Oslo sem carros

A Escandinávia não para de nos surpreender e nos dar ainda mais motivos para admirar sua natureza, arquitetura, design e gastronomia e até mesmo suas políticas públicas. Dessa vez, é Oslo na Noruega que nos deixa mortos de inveja.

O novo governo municipal de esquerda – uma coalizão entre os partidos socialista, trabalhista e verde – está mais que empenhado em lutar contra o aquecimento global e anunciou que irá proibir a circulação de carros particulares no centro da cidade em 2019. O objetivo, em conjunto com outras medidas, é reduzir em 50% a emissão de gases que provocam o efeito estufa, para que se atinjam os níveis de 1990!

A iniciativa não deixa de ser um grande mea culpa, já que a Noruega é um dos 15 maiores produtores de petróleo do mundo e o primeiro da Europa. Vale lembrar que os fundos de pensão do país e que permitem à população gozar da mais elevada qualidade de vida do planeta são grande parte financiados com recursos vindos da extração do petróleo.

É claro que a proposta é polêmica e já causou alvoroço entre os comerciantes do centro da cidade, que temem a queda no movimento, pois boa parte dos shopping-centers estão localizados no centro da capital norueguesa. Mas o que se pretende é apenas deixar a área livre de carros, e não de pessoas.

Se a proibição de fato acontecer, Oslo será a primeira capital europeia a banir o tráfego de carros particulares. A medida, porém, não é completamente inédita. Londres criou em 2003 o pedágio urbano e Paris teve um dia sem carros no mês passado.

Outras propostas como aumentar o número de ciclovias, oferecer subsídio para compra de bicicletas elétricas e reduzir a circulação de automóveis em 20% em 2019 e em 30% em 2030 também estão previstas no programa de governo dos próximos anos.

Por enquanto, a gente fica sonhando com algo parecido em alguma grande cidade brasileira. Se até o fechamento da avenida Paulista somente aos domingos provocou gritaria de comerciantes e motoristas digna daquela do quadro do pintor norueguês Edvard Munch, melhor nem imaginar o que seria proibir totalmente os carros de circular no centro de uma cidade como São Paulo.