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Exposição em Londres mostra as revoluções e a contracultura dos anos 60 e 70

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

30 de August, 2016

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Você diz que quer uma revolução? Então, prepara-se! O Museu Victoria & Albert, em Londres, está organizando não uma, mas várias! E o melhor: são revoluções que mudaram o mundo e nos ensinaram a ser jovens para sempre! Todo o universo da contracultura que rompeu com estruturas de poder existente no final dos anos de 1960 está na nova exposição: música, cinema, design, moda e política surgem no seu módulo mais inocente e subversivo, fique esperto!

O ponto de partida da mostra You Say You Want a Revolution? Records and Rebels 1966-1970 (literalmente, Você diz que quer uma revolução? Registros e rebeldes 1966-1970) é o finalzinho da década de 1960, quando o LSD ainda era liberado, e talvez por isso, a opção da curadoria foi dar ao visitante uma experiência alucinante e desorientadora, quando se percorre os 6 ambientes que compõem a exposição.

A alucinação está na base da concepção da mostra. Isso porque os ambientes são imersivos e recheados de instalações audiovisuais em 3D que mostram “tudo ao mesmo tempo e agora” – as inovações e os recursos visuais ficaram por conta da mesma equipe que fez a retrospectiva de David Bowie, em 2013 (lembra-se?). Já a trilha sonora da exposição é uma doideira para aqueles que cresceram ao som de Beatles, Hendrix e Pink Floyd.

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Capa do disco Dark Side of The Moon

Aliás, o delírio psicodélico dos shows da banda Pink Floyd, formada em 1965, está presente na exposição de forma intensa. Seu rock progressivo, as letras, as capas dos discos e os shows pioneiros com luzes e efeitos especiais espetaculares são destaques da exposição. Para as capas dos álbuns, por exemplo, o museu exibe os trabalhos artísticos originais dos designers e fotógrafos. Aqui, pausa para um momento sentimental: The Wall foi meu primeiro disco, quando era pirralha! Já pensou ver os croquis da capa, os detalhes da produção do concerto, as letras e as músicas? Nem consigo disfarçar meu entusiasmo!

Mas, voltando à exposição: tudo começa com a recriação de Carnaby Street, famosa rua do bairro do Soho, em Londres, onde os jovens se reuniam em 1966. As músicas selecionadas para esse ambiente são de The Kinks, Beach Boys e Martha Reeves & The Vandellas. Para os filmes, inclui-se Blow Up (1966) e Alfie (1966). Nessa primeira parte da mostra, a intenção é reconhecer Londres como um centro cultural jovem, dedicado à moda, à música, à arte e à fotografia.

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Blow Up

Em seguida, parte-se para a atmosfera dos clubes, onde era possível experimentar estilos de vida alternativos. Surge daí a “ideia de revolução na cabeça”. As drogas, o oculto, a literatura clandestina e a rádio pirata estão neste pacote.  A exposição recria, então, o UFO Club, em Londres, conhecido pelos shows psicodélicos e filmes avant-garde. A banda da casa era só a Pink Floyd. No UFO, também se vendeu o primeiro alimento macrobiótico do Reino Unido (era ou não alternativo?).

Os Beatles surgem em diversos momentos da exposição, mas o destaque é mesmo a pegada libertária deles com o lançamento de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, em 1967. Nesse pedacinho da mostra, as letras manuscritas de Lucy In The Sky With Diamonds, as ilustrações originais de Alan Aldridge, a correspondência de George Harrison com um professor de Cambridge sobre a busca por um caminho espiritual mais elevado e o diário de Harrison escrito durante as gravações de Sargento Pimenta são demais.

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Poster de Wes Wilson

A revolução que acontecia nas ruas é fortemente vivenciada na exposição. As revoltas estudantis de Paris, em 1968, surgem nos cartazes colados nas paredes durante os protestos, nas filmagens e músicas relacionadas às manifestações. A oposição à Guerra no Vietnã é representada pela propaganda recolhida na época e por bonecos usados nas peças teatrais anti-Vietnã que aconteciam em São Francisco (EUA). Figuras como Mao Tsé-Tung, Che Guevara e Martin Luther King – todos os ícones da contracultura – estão em pôsteres, fotos e cartazes.

O outro lado da moeda: a revolução do consumismo, acirrada pela chegada do cartão de crédito, aparece na coleção de slogans, anúncios e jingles que estão na mostra. Juntamente com isso, o papel da TV e das coberturas jornalísticas feitas em tempo real: a fotografia Earthrise, feita durante a missão Apollo 8, está na exposição ao lado de uma rocha lunar emprestada pela NASA.

A revolução do “viver juntos” (ideia espalhada pelos grandes festivais de música) é exibida através de instrumentos e figurinos dos cantores e músicos, além de cenas de Monterey, Woodstock, Glastonbury e Newport Jazz Festival. O ponto central, sem dúvida, é Woodstock, em 1969. Uma guitarra em pedaços e pertencente a Jimi Hendrix merece uma afetuosa atenção!

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John Sebastian tocando em Woodstock

A exposição sai do “viver juntos” para as comunidades alternativas da Costa Oeste dos EUA. Comunidades na Califórnia e em outros lugares foram fundadas com rock psicodélico, liberação sexual, rejeição das instituições e um “retorno ao viver da terra”. Nesse ambiente da mostra, a trilha sonora é California Dreaming, The Mamas & The Papas, Aquarius/Let the Sunshine In, The 5th Dimension, combinada com cenas de filmes, incluindo Easy Rider (1969).

No final da mostra, tem uma réplica do primeiro mouse de computador, projetado por Douglas Engelbart, e a exibição de um microcomputador Apple, de 1976 – mas, esse dois objetos, como sabemos, são de outra revolução.

Se depois de tudo isso, você não teve condições de escolher a sua revolução ou ainda quer viver todas elas, se apresse! A mostra Você diz que quer uma revolução? Registros e rebeldes 1966-1970 abre dia 10 de setembro e encerra em 26 de fevereiro de 2017, no Museu Victória & Albert, em Londres. Conheço gente que já comprou o ingresso!

Imagem do Destaque: foto tirada por Bernie Boston para o Washington Post durante os protestos anti-Vietnã na frente do Pentágono em 1967.

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

30 de August, 2016

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Alecsandra Matias

Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.

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