Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A capital da Polônia foi palco de alguns dos episódios mais terríveis das grandes guerras mundiais, e das consequências delas. Tanto que seu nome em inglês, irônicamente, pode ser traduzido como ‘viu a guerra’. Varsóvia foi dilapidada algumas vezes, e teve que se reconstruir e se reinventar para poder seguir em frente. Hoje, as marcas da história continuam por todos os lados, e no rosto sério dos poloneses, mas a cidade floresceu depois da queda da União Soviética, e está se transformando rapidamente em um lugar moderno e cheio de vida.
Isso fica bem visível só de se andar nas ruas. Ainda existem muitos terrenos vazios, que devem ter sobrado dos bombardeios, e em muitos deles é possível se ver uma quantidade enorme de street art. Uma obra mais linda que a outra na lateral de casinhas tradicionais, prédios comunistas e até edifícios históricos. Os poloneses enfrentam seu passado sem considerar que vivem em um museu a céu aberto.
A moeda por lá é o złoty, que custa 10% menos que o nosso real. Então os preços são surpreendentemente baixos. É possível fazer uma boa refeição com taça de vinho por menos de R$30. O único entrave para se conhecer Varsóvia é mesmo o clima. Os meses do inverno são bem cruéis, e muita coisa praticamente fica em estado de hibernação. Mas no resto do ano, Varsóvia é pura festa.
12 horas é muito pouco tempo para ver tanta coisa, então não há tempo para perder. Para começar o dia, um bom café da manhã pode ser encontrado no Green Café Nero. É uma rede de cafés bem grande no país, que tem em todos os bairros da cidade, mas tem boa comida e cafés bem tirados. Isso sem contar nos doces e tortas que ficam à mostra no balcão, e os smoothies que são deliciosos e refrescantes. Faça uma refeição bem farta para aproveitar bem a manhã.
Impossível ir a Varsóvia e não conhecer – e vivenciar – sua história tão marcante. Dois museus novos contam partes importantes dela de forma interativa e com uma arquitetura de ponta. O primeiro é o Museu do Levante, ou Warsaw Uprising Museum. Aqui a história do famoso Gueto de Varsóvia e da resistência travada pelos judeus contra os nazistas é contada de forma muito mais bacana que só fotos e textos. Você pode abrir gavetas dos móveis, arrancar as folhinhas do calendário, ouvir os judeus cantando por trás das paredes, e até atravessar um cano de esgoto munido de uma lanterna, para sentir na pele o que eles passaram. O galpão de bonde onde fica o museu foi reconstruído no distrito de Wola, bem no lugar onde ficava o gueto. Endereço: Grzybowska 79, Varsóvia. Horários: Sexta, das 8 às 18h; Sábado e domingo, das 10 às 18h; Segunda, das 8 às 18; Quarta, das 8 às 18h e Quinta, das 8 às 20h. Não abre às terças. Ingressos: 18 PLN e gratuito aos domingos.
Para uma experiência um pouco mais leve, mas ainda assim bem informativa, o POLIN – Museum of the History of Polish Jews é o lugar. Pelo nome já dá para ver do que se trata. Apesar do que parece, nem tudo é desgraça na vida desse povo. A exposição é uma narrativa multimídia sobre a comunidade judaica que se formou na Polônia ao longo de mais de mil anos até o holocausto. O prédio fica no meio de um parque, e a arquitetura é de encher os olhos, obra dos arquitetos finlandeses Rainer Mahlamäki e Ilmari Lahdelma. Ele é gigante e leva pelo menos 2 horas para visitá-lo. Endereço: 6 Anielewicza Street, Varsóvia. Horários: Segunda, das 10 às 18h; Quarta, das 10 às 20h; Quinta a sexta, das 10 às 18h; Sábado e domingo, das 10 às 20h. Não abre às terças.
No fim da manhã, para fechar a parte histórica da cidade, que tal um passeio pelo centro antigo? O Stare Miasto é um conjunto de prédios medievais do século 13 ao redor da muralha que foi totalmente reconstruída (utilizando inclusive os tijolos originais) depois da 2ª Guerra. Essa parte é um formigueiro de turistas, mas é inevitável. Nas ruinhas e praças, nos dias quentes, os restaurantes ficam cheios de gente bebericando na calçada e tirando fotos. Em frente ao castelo real, na Plac Zamkowy, a vista do Rio Vístula e do Estádio Nacional é incrível.
Hora de comer, e também de fugir da turistada atravessando o rio e indo para Praga. A margem direita do Vístula sempre foi uma parte mais sem graça da cidade, mas nos últimos anos começou a passar por um movimento forte de hipsterização. Para ir para lá, dá para pegar o metrô, o bonde e um taxi, mas o jeito mais gostoso é mesmo a bicicleta. Varsóvia é totalmente plana, e para alugar uma bike você só precisa fazer um cadastro no site da Veturilo, e registrar um cartão de crédito. Os primeiros 20 minutos são gratuitos, e mesmo depois disso o custo é baixíssimo. Só fique de olho para não pegar uma bike quebrada ou com o pneu furado.
A pedalada deve abrir o apetite, então vá direto para o Soho Factory. Essa área de galpões no meio de um bairro residencial foi totalmente transformado e hoje abriga agências de publicidade e modelos, lojas de estilistas locais, cinema, museu, bares e restaurantes. O mais bacana deles é o Warszawa Wschodnia. O chef Mateusz Gessler transformou uma fábrica em um enorme restaurante e bar com a cozinha aberta (e linda), que faz uma fusão de gastronomia clássica francesa com a cozinha polonesa. Endereço: Mińska 25, Praga, Varsóvia. O restaurante funciona 24h diariamente. Preço médio prato: 40 PLN (o menu degustação contempla 8 pratos e custa 125 PLN)
Ainda no Soho Factory, uma visita imperdível o é Museu do Neon. Um casal local, ela polonesa e ele de Bermuda, começou a colecionar os neons velhos desativados para recuperar a memória dos letreiros da cidade. Durante o regime soviético, o trabalho dos artistas e designers do país era muito controlado, e eles encontraram um jeito de explorar sua criatividade com luz. Hoje o museu conta com mais de 200 obras, e as fotos vão fazer sucesso no teu Instagram. Horários: Quarta a domingo, das 12 às 17h. Ingressos: 10 PLN.
Uma caminhada ao longo do rio é ideal para o fim do dia. A margem esquerda foi toda recuperada, recebeu um calçadão, ciclovia, pistas de skate, e muitos muitos bares e food trucks. Nos dias de sol, entre as pontes Świętokrzyski e Łazienkowski (próximo ao Museu da Ciência), o pessoal se reúne para tomar drinks, comer uns pierogis e ouvir boa música. Se estiver em um clima mais relaxado, do outro lado do rio ainda tem uma praia, com areia e tudo, logo abaixo do estádio.
Há muitas boas opções para curtir a noite em Varsóvia. A cidade é repleta de bons restaurantes e bares, que se espalham pelas calçadas durante o verão. O nosso lugar favorito é nos arredores das ruas Poznańska e Oleandrów.
Caso queira um jantar tranquilo acompanhado de uma cerveja ou bom vinho, a nossa sugestão é o Mod, um restaurante super descolado de lámem, mas que também conta com um menu com outras opções deliciosas. A cozinha é uma mistura asiática com francesa. Eles possuem uma boa carta de vinhos e drinks. Endereço: Oleandrów 8. Horários: das 17 à 0h.
Se preferir um lugar mais badalado e apenas beliscar, o Beirut Hummus & Music Bar, especializado em homus com diversas opções como com guacamole e com pimenta. Além de ter também boas opções de cervejas artesanais e esconder um grafite original do Banksy na parede do banheiro. Endereço: Poznanska 12. Horários: aberto diariamente, das 12 às 2h.
Para terminar a noite não deixe de conhecer o Plan B, que é um dos bares mais agitados e frequentados por locais da cidade. É um bar meio “pé sujo” para ficar tomando cerveja em pé dentro ou na calçada, ouvindo música boa enquanto contempla as pessoas à sua volta ou a bela praça em frente. Ele fica em cima do Charlotte, um bistrô sensação que tem bons vinhos, comidinhas de patisserrie, bons sanduíches e mesinhas na rua. Endereço: Praça Wyzwolenia, Varsóvia.
*Esse guia faz parte do Opener, festival em Gdynia, que é um dos que visitamos pelo projeto A Volta ao Mundo em Festivais de Música, com patrocínio da KLM Brasil, que faz parte do SkyTeam, oferecendo voos para 1.052 destinos em 177 países. #fly2fest
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.