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Os encantos de Zanzibar

Quem escreveu

Luigi Dias

Data

18 de July, 2016

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A África não é para os fracos. Fracos de tudo: do estômago, dos nervos, de coragem etc. Apesar de não conhecer mais do que dois países no continente, essa é a sensação que fica. Dar es Salaam, a maior cidade da Tanzânia, é insana. Sua brutalidade é impressionate, sempre prestes a explodir em selvageria. Basta riscar um fósforo e a atmosfera de óleo diesel entra em chamas. O clima das ruas é de escracho constante; e o assédio masculino, feroz. Fariam nossos paladinos das igualdades sociais fugirem chorando para debaixo da saia de suas mães. Quando ‘avistam’ uma mulher ocidental, entram numa espécie de transe, ficam literalmente possuídos.

Ok, a Tanzânia pode não ser a Somália; mas certamente Dar es Salaam não é Zanzibar. A princípio, Zanzibar pode parecer apenas uma versão (islâmica) da nossa Bahia: um centro histórico cercado de pobreza e resorts por todos os lados. Mas não é bem assim. Em parte porque a forte influência indiana sobre o lado oriental da África em nada lembra o que no Brasil entendemos por ‘africano’. Em Salvador, seria mais ou menos como trocar o acarajé por ‘samosa’, e a moqueca por ‘curry’.

Mas o que impressiona mesmo é: como um ‘país’ tão minúsculo pode exalar tanta história? Só de ocupações estrangeiras, são mais de 1200 anos! Persas, árabes, portugueses e ingleses, todos deixaram uma marca. Sem contar que seu patrimônio arquitetônico é realmente intrigante.

Suas praias são tudo aquilo que as religiões anunciam como ‘paraíso’. Só que aqui e agora! A areia ‘branca como a neve’, tem textura de leite em pó quando seca, e de gesso, quando molhada. As praias do norte (Kendwa e Nungwi) muito turísticas, são as que mais impressionam pela cor berilo-neon do mar. Já as do sul (Paje e Jambini), do lado leste, são calmas e existencialistas, frequentadas apenas por pescadores e agricultores de algas marinhas. O chato é que, como qualquer comunidade que se dedicada integralmente à uma religião oficial, Zanzibar também produz uma massa enorme de indivíduos extremamente reprimidos e infantilizados. Não é pra menos. O Islamismo, aqui na ilha, põe à prova os limites do ser humano de forma brutal, com suas rezas intermitentes —sete vezes ao dia, todos os dias, anunciadas fervorosamente a todo volume pelos auto falantes das mesquitas—, mais os longos períodos de jejum, códigos de conduta extremamente machistas para as mulheres e proibição de bebidas alcoólicas. Nesse sentido, o islã praticado em países como o Quirguistão e Uzbequistão —que não abrem mão de uma boa vodka russa— é de dar saudade.

Pier em Zanzibar. Foto: Luigi Dias
Pier em Zanzibar. Foto: Luigi Dias

No entanto, basta um passeio noturno pela charmosa praça Forodhani, em Stone Town, bem em frente ao mar, no meio da multidão animada de africanos e árabes, gangues adolescentes hip hop e nativos do continente, para uma descarga danada de adrenalina. Sunitas, xiitas, sufis, cristãos, hindus, muçulmanos bohora, guerreiros maasai, pegos de surpresa num abraço apertado de modernidade ocidental.

Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias
Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias
Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias
Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias

Conservadora, misteriosa, primitiva, apaixonante… São muitos os adjetivos para Zanzibar. País de portas ancestrais e escadas íngremes, da mistura fantástica de comidas e temperos, dos labirintos estreitos e fáceis de se perder. Pois tem horas que a gente precisa se perder e batalhar para encontrar o caminho de volta. Dos fracos, a história não fala.

Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias
Stone Town, Zanzibar. Foto: Luigi Dias

Onde ficar?

Mashariki Palace Hotel. Foto: Luigi Dias
Mashariki Palace Hotel. Foto: Luigi Dias

Mashariki Palace Hotel: estupendo! O melhor e mais lindo hotel da sua vida (sem brincadeira!). Fale com a proprietária, Carlota, e peça um quarto com vista pro mar. Nyumba ya Moto cn.293 , Forodhani, Zanzibar – Tel. +255 (0) 24 2237232

Harbour View Suites: Os quartos com vista para o porto (harbour) são maravilhosos. Estiloso, moderno e ótimos preços. Fica no centro de Dar es Salaam. Samora Avenue, Dar es Salaam. Tel: +255 (022) 2124040

Onde comer?

Silk Route. Foto: Divulgação
Silk Route. Foto: Divulgação

Maru Maru: comidas chinesa, swahili e indiana. Bom, barato e com linda vista aérea de Stone Town. Gizenga Street, Shangani, Stone Town, Zanzibar, Tanzania. Tel: +255 24 2238516. Horários: diariamente das 11 às 23h.

The Silk Route: comida indiana excelente! Não deixe de experimentar o sorvete. Shangani Street, Stone Town, Zanzibar (cruzamento com a Forodhani Park). Reservas aqui.

Em Dar es Salaam não perca seu tempo, vá direto no Chef’s Pride (fica a quatro quarteirões do Harbour View Suites). Comida swahili, indiana e chinesa. Qualquer problema, mande chamar o gerente, Mr. Osmond. Tenha calma, seja educado e aguarde o prato comendo um delicioso ‘nan’ assado na hora. Não serve bebidas alcoólicas. Morogoro Rd, Dar es Salaam, Tanzania

— Texto de Luigi Dias, diretor de filmes, fotógrafo e viajante profissional.
Para ver mais fotos da viagem: East African Dreams / Fotos de Luigi Dias

Quem escreveu

Luigi Dias

Data

18 de July, 2016

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Luigi Dias

Luigi Dias é diretor de filmes, fotógrafo e viajante profissional.

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