Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Uma das coisas de que mais gosto em Berlim é sair andando de bicicleta sem destino certo. Simplesmente pedalar pelas ruas num domingo de sol, descobrindo novos lugares, admirando os mais variados estilos arquitetônicos dos prédios e tirando fotos, muitas fotos.
A paisagem urbana da cidade não seria completa sem todos os carros que ficam estacionados nas ruas, já que grande parte dos prédios não possui garagem, seja no pátio dos edifícios ou subterrânea. Por isso, há quase um ano, tive a ideia de criar uma conta no Instagram, chamada Berliner Carwatching, em que posto diariamente uma foto de um carro diferente visto pelas ruas berlinenses.
Em Berlim, a Meca dos carros vintage fica no imenso galpão que abriga o Classic Remise, no bairro de Moabit, um espaço dedicado aos adoradores de carros de décadas passadas. Instalado num prédio construído ainda no século 19 e que servia de garagem para os bondes elétricos até os anos 1960, quando o sistema de bonde elétrico foi desativado em Berlim Ocidental, o Classic Remise é o cenário perfeito para os carros que são lá expostos ou guardados. O local conta com serviços de mecânica e manutenção especializada, workshops com entusiastas, showrooms temporários para os negociadores mostrarem suas raridades à venda e ainda um bar e restaurante, com vista para os carros em exposição e com direito a uma Biergarten aberta no verão, elevando a mil os níveis de testosterona do lugar.
Para mim, que não sei sequer a diferença entre torque e cilindrada, que eram apenas números em disputa no Super Trunfo, o interesse é puramente estético. Tampouco entro nas discussões acaloradas entre os aficionados para decidir se tal carro é antique, classic, vintage, modern, old/young timer, classificação estabelecida pelos Auto Clubs de cada país, que determinam ainda o estado de conservação de cada veículo. Você pode ter uma breve ideia do que se trata aqui.
A minha atração pelos carros está longe de ser pelos seus aspectos técnicos. Pelo contrário, o deleite é visual, com todo o apelo das cores, num tempo em que os carros não eram apenas cinza ou pretos como hoje. Então, nem é um spoiler eu confessar que não sei nem mesmo dirigir!
A grande surpresa é que, morando em Berlim, eu jamais poderia imaginar que ainda poderia ver, in loco, em 2016, todos aqueles carros dos álbuns de figurinhas que eu colecionava quando criança nos anos 1980. Não custa lembrar que no Brasil, até o começo dos anos 1990, havia apenas quatro grandes indústrias montadoras de veículos: GM/Chevrolet, que na verdade fabricava modelos da Opel alemã, Volkswagen, Ford e Fiat. Assim, praticamente metade dos carros produzidos no Brasil naquela época eram adaptações de modelos vendidos no mercado alemão pela Opel e pela Volkswagen e que eram, na maioria das vezes, batizados com outros nomes: o Chevrolet Monza correspondia ao Opel Ascona alemão; o Opala, ao Opel Rekord; o Ford Del Rey, ao Granada europeu; o Chevette era uma mistura entre o Chevy americano e o Kadett alemão, e o nosso Volkswagen Santana era claramente inspirado no Passat alemão, nome que já havia sido utilizado pela Volkswagen do Brasil para outro modelo, que tinha começado a ser produzido ainda nos anos 1970.
Se você se interessa por carros antigos como eu, deixo a dica: A probabilidade de encontrar um Corvette dos anos 1950 intacto ou bijoux conversíveis, durante os finais de semana no verão, é maior no oeste, digamos, rico e chique da cidade, em bairros como Dahlem e Zehlendorf. Já para se deparar com um Trabant ou um Wartburg enferrujado, produzidos pela ex-Alemanha Oriental, a pedida é passear pelos bairros do leste, como Friedrichshain e Lichtenberg, ou até mesmo Marzhan.
Por fim, um sonho: Espero um dia precisar tomar um táxi e que, naquele momento, passe livre, diante de mim, esse Peugeot 404 dos anos 1960!
*Foto Destaque: castenoid / Bigstockphoto.com
No seu aniversário de sete anos, ganhou um globo terrestre e pouco depois já sabia (quase) de cor o nome das capitais dos países do mundo. Ainda não conheceu a Ásia e a Oceania, mas mudou há cinco anos para Paris e mora há dois em Berlim. É péssimo em senso de orientação. Sempre acaba se perdendo nas ruas transversais e achando aquele café ou loja que você vai ver indicado na edição de um guia de viagem só no ano seguinte.
Ver todos os postsAmei !!! Carros muito especiais
Curti demais as fotos! Durante muitos anos eu me perguntei aonde iam parar os carros velhos europeus, afinal nas grandes cidades a maioria é bem recente. Nada de ver Passat, Ascona, Scorpio, Dedra, 604, etc. Até que conheci o antigo lado oriental da Alemanha e os países da antiga cortina de ferro. A impressão é que estão todos lá! Parabéns pelo insta!
Obrigado!
Acho que em Berlim a coisa é bem especial: os carros velhos quase destruídos se misturam com os antigos super conservados. Tem de tudo um pouco!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.