Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
‘Praia, desertos, vinícolas e montanhas. Seja qual for a sua tribo, a Califórnia tem — e faz — tudo para lhe agradar.
O roteiro mais comum desta viagem, tão desejada e repetida por gente do mundo inteiro, começa por San Francisco. Algumas pessoas fazem o roteiro apenas até Los Angeles, mas se você tiver tempo, vale muito a pena esticar até Phoenix, cruzando ao total 3 estados.
Continuando a saga do menino Epa pela costa oeste dos Estados Unidos, agora ele começa sua road trip. A primeira parte você pode ler aqui.
Voltando do Napa Valley, passamos por San Francisco e seguimos para o sul, em direção à Monterey e Carmel, passando pelo Silicon Valley, que ocupa toda a região sul da baía, é sede de boa parte das grandes empresas de tecnologia dos EUA e uma verdadeira “plantação” de startups. Para quem gosta, é possível conhecer os campi do Google e da Apple. Desse ponto em diante, ficamos nos hospedando apenas em hotéis de estrada. Compre um chip local para ter acesso à internet e busque no TripAdvisor as melhores opções. Não tivemos problema algum em achar locais e foram todos muito bons. O padrão simples quase sempre possui duas camas queen. Só não tome o café que é oferecido nos quartos, em sachês para as cafeteiras tradicionais. Sério, não tome — é horrível!
Carmel é uma cidade extremamente charmosa. Daquelas com casinhas de filmes e um silêncio delicioso. Porém não há muito mais para se fazer, considerando que todas as atrações estão concentradas em Monterey, e quase nada fica aberto à noite.
Em Monterey, a parada obrigatória é o aquário da cidade. Não deixe seu preconceito por aquários inibir a sua ida. Vá. Instalado onde antes havia uma antiga fábrica de sardinhas enlatadas, a região está localizada em frente à uma fenda oceânica, o Monterey Canyon, e o aquário possui muito conteúdo e espécimes incríveis. Os guias são super bem treinados, educados e solícitos. E se você tiver comprado um chip americano para o celular, pode se inscrever no serviço de SMS do aquário, que informará imediatamente sobre qualquer atração especial ou fora do programa, como lontras e golfinhos avistados no deck externo — binóculos e lunetas já estarão a postos.
Seguindo ao sul, você irá pela costa da Califórnia numa região conhecida como Big Sur. Ela é formada por diversos parques federais e estaduais. É interessante parar no primeiro vilarejo e pegar um mapa turistico da região para decidir em quais parques você irá. Todos possuem uma taxa de entrada. Fique atento às placas com a frase “VISTA POINT” na estrada. São os mirantes e quase todos valem muito a pena.
Esta talvez tenha sido a única leve decepção da viagem. Não pela cidade em si, que tem muitas coisas boas para se fazer, principalmente no que se diz respeito à vida cultural. Mas sim, por conta da expectativa em conhecer alguns pontos turísticos — como a calçada da fama — que são bem decepcionantes. Esqueça o glamour de Hollywood, este vive só nas telas mesmo ou regiões bem restritas de West Hollywood ou Beverly Hills. Se você for à calçada da fama, aproveite para encher os bolsos com guias, mapas e brochuras, disponíveis aos montes por lá, e escolha o que quer fazer, ao invés de ficar rodando a cidade a esmo.
Ficamos apenas dois dias, então aqui vão as dicas do que conseguimos ver:
LACMA — Los Angeles County Museum of Art: Simplesmente incrível! O acervo é bem grande e existem várias exposições temporárias tão boas quanto às permanentes. Dê uma olhada na programação do museu, pois você poderá, assim como nós, desfrutar de uma tarde gratuita de jazz no pátio principal do museu. Como algumas exposições são pagas à parte, procure o city pass, pode valer a pena.
Hollywood sign: Normalmente as pessoas sobem até o mirante do Griffith Observatory para visualizar o letreiro através de lunetas. Eu, particularmente, odeio esse tipo de coisa — se é para ver o letreiro, quero ver de perto! E dá para fazer isso. ;) Esta trilha dura cerca de 2 horas por uma estrada de terra e te leva até a parte de trás das famosas letras.
Santa Monica Pier: Já que está aqui, faça um favor e vá conhecer o pier de Santa Monica. Não tem nada demais por lá: um parque antigo e alguns restaurantes caros. Mas o clima e o visual, principalmente no final do dia, é lindo! Ainda dá para esticar e conhecer os bares da região. Lembra da máquina do Zoltar, do filme ‘Quero ser grande‘, com o Tom Hanks? Tem uma lá.
Walk of fame + Dolby Theatre: A calçada da fama é literalmente uma calçada de pedestres que se estende por muitos, muitos metros. Quanto mais próximo do Dolby Theatre, mais importante o nome. Não venha esperando glamour. Hollywood Boulevard é uma rua larga com prédios baixos e sem graça com grades na frente, como várias outras ruas largas de Los Angeles. E nada mais. O Dolby Theatre só tem glamour durante o Oscar. Fora do período, é um shopping/galeria com lojas caras. Dá para subir a escadaria e até visitar o teatro por mais de 40 dólares, só para ver por dentro — não pode tirar foto, nem sentar, nem chegar próximo ao palco. Eu prefiro gastar meu dinheiro com outra coisa :) Um pouco mais para a frente fica o Chinese Theatre, palco das famosas pegadas de astros de Hollywood no cimento.
Warner Studios: Não fiz esse passeio, mas para quem gosta de ver sets de suas séries/filmes prediletos montados (como Friends, Harry Potter entre outros) vale a pena fazer este tour.
No caminho entre Los Angeles e Las Vegas, você verá algumas placas indicando uma entrada para Calico Ghost Town, um pequeno vilarejo de mineradores, da época da corrida pela prata na Califórnia (1880), que foi abandonado há mais de 100 anos. Em 1950, ela foi parcialmente restaurada e hoje já existem muitas intervenções nos locais originais para atender aos turistas, mas ainda é possível ver algumas casas e túneis das minas quase intactos — como a escola. Não chega a ser uma trap de turistas e como provavelmente você não voltará de carro para essa região do deserto, não custa fazer um leve desvio.
O esteriótipo mais confirmado da face da terra: Vegas é nada além de cassinos, bares, shows e lazer para gente (que quer se sentir) rica — corridas de Ferrari, passeios de helicóptero e afins. Vegas é para quem gosta de festa ou para quem quer tentar a sorte. Vegas é letreiro, bebida nas ruas, garotas de plumas nas calçadas e balada, com turistas de tudo quanto canto dos EUA e do planeta. É glamour fake e glamour de fato — mas só se você tiver uns US$100.000 para apostar.
Mais uma vez ficamos num hotel de estrada, no fim da Las Vegas Strip a (única?) rua famosa de Vegas, longe dos grandes hotéis. Fomos assistir ao espetáculo Michael Jackson One do Cirque du Soleil e valeu cada (caro) centavo que gastamos. É impressionante a qualidade do espetáculo. Logo, deduzo que todos os outros devam ser iguais ou melhores, como o L.O.V.E ou o Acqua. Se gosta de shows e tem grana para bancar, fique. Senão, uma passada para assistir o show da fonte do Bellagio — provalmente a única atração refinada da rua — e caminhar alguns metros na Strip já são suficientes pra entender essa loucura.
Dica: Estacionar na Strip é impossível, mas se você deixar o carro no estacionamento de algum grande hotel e sair com cara de hóspede, ninguém vai nem notar.
O Grand Canyon é gigantesco, isso a gente sabe. A maior parte das pessoas faz um bate-volta saindo de Vegas, pelo lado oeste, nas não entra no parque. O lugar é tão grandioso e rico que merece uma estadia maior — dormimos duas noites lá. Para isso, é necessário ficar no Grand Canyon Village, dentro do Grand Canyon National Park, que possui poucos hotéis (lodges), lojas de conveniência e lavanderia. Os hotéis ficam muito próximos ou literalmente na borda do Canyon. É necessário alugar com bastante antecedência. Quase ficamos sem ir ao Grand Canyon pois já estava tudo lotado há 3 meses da viagem. Para alugar, acesse este site.
O parque é muito bem organizado. O local possui trilhas pavimentadas nas bordas para idosos e deficientes físicos ou simplesmente para quem não quer encarar uma trilha mais pesada. Nós encaramos! Além disso, linhas de ônibus do parque percorrem todo o trajeto da borda, levando os turistas gratuitamente a todos os pontos, alguns com acesso proibido a carros. Eles levam a preservação do parque muito a sério, pois o ecossistema é muito delicado. A água utilizada no lado sul canyon é bombeada do lado norte, onde o regime de chuvas é completamente diferente.
Ao longo da borda, há também várias instalações explicando as diferentes eras geológicas do parque, que se estendem por bilhões de anos, com exemplos de rochas e uns canos à guisa de lunetas — quando você olha por eles, pode observar, dentro do canyon, a região do terreno da qual aquela rocha faz parte. Você sabia que toda aquela região já foi mar? E que o canyon continua sendo cavado pela água do Rio Colorado, muito abrasiva por conta dos detritos que carrega? E que uma das trilhas do parque era usada pelas tribos que viviam ali?
A trilha que fiizemos foi a South Kaibab Trail. Ela possui 3 pontos principais, que servem como referência para você saber até onde ir. A cada 1h de descida, conte 2h para subir. Passamos cerca de 1h do último ponto da trilha, que se chama “Skeleton Point”, para podermos chegar mais perto do Rio Colorado. Os guias são muito rígidos em dizer para ninguém tentar ir ao rio e voltar no mesmo dia. Você pode morrer! Lembre-se que você está num deserto, o sol é muito forte, o ar seco e há inversão térmica — faz muito calor de dia e muito frio à noite. Então, curta a trilha com responsabilidade que tudo dará certo.
O caminho é muito bem demarcado. O cansaço fica mais por conta do sol e da inclinação do terreno. É interessante — e necessário — que você guarde ⅔ da sua energia para voltar, pois é o momento que mais cansa. A trilha desce bastante, em zigue-zague, tornando a volta bem íngreme. Leve bastante água, frutas que dêem energia (banana), barrinhas de cereal, algo salgado, óculos de sol, um chapéu que proteja o pescoço e um bom calçado de trilha. Fiz de tênis e dei várias derrapadas. Ainda assim, são trilhas que qualquer um pode fazer sem risco, se você não se meter a besta e respeitar a sinalização. Para o menos preparados — menos preparados do que nós! — ou mais preguiçosos, há a opção de fazer o passeio em mulas.
Dica de sobrevivência: o ideal é passar pelo menos 2 dias no canyon — nós passamos 3 dias e 2 noites. Se você quiser fazer uma boa trilha, reserve um dia só para isso e deixe atividades leves para o dia seguinte. Acredite, você vai se lembrar do dia anterior — a cada degrau.
Para voltar ao Brasil, optamos por pegar a estrada até Phoenix, pois é praticamente a mesma distância para Vegas, sendo que estaríamos conhecendo uma região nova. Deve ser interessante ver os cactos gigantes, chegando na cidade. São aqueles bem altos, como nos desenhos animados. Infelizmente, chegamos à Phoenix de noite e não conseguimos vê-los direito, apenas seus vultos, que já pareciam enormes. Uma curiosidade: é proibido cortar cactos no Arizona — a legislação prevê até 25 anos de prisão.
Quem, como nós, não está acostumado aos desertos, muitas vezes acha que são um monte de areia, pedra e mato seco e retorcido. Mas, durante a viagem, o que vimos é que a paisagem desértica muda bastante. O terreno, a vegetação, as cores mudam num piscar de olhos ou na curva de uma montanha e são completamente diferentes na Califórnia, em Nevada ou no Arizona. É fascinante e luminosa!
Enfim, o aeroporto em Phoenix é conhecido como o aeroporto mais amigável do mundo (com plaquinha na parede e tudo!) e realmente é! Os seguranças são extremamente solícitos, tem banheiro para tomar banho, e bastante lugar para descansar. Seguimos para Orlando — que na nossa opinião só vale a pena pelos parques temáticos e os outlets — e de lá para o Brasil.’
Quem gostou das dicas do Epa, e quer curtir um pouco mais a viagem dele, olha só o vídeo que ele fez, que ficou super bacana!
*Foto destaque: road trip por unsplash.com/@forrestcavale
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