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Um guia para explorar a arquitetura brutalista em Berlim.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, que deixou grande parte da Alemanha – e sobretudo sua capital Berlim – em ruínas, a arquitetura encontrou terreno fértil para a implementação de conceitos, técnicas, uso de novos materiais e até mesmo previsão do futuro.
Os arquitetos, principalmente na antiga Alemanha Ocidental, entraram numa grande discussão: reconstruir os prédios antigos, tal qual existiam antes de sua destruição, ou construir prédios totalmente novos, fundados na arquitetura contemporânea, que já havia começado a se desenvolver antes da guerra e que estava em plena ascensão ao redor do mundo.
Em 1957, a Exposição Internacional de Berlim, que teve como tema a “cidade do amanhã”, recebeu o nome de Interbau e proporcionou a reconstrução do bairro de Hansaviertel, ao lado do Tiergarten, contando com nomes como Le Corbusier, Walter Gropius, Arne Jacobsen e Oscar Niemeyer, dentre os mais de 50 arquitetos e urbanistas envolvidos.
Nesse contexto de funcionalidade, baixo custo e estética inovadora, representando as necessidades da sociedade contemporânea daquela época, o concreto passou a ser o material mais empregado nas novas construções, por suas qualidades econômicas e técnicas, com incrível maleabilidade, capaz de dar forma às mais variadas criações.
E é justamente o concreto, com aquela aparência de trabalho não concluído, o responsável por dar o nome ao movimento brutalista, que faz referência à Le Corbusier e sua escolha pelo béton brut, o concreto armado aparente, em francês.
Na Europa devastada pela guerra, esse estilo de arquitetura foi muito empregado como solução para construções de prédios residenciais, governamentais e comerciais com baixo custo, em oposição à frivolidade da arquitetura dos anos 1930 e 1940, deixando as construções com uma aparência natural, anti-burguesa.
Após a divisão da Alemanha, Berlim Ocidental tornou-se um grande display do mundo ocidental e capitalista. Era um território ilhado em meio ao socialismo do leste, servindo muitas vezes como um veículo de propaganda do que de melhor havia no modo de vida da Alemanha Ocidental capitalista. E a arquitetura era só mais um dos instrumentos usados para promover o poder e a supremacia do Ocidente, refletindo seu estilo de vida contemporâneo.
Por isso, a maior parte dos prédios de arquitetura brutalista em Berlim encontra-se na parte ocidental da cidade. Confira abaixo os principais prédios de arquitetura brutalista em Berlim:
É sem dúvida o exemplo mais impressionante na cidade. Construído nos anos 1970, o prédio foi concebido para abrigar o centro de pesquisas de medicina experimental da Universidade Livre de Berlim e tem o apelido de “mouse bunker”, devido aos mais de 80 mil ratos que já foram usados para testes!
Localizado no extremo sudoeste da cidade, no aprazível bairro de Lichterfelde, à beira do canal Teltow, o prédio se parece com uma nave espacial, com suas minúsculas janelas triangulares, permitindo total controle da incidência da luz natural, e com seus tubos de ventilação na cor azul, contrastando com o onipresente cinza do concreto da fachada e fazendo as vezes de canhões da nave espacial imaginária.
Deleite puro para os fãs de retro-futurismo!
Logo ao lado do Instituto de pesquisa de medicina experimental, o prédio do Instituto de Higiene e Medicina Ambiental é uma estrutura maciça de concreto, com detalhes em vidro e metal, e que remete à lateral de um barco a vapor navegando pelo rio Mississipi.
O prédio, que tem a forma de uma torre de obervação de três andares, localizado logo acima da estação de metrô Schlossstrasse, no centrinho do bairro de Steglitz, foi criado para abrigar um bar-restaurante.
Fechado há dez anos, a fachada foi tomada por grafiteiros, dando um colorido pop-art ao cinza do concreto.
Localizado na Pallasstrasse, no bairro de Schöneberg, e construído sobre um antigo bunker, pode ser considerado o equivalente do já demolido Edifício São Vito, em São Paulo. Construído no final dos anos 1970, o prédio já foi uma espécie de cortiço vertical e contava com viaturas da polícia dia e noite em algumas de suas portarias.
Desenhada pelo arquiteto Werner Düttmann e localizada numa área residencial do bairro de Kreuzberg, em meio a prédios de concreto pré-fabricado e muita área verde, a antiga igreja deu lugar à galeria de arte contemporânea König.
Utilizando as antigas instalações da empresa de máquinas de impressão Rotaprint, no bairro de Wedding, hoje o prédio é ocupado por uma associação que promove eventos e também atividades culturais e sociais, voltadas aos moradores da região.
Talvez o único exemplo de prédio brutalista na área pertencente à antiga Berlim Oriental, no bairro de Mitte, a embaixada da Checoslováquia foi concebida pelo casal de arquitetos Vera e Vladimir Manchonin, no final dos anos 1970.
Localizada no bairro de Spandau, ao lado do rio Havel, é um raro exemplo da arquitetura brutalista em uma residência particular.
Mapa com todos os locais descritos neste post:
No seu aniversário de sete anos, ganhou um globo terrestre e pouco depois já sabia (quase) de cor o nome das capitais dos países do mundo. Ainda não conheceu a Ásia e a Oceania, mas mudou há cinco anos para Paris e mora há dois em Berlim. É péssimo em senso de orientação. Sempre acaba se perdendo nas ruas transversais e achando aquele café ou loja que você vai ver indicado na edição de um guia de viagem só no ano seguinte.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.