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Quem escreveu

Jade Gola

Data

26 de February, 2016

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Com 18 milhões de km², a América do Sul corresponde a 12% da superfície terrestre. Eis aí um dado que abre a dimensão do nosso continente, com muitos destinos para você planejar uma viagem mais diferente do que aquele fim de semana em Buenos Aires que, apesar de legal, é meio manjado para aventureiros já iniciados… Por terra, água ou ar, as fronteiras da América do Sul são muitas, e ao longo do tracejado do nosso Brasil, é possível planejar roteiros inusitados e conhecer um pouco melhor a integração entre os países desse vasto naco de terra ao Sul do Equador.

Essa breve lista traz 7 destinos e rotas ao longo das fronteiras brasileiras para você rabiscar o mapa do nosso continente como ninguém.

A TRÍPLICE FRONTEIRA

Comecemos a lista pela fronteira mais conhecida do nosso continente: a junção dos rios Paraná e Iguaçu marca o limite fronteiriço entre Brasil, Paraguai e Argentina. É um dos grandes centros geográficos e políticos do continente, com uma das atrações turísticas mais célebres da América do Sul, dividida pelos três países: as Cataratas do Iguaçu.

Do lado brasileiro, o parque é mais ajambrado e pode-se ter uma vista mais ampla das quedas. Mas no lado argentino do parque fica a maior queda das Cataratas, a Garganta do Diabo.

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Cruze a fronteira argentina e visite de perto a Garganta do Diabo, a maior queda d’água das Cataratas

Um bom passeio pela famosa Tríplice Fronteira pode ser feito em 3 dias. Além das cataratas dos lados argentino e brasileiro, é possível visitar por dentro e por fora a gigantesca Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo, e responsável pela geração de grande parte da energia utilizada pelo Brasil e pelo Paraguai.

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Por R$ 16, a iluminação noturna de Itaipu é um dos passeios pela Usina

Outros passeios na região incluem sentir uma atmosfera argentina tomando um helado, comprando azeitonas recheadas e comendo chorizo na pacata Puerto Iguazu, a cidadela argentina da fronteira, que conta ainda com outlets, lojas diferenciadas, e cassino!

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Cruze a pé a Ponte da Amizade para uma verdadeira experiência paraguaia

E claro, há o clássico passeio por Ciudad del Este, entrada paraguaia após a altíssima Ponte da Amizade, para comprar bugigangas por preços módicos (bebidas importadas, tequilas e eletrônicos como HD externos são hits). A cidade é bagunçada, caótica, e os paraguaios não hesitam em assediar muito os turistas. Dica dada pelos paranaenses da fronteira: não é aconselhável entrar no país com um carro de placa brasileira, então fica a dica para cruzar a Ponte da Amizade a pé ou de comboio.

DA AMAZÔNIA AO CARIBE VENEZUELANO

Está visitando ou mora em Manaus ou Boa Vista (Roraima)? Saiba que um dos destinos litorâneos mais próximos do nosso extremo Norte é a costa caribenha da Venezuela. De Manaus até Puerto La Cruz, cidade costeira venezuelana e porta de entrada para a turística Isla Margarita, há acesso em uma linha reta de 1.940km, cruzando a capital de Roraima e as florestas do Parque Nacional de Canaima, logo ao entrar em território venezuelano.

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Manaus – Puerto La Cruz

A viagem de carro é longa e demanda um par de dias, além de paradas pelas cidades do caminho. Aproveite para conhecer a pacata Boa Vista (RR) e a Amazônia venezuelana, que eles chamam de Canaima ou Savana. Cuidado com a burocracia e com a polícia venezuelana. Nas várias histórias dessa travessia, relatadas em blogs e no TripAdvisor, não faltam relatos de gente esperta querendo se aproveitar dos brasileiros. O conselho é cruzar o caminho até Puerto La Cruz o mais rápido possível. A Eucatur, aliás, é a empresa de ônibus que fazia o trajeto Boa Vista – Santa Elena de Uairén, mas que cancelou a rota devido aos assaltos. De todo modo, muitos amazonenses vão curtir o verão nas águas do Caribe.

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Alugue um carro por uma semana e vá subindo de Manaus até o Mar do Caribe!

A região do Monte Roraima, tanto o lado brasileiro, quanto o venezuelano, está a cerca de 200 Km dessa estrada que liga Manaus ao Caribe.

MUITAS ENTRADAS PARA O PEQUENO URUGUAI

O Uruguai está na moda e muita gente quer visitar nosso pequeno e progressista vizinho do Sul. Que tal aproveitar e entrar no país conhecendo antes o pampa e as prosaicas cidades do Rio Grande do Sul?

Partindo de tradicionais cidades médias do estado, como Bagé e Pelotas, são 600 Km de carro ou ônibus até destinos uruguaios famosos, como a deserta praia de Cabo Polonio ou a glamurosa Punta Del Este. Outro ponto litorâneo dessa fronteira meridional é o Chuy gaúcho, com a inóspita praia da Barra do Chuy, cheia de campings. De lá até Cabo Polonio é mais perto ainda, 98 Km.

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O refúgio uruguaio de Cabo Polonio: a 350 Km de Pelotas e a 98 Km do Chuy, marcos do Rio Grande do Sul

Outra rota que cruza o pampa uruguaio, muito fácil de se cruzar de carro ou de ônibus, é da fronteira entre Santana do Livramento (RS) e Rivera (Uruguai) até a capital Montevidéu, com 600 Km. Para efeito de comparação, é a mesma distância entre São Paulo e Belo Horizonte.

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Cruze o Uruguai: Montevidéu está a 600 Km da fronteira brasileira e dos pampas gaúchos

Boa viagem para fazer sem pressa, alma na estrada e para conhecer o cotidiano de uma fértil e histórica área do sul da América do Sul.

CORUMBÁ: PORTAL PARA A BOLÍVIA

Sempre sonhou em fazer um mochilão pela Bolívia? Adentre nosso peculiar vizinho por Corumbá, tradicional cidade fronteiriça do Mato Grosso do Sul. Passe um dia na cidade: caminhe pelas margens do Rio Paraguai, visite o centro histórico do Casario do Porto, aprecie a rica culinária que é mescla de sabores brasileiros, bolivianos e paraguaios: saltenhas, arroz boliviano, peixes do Pantanal, hmmm… Comida interiorana com toque sul-americano. A cidade está a 430 Km de Campo Grande, a capital mato-grossense. A Azul opera voos entre as cidades.

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Corumbá é o Pantanal, é o Rio Paraguai e é a entrada para a Bolívia. E é bastante calor também.

Acorde cedo para fugir do calor e das filas de imigração em Corumbá e entre de ônibus até a cidade boliviana de Porto Quijarro (esse post de um blog de viajantes dá todas as explicações para cruzar essa fronteira). Nesta pequena cidade, há diversos ônibus para Santa Cruz de La Sierra, a maior cidade do país, a cerca de 650 Km de distância.

E há também o famoso trem Expreso Oriental, que leva 18h de viagem e que sai de Porto Quijarro até Santa Cruz, um sucesso entre os mochileiros pelo seu preço barato e a tranquilidade da demorada e bonita viagem pelo solo boliviano.

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Relaxe e curta o visual. São 18h de trem da fronteira em Corumbá (MS) até Santa Cruz de la Sierra.

Da central cidade de Santa Cruz de La Sierra, você pode planejar rotas para destinos turísticos bolivianos como a capital La Paz ou o Salar de Uyuni. Lembrando que há voos diretos de Santa Cruz de La Sierra para grandes cidades brasileiras.

DOS PAMPAS GAÚCHOS AO PANTANAL ARGENTINO

Você sabia que a Argentina também tem um Pantanal? São os Esteros del Iberá, uma área quase do tamanho de Israel, na província de Corrientes, a cerca de 240 Km de importantes cidades fronteiriças dos pampas gaúchos, como São Borja e Uruguaiana (essa última é importante ponto fronteiriço da rota até Buenos Aires).

Diz-se que esse humedal de infinitos canais fluviais, pântanos, lamaçais, com mais de 30.000 lagos, é das áreas menos poluídas do planeta. Mais inseridos no clima subtemperado argentino do que o tropical, é uma boa expedição para observar a fauna silvestre: cervos, lontras, cavalos selvagens, lobos, jacarés e roedores locais como a viscacha, espécie de chinchila.

Gol e Tam oferecem voos de capitais brasileiras para Rosário, o aeroporto internacional mais próximo, a 700 Km (informe-se aqui sobre ônibus e rotas de Rosário até os Esteros). De Uruguaiana ou São Borja, a estrada é rápida até as cidades que rodeiam esse pântano argentino. Colonia Carlos Pellegrini é o maior entreposto turístico dos Esteros del Iberá, onde ficam pousadas, hotéis, caravanas de viagem e guias. É possível visitar os pântanos dos Esteros de lancha, ultraleve, trilhas e também por caminhos off-road.

Em 2001 a Rede Globo fez um “Globo Repórter” na região, sobrevoando esse grandioso pântano e registrando a fauna e os moradores locais.

A FRONTEIRA AMAZÔNICA DE BRASIL E COLÔMBIA

Com 1.644 Km no extremo noroeste brasileiro, a nossa fronteira com a Colômbia é apelidada de “Cabeça de Cachorro” por causa do peculiar desenho animalesco formado pelo tracejado limítrofe entre os dois países, todo localizado na Floresta Amazônica.

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Típica embarcação fluvial que faz a linha Manaus – Tabatinga, de 4-5 dias

Há apenas um ponto de fronteira densamente habitado entre os dois países: as cidades de Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia). Tabatinga está a mais de 1000 Km de Manaus. A Azul opera voos (caros) de lá, e o mais interessante é fazer a viagem de 4 a 5 dias – Rio Solimões adentro – entre as duas cidades amazonenses. Naturalmente, não há estradas no meio da floresta. Esse blog tem bons relatos e dicas dessa viagem, que é tranquila e bonita, apesar de longa. As passagens de barco vão de R$ 200 (dormir em redes) até R$ 1.500 (cabines exclusivas).

Tabatinga e Letícia marcam uma fronteira urbana conurbada entre Brasil e Colômbia, na Alta Amazônia. A Avenida da Amizade liga as duas cidades gêmeas, cujos habitantes (60 mil no Brasil e 40 mil na Colômbia) convivem cotidianamente.

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A mancha urbana das cidades gêmeas de Tabatinga (Brasil) e Leticia (Colômbia); a ilha fluvial é o território peruano de Santa Rosa

As principais atrações são os igarapés e as praias que se formam no Solimões no refluxo do rio, principalmente ao longo da estrada entre as duas cidades. No mais, é conhecer o cotidiano bucólico e interiorano-amazônico dessas duas pequenas manchas urbanas gêmeas e internacionais, localizadas no coração fronteiriço da maior floresta do mundo.

O Portal Tabatinga traz bastante informações e serviços sobre a cidade e a fronteira.

ESTRADA DO PACÍFICO: DO ACRE AO PERU

A rota terreste do Acre até Cusco/Macchu Picchu é uma verdadeira joia pouco comentada do turismo sul-americano. De Rio Branco até Cusco são 1000 Km pela Estrada do Pacífico, rota asfaltada da capital do Acre até o litoral peruano no Pacífico, costeando ainda o famoso Lago Titicaca, que divide Peru e Bolívia.

Blogueiros e diários de viagem narram uma estrada com cenários fantásticos, para transitar sem pressa durante dias e cruzar com “vulcões entrando em atividade, campos habitados por alpacas, lhamas e vicunhas, praias de água geladas, uma culinária rica e um povo hospitaleiro”, como narrou o jornalista e fotógrafo brasileiro Diego Gurgel nesse post. Esse outro post traz detalhes das condições das estradas (o lado brasileiro é o mais mal conservado, relatam), além de preços de pedágios e sugestões de rotas.

*Os ônibus até Lima, no Peru, cujas linhas são operadas pela empresa Ormeño, é a mais longa rota rodoviária saindo de São Paulo. É possível comprar só o trajeto de Rio Branco até Cusco e chegar ao Peru de ônibus, saindo do Acre!

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De Rio Branco (AC) a Cusco (Peru), 1000 Km da linda grandiosidade sul-americana para contemplar

A fronteira entre Brasil e Peru ocorre entre a cidade acreana de Assis Brasil e Iñapari, cruzando o Rio Acre. O Peru é conhecido pelos preços módicos. O grande investimento deve ser o aluguel de um carro simples a partir de Rio Branco, além das pousadas/hotéis nas cidades do caminho para descanso.

É um trajeto interessante para sentir a dimensão e a proximidade de nosso continente, cruzando uma rota que vai da Floresta Amazônica a horizontes áridos, sem falar de impressionantes picos nevados peruanos. Ao final, na histórica Cusco, pode-se chegar rapidamente ao paraíso perdido inca de Macchu Picchu. Ir para Macchu Picchu de carro, por essa você não esperava!

Quem escreveu

Jade Gola

Data

26 de February, 2016

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Jade Gola

Jornalista, pesquisador musical, notívago e apaixonado por viagens, rotas, jornadas e pela complexa geografia do nosso pequeno grande mundo. Tanto em texto quanto nas experiências de vida, interessado na interação entre culturas, espaços, histórias e "fait divers". Siga em facebook.com/jadegola e twitter.com/jadegola.

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