Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
“Pour ce qui est de l’avenir, il ne s’agit pas de le prévoir, mais de le rendre possible.” – Antoine de Saint Exupéry
(Sua tarefa não é de prever o futuro, mas sim de o permitir)
Foi em Paris que nasceu o OuiShare, um movimento global que conecta pessoas apaixonadas pela economia colaborativa, justiça e confiança, e que busca soluções para onde é que o mundo anda. Desde 2013, uma vez por ano, é aqui que se reúne um bom punhado de empreendedores, pensadores, curiosos e lunáticos por criar um mundo mais compartilhado na maior conferência de economia colaborativa do mundo – o OuiShare Fest.
E é aqui que estamos, para contar tudo que está rolando no festival. Antonin Leonard, inovador social e um dos fundadores do OuiShare, contou para o Chicken or Pasta um pouco da história e perspectivas para esse ano: o projeto começou para unir pessoas com propósitos similares e falar sobre economia colaborativa – modelos como o AirBnB e VizEat, que já falamos aqui, aqui e aqui. Hoje, o festival é o evento referência para falar sobre esse tipo de economia – “Diferente de outros anos, nós falamos mais do que sites que compartilham coisas – o que queremos é entender onde o mundo está indo, o futuro da democracia, do futuro do trabalho, e o que a economia digital tem a ver com isso.”
After the Gold Rush é o tema do ano – depois da grande onda de startups bilionárias, vale a reflexão sobre para quem nós vamos trabalhar: para investidores, para plataformas, robôs, ou ninguém? Conseguimos consertar a democracia? Quais novos modelos de propriedade e governança as novas organizações precisam? Como as empresas e startups conseguem trabalhar juntas? O evento discute o novo “sistema operacional” que rege a nova era.
E a colaboração é realmente colocada em prática por aqui. O evento inteiro é feito através de voluntários, que trabalham lavando os copos de café (claro que não se utilizaria plástico), ou mesmo fazem workshops ou palestras espontâneas na Garage ou no Lab.
No palco principal, em formato de circo, o primeiro dia os temas foram instituições digitais e cidades, além do profundo entendimento de descentralização e temas relevantes no segmento, como Blockchain.
Barcelona, Amsterdã e Bistrol são exemplos de cidades que estão demonstrando que é possível colocar as pessoas no centro das decisões da transformação para “Smart Cities”, ou cidades inteligentes – abrindo a cidade para que a inovação e a tecnologia sirvam os cidadãos. Essa foi o mote da palestra da Mara Balestrini, diretora no Ideas for Change , um think tank especializado em filosofia de colaboração e abertura para cidades e empresas.
Também do Ideas for Change é o Javier Crues, com qual tive uma conversa inspiradora sobre o futuro do trabalho. Afinal, o que é trabalho? Até pouco tempo atrás, trabalho significava um espaço físico, mas também o lugar de onde você gera receita e que praticamente define você como pessoa, e sua própria auto-estima. E esse conceito está mudando radicalmente – trabalho é aquilo que gera valor para alguém. E pode estar desassociado de renda, ou desassociado da sua auto-estima. “Precisamos entender que o trabalho antigo já era. O que estou interessado é saber quais os problemas que você está resolvendo. Você está gerando valor no que você faz?”
Mas como não podia faltar em um evento como esse, também falou-se sobre sobre consumo colaborativo mais “clássico”, se é que já podemos usar esse termo para algo ainda distante para muitos. O exemplo mais conhecido sobre economia colaborativa é sobre possuir ou não uma furadeira – afinal, as pessoas precisam de buracos na parede, não de máquinas que fazem buracos. Não faz sentido em um mesmo edifício cada apartamento ter sua própria furadeira, certo? Se o exemplo é antigo, como solucioná-lo não é. Muitas empresas e iniciativas surgiram para empréstimo e aluguel de objetos e coisas – mas poucas efetivamente são bem sucedidas. O Peerby, ao contrário, é uma das startups que conecta pessoas com coisas e que já está alcançando algum crescimento. Daan Weedepohl, fundador da empresa, conta que pediu investimento para os próprios usuários, e recebeu mais de 2 milhões. É um novo capítulo na economia colaborativa.
Esses são alguns exemplos do que falamos por aqui: se quiser acompanhar o evento ao vivo, clique aqui.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.