Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Tenho certeza que, ao menos uma vez, você já esteve em uma destas galerias de arte. São 37! Talvez, você só não tenha se dado conta. Na correria do dia, as obras de arte expostas nestas galerias sempre perdem em atenção para os trens que circulam entre uma plataforma e outra. Sim, estou falando da arte no metrô, espalhada por toda a cidade.
Por todo o mundo, existem estações de metrô que exibem arquitetura e obras de arte que deixariam qualquer um de queixo deslocado. Dá para fazer um roteiro lindo pelos subterrâneos de Estocolmo, Taiwan, Frankfurt, Nápoles e Moscou (ai que saudades!). Mas vou te contar que São Paulo não fica atrás de nenhum destes lugares no glamour.
Aqui são cerca de 90 obras de arte espalhadas por 37 estações. São murais, painéis, instalações e esculturas de artistas grau 10 na escala da cena da arte moderna e contemporânea brasileira. De repente, você pode estar ali desprevenido e vê um legítimo Cícero Dias, uma peça incrível de Tomie Othake ou ainda um avassalador Emanoel Araújo.
Então, que tal abandonar a pressa de do dia a dia e se presentear com um passeio de arte pelo metrô da cidade de São Paulo? Eu acho digno! E por isso, na minha extrema coragem (ou total falta de juízo – o que dá no mesmo!), selecionei as obras mais legais que estão nas galerias subterrâneas no metrô de São Paulo.
Estação Sumaré – Linha Verde: Alex Flemming, Sem título, 1989. São 44 retratos (22 numa plataforma e mais 22 na outra) e, 22 poemas de autores brasileiros, impressos sobre vidro. As fotografias assemelham-se às dos RGs ou dos passaportes, e remetem à questão da identidade de todos nós brasileiros.
Estação Sé – Linha Vermelha: Alfredo Ceschiatti, Sem título, 1978. A linda mulher reclinada apresenta todos os aspectos que marcaram a obra do artista: formas sintéticas, elegantes e harmoniosas.
Estação Brás – Linha Vermelha: Amélia Toledo, Caleidoscópio, 1999. São placas de aço inoxidável curvadas, polidas ou pintadas de azul e violeta, formando um conjunto escultórico que toma boa parte do espaço do mezanino da estação. Imagina, uma instalação que você pode caminhar por ela e ver seu reflexo retorcido nas placas de aço.
Estação Brigadeiro – Linha Verde: Cícero Dias, Cores e Formas, 1991. O mural pertence à última fase do artista, quando ele trabalha com figuras geométricas. A obra impressiona pelas dimensões espetaculares e por ser todo trabalhado em lajotas de cerâmicas. Se você se trocar de lado na plataforma (sentido Vila Madalena), dará de frente com um painel bafônico de 40 metros chamado Des-aceleração, 1991, de Fernando Lemos.
Estação das Clínicas – Linha Verde: Denise Milan e Ary Perez, O Ventre da Vida, 1993, A obra é composta por cristais de rocha iluminados, vistos por uma abertura na parede. O trabalho fica no corredor que dá acesso ao Hospital das Clínicas e é uma sensação incrível ver o brilho dos cristais naquele lugar.
Estação Palmeiras/Barra Funda – Linha Vermelha: Emanoel Araújo, A Roda, 1990. Construída a partir de chapas de aço carbono dobradas e soldadas, a escultura dá a impressão de ser uma roda leve (Que nada! A obra pesa 2 toneladas! Creiam!)
Estação Jardim São Paulo – Linha Azul: Maria Bonomi, Construção de São Paulo, 1998. Em dois cubos suspensos no teto da estação, a artista elege como tema a cidade em vários planos, da superfície aos subterrâneos. Os dois murais sempre são vistos em movimento – o do trem ou o da estação. Confesso que a visão quando se está dentro do vagão é impressionante. Caso você queira dar mais uma esticadinha no passeio, na mesma Linha Azul, vá até a estação da Luz. Lá tem outro painel admirável de 73 metros da mesma artista, chamado Epopeia Paulista.
E na minha última obra de arte no metrô selecionada, é obrigatória a visita na Estação Consolação – Linha Verde: Tomie Ohtake, Quatro Estações, 1991. São quatro painéis que se referem ao verão, inverno, outono e primavera, nas cores amarela, vermelha, azul e verde respectivamente.
Essas são minhas sugestões, mas você pode selecionar outras obras e estações. Todas valem sua vista. No Arte no Metrô da Companhia do Metropolitano de São Paulo existem muitas outras informações, além de um livro digital bem bacana. A única estação que é sem gracinha é a Estação Trianon MASP. Nela, você verá reproduções de diversas obras espalhadas pelos museus da cidade. Não perca muito tempo, suba e faça uma visita ao MASP, que é mais legal! Mas, no fim de tudo, aposto que o passeio pelas estações do metrô será inusitado e o melhor: você conhecerá todas as obras por somente R$ 3,80 – o preço do bilhete.
Foto de destaque: Estação da Luz, Linha Azul, Epopeia Paulista, Maria Bonomi, 2004. Foto. Percival Tirapeli (cortesia)
E uma iniciativa das mais interessantes. Em algumas cidades europeias se for necessario um onibus, eles colocam um pequeno video (resumo com imagens) das principais obras de arte e lugares turisticos do destino. Portanto, mesmo que a pessoa não va visitar, ja tera uma ideia sobre aquela cidade e seus valores.
Paulina, você tem razão. Seria um sonho termos os roteiros das obras de arte públicas da cidade de São Paulo nos ônibus e com acesso para todos. Mas, vamos enfrente! Uma hora a gente chega lá!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.