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Além dos habituais hotéis e Airbnb, o Japão proporciona uma experiência única na hora da hospedagem, os famosos ryokans, que são nada mais que “hospedarias” (a maioria hoje em dia são bem luxuosas), que carregam toda a essência da cultura japonesa. Muito mais do que um lugar para dormir, o ryokan é uma oportunidade única de experimentar os costumes e a hospitalidade japonesa de um jeito bem especial. Ele incorpora elementos tradicionais como chão de tatami, futon ao invés de camas, banho japonês – o famoso onsen – e, claro, a sua culinária.
E no momento em que o Japão está em meios aos seus preparativos para as próximas Olimpíadas, nada mais providencial do que a capital Tóquio ganhar seu primeiro ryokan de luxo. O Hoshinoya, da rede Hoshino Resorts, abriu suas portas recentemente bem no meio do centro nervoso de Tóquio, o bairro chique Chiyoda-ku. O ryokan funde muito bem o design contemporâneo ao trabalho de artesãos japoneses. O design dos móveis, utensílios e objetos chamam a atenção pela delicadeza e minimalismo.
Fomos conhecê-lo pessoalmente e podemos confirmar a experiência cinco estrelas. O Hoshinoya é a fuga perfeita na eletrizante Tóquio. O prédio fica em meio a arranhas-céus e se destaca pela arquitetura única. A fachada que preenche os 17 andares é toda de treliça, formando uma estampa dos tradicionais kimonos.
A entrada tem belos lustres de seda feitos à mão, que enfeitam o início do longo corredor de pé direito alto com seus 6m de altura. As paredes laterais são preenchidas com belas caixas feitas de bambu. É em uma dessas caixas que os seus sapatos serão devidamente guardados enquanto você estiver na área interna do ryokan. E esse é o jeito mais tradicional de entrar em qualquer casa no Japão: descalço.
Fomos recebidos por um simpático rapaz logo na porta de entrada, que parecia adivinhar o horário exato da nossa chegada. Pegou nossa bagagem, avisou que guardaria e depois a deixaria no quarto. Faltavam duas horas para o check-in. Saímos para almoçar e quando retornamos, uma simpática funcionária do hotel nos acompanhou até o quarto, explicou o funcionamento do ryokan e a estrutura que tínhamos disponível para nós. Só vimos a recepção quando fizemos o nosso check-out.
Não é permitida a entrada de não hóspedes no ryokan. Mesmo o restaurante é disponibilizado apenas para quem está hospedado por lá. E isso acaba deixando o clima do Hoshinoya ainda mais pessoal.
São 84 apartamentos espalhados em 14 andares. São dois estilos de quarto, a suíte com 87m2 e o standard com 40m2. Ficarmos na suíte, que conta com um grande sofá, um espelho que esconde uma tela de TV, uma mesa para as refeições – lembrando que elas são tipicamente servidas no quarto – uma escrivaninha, um grande closet, e um banheiro, também com um sofá e uma banheira japonesa tradicional. A cama, um grande futon, fica numa estrutura elevada de madeira, separando-a da sala. O ryokan disponibiliza também kimonos de jersey super elegantes e pijamas. É claro que a gente desfilou com eles.
Cada andar tem seis quartos e seu próprio lounge, conhecido como Ochanoma, que funciona como uma sala de estar para os hóspedes. Ali são servidos café, chá, petiscos, doces e até mesmo sakê e há um concierge à sua disposição o tempo todo. Diariamente, das 17 às 21h, acontece uma degustação de sakê (nihon shu em japonês, já que “sakê” significa bebida alcóolica), que vale a pena ser apreciado, pois a seleção é impecável. Na nossa visita foi oferecido também um ótimo vinho branco japonês, o que nos surpreendeu, já que o Japão não é conhecido pelos seus vinhos.
A sensação durante toda a hospedagem era de estar no meio do mato, não na pulsante Tóquio, pelo ar sereno presente o tempo todo. O tempo por ali para. Tudo é feito sem pressa, o silêncio reina quase absoluto, hóspedes mal se cruzam. O atendimento é extremamente cordial e atencioso.
Para complementar a experiência, nada como se entregar a uma sessão no onsen. O banho típico japonês, chamado também de hot spring, se encontra no último andar e é dividido por gênero. Para entrar na piscina, é necessário um banho completo, que é feito num banquinho de madeira. E nada de roupas. Banho de onsen é feito completamente nu. É hora de relaxar! Uma ampla piscina, com água beirando os 40ºC, se espalha por dois ambientes, divididos por um portal. A segunda piscina preenche o segundo salão e o teto é transparente, permitindo assistir a noite (ou dia) acima de nossas cabeças. Ali se ouve distante o barulho da cidade. A luz baixa, o vapor, o ambiente tranquilo e a temperatura da água são perfeitos para relaxar como se não houvesse amanhã.
Nesse andar há também um spa com diversos tratamentos disponíveis, mas não deu tempo de experimentá-lo e confesso que já estava difícil querer sair do hotel, de tão agradável que é a estadia.
O Hoshinoya conta também com um restaurante, que oferece menu fechado com entradas, prato principal, salada, sopa, pães e sobremesa, assinado pelo talentoso e jovem chef Noriyuki Hamada. É necessário reservar, já que o jantar é servido em apenas seis salas privadas, extremamente luxuosas. Nós não conseguimos uma sala e tivemos que pedir o nosso jantar no quarto, que também disponibiliza o menu fechado. Mas acabamos optando por um Tokyo Curry, que a tradução para o inglês deixou de fora o principal, o acompanhamento do curry. Acabei me contentando com arroz e molho de curry, o que deixou meu jantar um pouco sem graça. O outro prato pedido foi o “Beef udon hot pot” (um kobe beef), além de bem servido, estava super saboroso.
O café da manhã é bem generoso, quase um brunch. Há opção asiática e a ocidental, que tem toda a influência do café asiático, tornando a experiência mais interessante. Ele é desfrutado também no quarto, o que o torna especial pelo ambiente. A impressão é a de que estamos em casa.
Chyoda-ku, onde ficam os grandes hotéis de Tóquio, é um dos grandes centros financeiros e comerciais de Tóquio. Fica ao lado de Ginza, onde alguns dos melhores restaurantes da cidade estão.
Bem próximo ao hotel fica o Palácio Imperial do Japão, cercado por um belo parque, que proporciona agradáveis caminhadas. Para as compras, um ótimo lugar é o Dover Street Market, que vale a visita. Marcas como Gucci, Louis Vuitton e Prada são algumas que se encontram por lá.
O acesso é fácil, seja de táxi ou de metrô, que oferece diversas linhas que cortam todos os cantos da cidade. Para quem for viajar pelo Japão de trem a partir de Tóquio, terá a comodidade de estar ao lado da Tokyo Station, onde onde saem os famosos trem-balas para todos os cantos do país.
Tóquio é pulsante e ali, um dos centros nervosos. O Hoshinoya é um oásis no momento em que tudo que queremos é desligar e viajar um pouco no tempo. Poucos hotéis na cidade oferecem esse encontro do tradicional com o moderno de forma tão primorosa.
Serviços:
1-9-1 Otemachi, Chiyoda-ku, Tóquio, Japão.
Telefone: 00 81 50 3786 1144
Site: hoshinoyatokyo.com
Tarifas
A suíte de 87m2 hospeda até 3 pessoas
As tarifas para 2 pessoas custam entre 78.000 ienes (R$ 2.400) a 144.000 ienes (R$ 4.305)
Café da manhã 4.752 ienes (R$ 145)
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.