas é tão grande que ficou difícil fazer uma lista de tamanho razoável para esse artigo. Mas lá vai…
Na Península (região das Praias Mansa e Brava), o barato é almoçar vendo o pôr-do-sol no porto. Ali, nos decks, os restaurantes Lo de Tere e Virazón são clássicos que nunca perdem a forma. Eles agradam a todos os gostos e idades. Tem qualidade e preço justo. Não tem erro! Além disso, os bares do porto, como o Moby Dick, são obrigatórios para quem gosta de um bom drink no fim de noite.
Indo para La Barra, a dica é o Baby Gouda, restaurante super bonitinho, transado e bem frequentado. Localizado no meio do fervo da Barra. Quem conhece, sabe que é um lugar agitado, mas tem essa mesinha mega relax lá embaixo, num estilo “lounge oriental”. Se você der sorte…
Outro point de La Barra é o Flo Café & Bar. Perfeito para antes ou depois da praia. Além da vista maravilhosa, você vai encontrar gente bonita, ambiente mais que agradável, boa comida e ainda se refrescar tomando um Clericot! Para comer, peça o delicioso sanduíche de salmão defumado, queijo brie e mel, simplesmente delicioso. O mel faz toda a diferença no sabor! E de sobremesa, não deixe de provar a irresistível torta Flo, com brownie, doce de leite e marshmalow.
A La Linda é uma “padaria” em Manantiales super descolada. Os produtos são maravilhosos, pães, doces, sanduíches e saladas, mas o que mais encanta é o ambiente. É tão gostoso que você corre o risco de entrar e passar boa parte do seu dia por ali.
No Fish Market você pode comprar peixes fresquinhos. Além disso, você pode almoçar por ali mesmo se quiser. Rústico, charmosinho, cheio de bossa, poucas mesas, vista para o mar… tudibom!
Ali perto, na parte alta de Manantiales, onde a vista é linda e o vento é sempre fresco, encontramos o Mar de Verdes, restaurante de comida saudável, com gostinho de verão. O restaurante mistura um ar despreocupado com aqueles detalhezinhos típicos do bom gosto uruguaio, seja nos pequenos adereços, seja na arte despretensiosa do quadro negro ao fundo.
Outro que vale a pena conferir é o La Huerta Bistro, com sua cozinha orgânica, cujos pratos são elaborados com ingredientes que eles próprios cultivam localmente e animais que receberam uma alimentação natural (ervas aromáticas, vegetais frescos, pães caseiros, óleos vegetais e massas caseiras). Nessa área ainda, uma boa opção para jantar é o Restaurante O’Farrell. Meio escondido, ele tem culinária mediterrânea, ambiente bacanão com decoração sóbria à meia-luz e a boa oferta de vinhos da adega. Destaque para o entrecôte de cordeiro grelhado, o magret de pato e as entradas com frutos do mar.
Em José Ignácio, o mais famoso e badalado é o La Huella, restaurante estilo “pé na areia”. Ele é antigo, mas é super disputado, complicado até de conseguir mesa. A saída é colocar o nome na lista de espera, curtir a praia e ficar ligado quando o seu nome for chamado. Indico os pescados, a massa com molho de lula e o vulcão de doce de leite de sobremesa. Outra opção também nessa praia, mais atual, mas de mesma qualidade, é o Marismo. Esse restaurante tem um ambiente incrível e fica no meio das árvores. A comida é sensacional (menu que inclui raízes locais como churrasco, cordeiro e pesca do dia) e sugiro uma reserva para o jantar. O lugar é perfeito para um luau romântico, mas se prepare para a conta. Esse é caro de verdade.
Outra opção para jantar em José Ignácio é o Jardin by Sarava, restaurante super aconchegante com uma vibe maravilhosa. O atum selado é a marca registrada do lugar, que também é muito famoso pelos ótimos drinks.
Sim, o cassino pode ser diversão. Fazendo tudo com prudência e inteligência você pode passar boas horas fazendo uma fezinha e dando boas risadas com seus amigos entre as mesas e máquinas (sem contar que a bebidinha, enquanto você joga, é cortesia da casa. Só não vale exagerar!). As melhores opções são o tradicional Conrad e o moderno Mantra em La Barra, pertinho do Bagatelle Beach Club. Vale a pena conferir os dois. No Conrad, o jogo é melhor, já no Mantra, o ambiente é quem ganha.
Durante a temporada TUDO é festa. Você tem DJs nas praias (o som de Bikini é o melhor), os beach clubs, as festinhas after beach, os restaurantes badalados para jantar, os cassinos, as festas privates na madruga, as afters hours e pronto… outro dia já começa. Difícil é encontrar tempo para dormir e repor as energias. O importante é chegar, se enturmar e ficar por dentro do que está acontecendo de melhor em cada dia. A variedade é grande, do preço à forma de cobrança. Tem aquelas que você paga entrada e tem algum consumo liberado. Outras em que você é convidado (sem entrada), mas paga tudo que for consumido e existem outras em que seu nome vai estar na lista certa e você poderá entrar e consumir o que quiser dentro de uma área restrita. Não faltarão boas escolhas, eu garanto!
Veja o pôr-do-sol da Casa Pueblo, em Punta Ballena, no caminho entre o aeroporto e Punta del Este. É imperdível!! A casa na verdade é ateliê, museu, loja, hotel e restaurante numa construção magnífica projetada pelo grande artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. Tudo ali é pura arte e emoção. Uma experiência sensorial única e impressionante e que comprova a capacidade do homem de criar coisas extraordinárias a partir da arte.
A dica é se programar bem para que o dia da sua visita não seja nublado e o passeio finalize no entardecer durante a concorrida ceremonia del sol. Até fevereiro, o sol se vai depois das 21h. Perto da Páscoa, lá pelas 19h30.
Outra experiência especial é dar um passeio de bicicleta pelos bosques da Península, com direito à paradinha estratégica para comer o tradicional waffle belga do Hotel L’Auberge. Você pode começar a pedalar pela praia Brava, ir seguindo as placas que indicam o caminho para o hotel e logo verá a torre gigante. O salón de té, local onde é servido o famoso waffle há sei lá quantos anos, abre suas portas a partir das 16h30. Não deixe de dar uma volta pelo hotel para conferir o belo jardim e o gramado.
Um waffle é suficiente para duas pessoas não tão famintas. É um programa bem carinho, admito! A dica (para quem quer economizar) é não pedir água ou refrigerante, pois custam o olho da cara. Enfim, mesmo o preço sendo salgado (Punta é assim!), voltaria mil vezes só para sentir o clima único desse lugar.
Foto do destaque: Sebast732
O Armando é jornalista, digital creator e growth. Ele escreve para o CoP e para o Trip Hacker (o site dele) enquanto viaja o mundo em busca de cultura e novas tecnologias. Durante essa jornada, ele nos mostra dicas, técnicas e ferramentas que você vai usar para viajar de forma mais econômica e inteligente.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.