Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Nós aqui do Chicken or Pasta encerramos nossa cobertura do festival SXSW em grande estilo: um happy hour com conteúdo sobre as tendências do festival. Aproveitamos também para anunciar nossa parceria com o Festival Path, festival que já é nosso evento-xodó aqui no Brasil.
Perdeu? Não tem problema. Você pode acessar aqui o vídeo do evento inteiro e todo o conteúdo que rolou. Agora, se quiser só uma palhinha, contamos o que vimos como principais tendências no SXSW nesse resumão abaixo:
Um dos assuntos mais falados do SXSW foi inteligência artificial. Mas, se o assunto vem sendo discutido há anos, por que é uma das principais tendências de 2016? Porque agora temos todos os elementos de que precisamos para que as máquinas aprendam sozinhas rapidamente: a quantidade de dados existentes (big data), a mobilidade (celulares) e o cloud (nuvem), mais a aceleração dos processos de aprendizado com redes neurais.
Para explicar um pouco o que é isso: o cérebro humano olha uma igreja e reconhece que é uma igreja, baseado nas múltiplas igrejas que já vimos na vida e similaridades entre elas. Em vez de algoritmos, hoje, o Google Imagens consegue, por associação das igrejas que foram marcadas como igrejas, “entender” os padrões de uma igreja e aplicar a todas as demais. Quer um exemplo? Vai no seu próprio Google Fotos e digite “Comida“: a máquina consegue reconhecer todas as fotos que parecem ser de comida, mesmo sem você ter contado para elas.
Além disso, ainda em 2016, as máquinas começam a avançar significativamente no entendimento da “linguagem natural” dos humanos. E por que isso é uma ótima notícia? Seu assistente pessoal eletrônico, como a Siri ou o Cortana, da Microsoft, poderão “entender” uma troca de emails com seus amigos e já agendar aquele jantar ou bar que você marcou com eles. Sem você precisar falar palavras chave com o robô, como é hoje.
Esse ano ainda houve uma democratização do uso de AI – desde desenvolvedores que já podem trabalhar com o Watson, da IBM, ou acesso ao TensorFlow, biblioteca de AI aberta do Google, aos tuiteiros que queriam bater papo com o Tay (o robozinho tuiteiro da Microsoft, que acabou sendo retirado do ar porque se mostrou racista).
Se você é virgem em realidade virtual, deve sabe ao menos que “tem a ver” com aqueles óculos que deixam seu look do dia nada sexy. Mas vemos o nascimento de um novo meio de comunicação: é a primeira vez que o espectador é inserido dentro da tela, não fora dela.
Por que é tendência se já falamos há tanto tempo de VR? Porque, pela primeira vez, ela saiu da fase conceitual para a fase comercial, com os primeiros óculos Rift que já foram entregues na última semana.
Lá no SXSW pudemos ver as efetivas aplicações: uma viagem para Nasa, acompanhamento de cirurgias, uma viagem de LSD ou até mesmo experiências pornográficas. Afinal, a indústria adulta é que mais ajudou na evolução da Internet, do avanço em streaming (a Netflix agradece!) a métodos de pagamento.
Outro tópico de que se falou muito foi a internet das coisas, ou melhor, a Internet de Tudo, quando você não conecta simplesmente coisas, mas também dados, pessoas, processos e a inteligência por trás disso. Imagine uma cidade inteira conectada? É uma das dimensões por trás do conceito de Smart Cities.
O que isso significa na prática? Imagine que você pode entrar dentro do seu carro que se auto-dirige, como o do Google, e falar : “Carro, vamos para casa”. Automaticamente o ar condicionado já liga na temperatura de que você mais gosta. Seu smartwatch conta para a sua geladeira que seu dia no trabalho foi estressante e a geladeira prevê que provavelmente você irá tomar duas taças de vinho. Vendo que isso finalizará seu estoque, já solicita para o supermercado uma entrega do seu vinho favorito no dia seguinte. Nada mal, não?
Diferente de AI e VR, a tecnologia já existe, mas ainda está em fase conceitual e de protótipos e não comercial, até porque existem várias questões éticas envolvendo essas relações. Ou seja, não adianta tentar ir às Casas Bahia encomendar a geladeira que pede vinhos automaticamente.
Em um mundo em que sua geladeira sabe que você come chocolate toda noite e em que seu relógio de pulso sabe se você fez exercício ou não, essa seria uma informação que você gostaria que seu convênio médico tivesse acesso para poder ajustar o valor do seu plano de saúde? Se sua TV escuta hoje as conversas da sua casa, conforme a polêmica que aconteceu recentemente com a Samsung, qual o limite do uso dessas informações?
Esse tema foi amplamente discutido no SXSW. A conclusão a que a maior parte dos painéis chegou é que quando existe uma conveniência significativa, estamos dispostos a abrir mão da nossa privacidade. Afinal, se alguém come direitinho, faz exercícios todos os dias, e isso é comprovado, por que ela não deveria ter descontos em planos de saúde?
E falando em consciência, outro dos grandes temas discutidos foi o propósito nas organizações. Quando eu mesma estudei administração há alguns anos, os livros diziam que “o objetivo das organizações é dar lucro aos acionistas”. Mas e os fornecedores? E os funcionários? Da mesma forma que dinheiro é um meio para atingirmos nossos objetivos pessoais, e não nosso propósito final, começa-se a discutir como as organizações devem resolver problemas da sociedade. E não simplesmente ter resultado financeiro como seu propósito.
No SXSW falou-se muito sobre as B Corporations e como as empresas devem medir seu impacto em toda cadeia: fornecedores, sociedade, acionistas ou funcionários. Também foram muito discutidas as novas estruturas que ampliam a autonomia e rapidez da empresa em hierarquias mais horizontalizadas, a exemplo do Zappos e Medium, empresas que funcionam “sem chefes” ou estruturas hierarquizadas.
Nunca conhecimento, tecnologia e pessoas foram tão acessíveis ao dedo de qualquer um. E, por isso mesmo, movimentam as pessoas a buscar resolver problemas e encontrar soluções, a exemplo do boom do empreendedorismo, movimento maker ou da infinidade de pessoas assumindo projetos paralelos aos seus empregos formais. Um dos maiores símbolos foi a presença do Obama indo ao SXSW para fazer um chamado aos geeks, desenvolvedores e solucionadores de plantão: vocês veem problemas? Venham fazer parte da solução! Foi um convite claro do próprio governo americano às pessoas.
Gosta desse tipo de assunto? Quer queimar alguns neurônios para o bem? Super recomendamos se inscrever no festival Path, festival de inovação e criatividade criado pelo O Panda Criativo, para todos que queiram inovar a forma de pensar e agir. Palestras, shows, filmes e mais atividades formam a Cidade Path, uma experiência em educação, entretenimento e negócios, conectando a comunidade criativa de todo o Brasil.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.