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A influência de romanos, árabes, judeus, visigodos e cristãos fizeram Granada ter uma história tão diversa, tão cheias de altos e baixos, que não deixa nada a desejar para uma temporada inteira do Game of Thrones. Sim, com direito a filho tentando tirar o trono do pai, separando o reino em dois, juntando de novo, como toda boa novela medieval deve ser. O resultado? Você respira uma cultura ímpar, seja visitando diferentes castelos e jardins monumentais, caminhando pelas suas estreitinhas, apreciando as casinhas brancas, e viajando no tempo ao som do flamenco em todas as esquinas. Granada é parada obrigatória para quem conhecer mais sobre as raízes da cultura espanhola.
Para chegar a Granada, você deve estar perambulando pela zona da Andaluzia. A cidade é um pulo de ônibus (ou de Blablacar) de Málaga ou Sevilha – ambas com aeroportos. Viajei de Barcelona de Blablacar (que já expliquei como funciona aqui) e foi incrível, parando ao longo da costa, e já cheguei na cidade com três novos amigos, por metade do preço do ônibus!
Para o café, é obrigatório o pão com tomate e azeite com um café com leite: comum, barato, e delicioso – em qualquer cafeteria na cidade. Agora se você for do tipo desbravador gastronômico, inicie pela manhã com a bomba calórica dos churros da Churreria Alhambra – sim, há locais que comem churros para café da manhã mesmo, não é só para turista ver.
Reserve a manhã para visitar a Alhambra – o palácio árabe mais espetacular e famoso do mundo. Desde qualquer ponto da cidade você enxerga, lá em cima, o complexo mais icônico da cidade.
A Alhambra já foi cidade, palácio de reis, fortaleza – apesar de parecer aos olhos menos atentos um “mero” castelo. Ela resistiu à invasão do exército de Napoleão, e também já esteve à mercê de ladrões e vagabundos durante décadas.
(…) Obra sublime, la Fortuna quiere que a todo monumento sobrepase. ¡Cuánto recreo aquí para los ojos!”Ibn Zamrak, século XIV
Aliás, é bem interessante pensar nessa história, pois foi só em 1870 que a cidade retomou a estrutura, e finalmente foi declarada monumento nacional.
Os jardins do Generalife são tão lindos que é impossível não dar suspiros românticos.
Essa visita é o único real planejamento que você precisa fazer antes de chegar à Granada, comprando antecipadamente seu ingresso pela internet. Mas se você não for de planejar com tempo, como eu, é capaz de não ter mais entrada disponível para a data. A solução é chegar cedinho por lá – 7:30 ou 8:00 – que eles liberam alguns ingressos por dia na hora. Você deverá marcar também a entrada do Palácio Nazárie: recomendo que tente para duas horas depois da sua expectativa de chegada.
Reserve boas 3 a 4 horas por lá, para poder mergulhar nos detalhes da arquitetura árabe, nos seus jardins escondidos, andando pelo mármore, observando as inscrições e azulejos coloridos. Se conseguir, contrate um tour guiado, vale a pena porque a história do lugar é longa e interessantíssima.
Existe a expressão em inglês “there is no free lunch” (não existe almoço grátis) – mas certamente o inventor da expressão não conheceu Granada. Tapear, ou a arte de encontrar a melhor tapa entre os bares de lá, é o esporte favorito entre os granadinos. Para cada sangria, cerveja ou drink que você peça, você ganha um pratinho de comida por conta da casa – e muitas vezes a cervejinha é apenas 1 euro! Nada melhor que comer e beber por uma pechincha, não? As tapas variam de uma simples torrada com queijo manchego, jamón e azeitonas, até paellas, croquetas ou sanduíches “montaditos“. Um ótimo lugar para iniciar é o animado balcão da Bodega Castañeda (Calle de Almireceros, 1. Telefone:+34 958 21 54 64). Lá próximo, o bar Los Diamantes tem uma decoração menos típica, porém é parada imprescindível para quem gosta de frutos do mar (Plaza Nueva, 13, Telefone: +34 958 07 53 13).
Em Granada eles levam a siesta a sério: não deixe nada para fazer das 2 às 5 da tarde que todas as lojas estão fechadas. Mas ótimo para começar um tour, não?
A Catedral é um ótimo ponto para começar um passeio da tarde pelo coração de Granada. Em 1501, os reis católicos construíram a catedral exatamente onde ficava antes a Mezquita Mayor, para ocupar o território como símbolo do cristianismo. O interessante da arquitetura é a mistura de estilos: começou gótica, se transformou em renascentista, e ganhou ainda uma fachada barroca. Próximo à Catedral fica o Corral del Carbón, uma jóia da arquitetura árabe que hoje é um teatro ao ar livre.
Para finalizar Albaicín, aproveite para tomar um chá em uma das teterías e fumar uma pipa.
Ah, para que jantar, se você tem… tapas! Estando no Albaicín, um ótimo começo é o Bar Aliatar Los Caracoles (Plaza del Aliatar, 4), com um terraço lindinho e ótimos escargots. Perto de lá também fica La Bella y la Bestía: além de ser um bar super charmoso, o tamanho das tapas é gigante, mas mais pra fast-food (Carrera del Darro, 37).
E se você já tomou muitas cervejinhas, hora de trocar por um vermute, bebida típica de lá.
O Bar Sevilla é bem regional, com pôsters de estrelas do flamenco na parede, e as tapas em geral são comidinhas de verdade, como um omelete ou até um picadinho de carne (Calle Oficios 12). Uma outra ótima área com boas opções é ao redor da Calle Elvira: o Café Elvira tem berinjelas de comer chorando. (Calle Elvira, 85).
Para entender realmente a cidade em todo seu esplendor, descobri um ótimo tour que leva para as áreas inexploradas. O tour noturno de Granada da Play Granada até a CNN classificou como uma das 10 melhores aventuras noturnas. Mesmo eu, que morro de preguiça de tours guiados, amei! Os guias são incríveis: enquanto contam toda a complicada novela histórica de Granada, você percorre os labirintos de Albaicín até chegar às cavernas de ciganos de Sacromonte. Incrustadas no morro, as cavernas se transformaram em ocupações ilegais onde os ciganos continuam morando.
Imperdível é o Bohemian Jazz Café, o bar mais instagramável da cidade: toda a decoração é vintage, e você pode se perder horas entre as tralhas cuidadosamente organizadas. Há obviamente shows de jazz, com um lindo piano de cauda, mas vale a pena a visita nem que seja para uma tacinha de vinho e ver a decoração. (Plaza de los Lobos, 11)
Agora para os baladeiros de plantão, a opção é ir para região dos estudantes – afinal, vivem mais de 85 mil por lá. Ao longo da avenida Pedro Antonio de Alarcon você encontra a galera “living la vida loca” no seu melhor estilo: chupiterías, kebabs, dança em cima da mesa e música do gosto mais questionável possível. Mas nada que não seja resolvido com os mais de 100 sabores de chupítos (shots) por um euro, e jarras inteiras por 1,60! Vale lembrar: a dor de cabeça do dia seguinte é inversamente proporcional ao preço da bebida que você paga.
Agora, se você não quiser seguir esse roteiro, no site do Granada Turismo há uma ferramenta de planejamento super completa, incluindo um mapa para você levar contigo.
A última dica de ouro: para selecionar onde entrar em Granada, olhe para o chão. Aparentemente é um costume local jogar qualquer coisa que você estiver comendo ou lixo onde bem entender, portanto, quanto mais sujo, melhor.
Se estiver por aquela região, não deixe de fazer uma visita de um dia para o Caminito del Rey, que já falamos aqui. E também não esqueça de passar em Sevilha, nossas 24 horas aqui.
Foto Destaque: Javier Morales/ Creative Commons/ Flickr
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsOlá, gostaria de saber se os bares de tapas mais tradicionais estão no albacin ou no centro da cidade (próximo à catedral).
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.