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Continuando com a nossa série Oásis Urbanos, fui conferir a segunda edição do Urban Campsite Amsterdam. A idéia da holandesa Annette van Driel de construir um parque de campismo sustentável que substitui passar a noite em tendas tradicionais pela “experiência artística de dormir”, resultado da associação de arquitetos, artistas e voluntários para a realização e exposição das 12 instalações.
Cada instalação exibe um conceito diferente e uma maneira única de o hóspede interagir com o seu objeto durante a noite. Nesse conceito, a obra, o artista e o público são unidos através da hotelaria. Ou seja, passar a noite dentro de uma obra de arte se tornou possível.
Esta é a segunda edição do Urban Campsite Amsterdam, e pela primeira vez na prainha Blijburg, localizada no bairro recentemente construído Ijburg. Por ser de muito fácil acesso via transporte público e também de carro (estacionamento a menos de 500 metros do camping), se torna um oásis urbano perfeito para quem não puder se ausentar da cidade por muito tempo. As 12 instalações estão disponíveis para visitação desde o dia 1 de Junho até o dia 31 de Agosto e reservas podem ser feitas através do AirBnb.
No total são 12 instalações dispostas lado a lado de maneira circular. Em sentido horário, você encontrará: Super Fire Camp (Venividimultiplex) – um iglu com fogueira particular com gerador de energia solar própria, o único do camping que oferece a possibilidade de carregar gadgets ou computadores, ideal para quem precisa estar conectado; Ibc shtinkwrap (Refunc) que aborda a utilização de plástico reciclado para a cobertura de uma estrutura metálica; Val Ross (Mud Projects) onde a transformação do objeto através da dupla observação interna e externa se isso se torna o foco da experiência; Universe 7 (Robbert van der Horst) onde é possível dormir observando da água.
Goahti (Victor Leurs) a interpretação moderna de uma tenda original dos nômades Sami da Lapônia; Upside down you turn me (Rob Sweere) a cápsula suspensa; Trampotent (Vince Vijsma) a combinação de diversão e funcionalidade: uma cama com trampolim no teto; Solid Family (Boomhuttenfest) a única instalação que pode acomodar uma família, a estrutura de madeira e vidro simboliza dois icosaedros conectados.
Zolderkamer (Arjen Boerstra) que une o aconchego de um sótão e a frescura da praia; Kite Cabin (Frank Bloem) para a observação do céu e sensação total do vento; Uit hout gesneden (Studio Plots) sobre como o corte da madeira pode influenciar na iluminação interna da instalação; e a Bedbug (Franka te Lintel Hekkert – Ronnie Kommene) um objeto que pode ser mudado de lugar para a apreciação de qualquer vista dentro do camping.
No centro do círculo está a instalação sanitária, suspensa e feita de latão reciclado que consiste em dois banheiros e duas duchas. Os banheiros são ecológicos e as duchas precisam receber água através de um sistema de bombeamento manual. A água usada para banho escorre para um receptor que irriga uma mini horta. Bárbaro.
Fazem parte do camping: a recepção, a cafeteria, uma área comum coberta para refeições, lâmpadas solares que iluminam o caminho durante a noite, lounge e uma jacuzzi (à lenha!). Existe também o acampamento dos voluntários, que garante que sempre tenha alguém da organização disponível para ajudar caso seja preciso.
Coisa mais linda é quando a vida imita a arte, e não a parte menos interessante da própria vida. Fiquei uma noite no Solid Family e dormir dentro de um icosaedro foi bem interessante.
Uma das lâminas estruturais da instalação era de vidro e pude ver o sol se por a noite cair e fogueira ser acesa deitada na cama. Depois, me juntei aos voluntários e outros hóspedes em volta da fogueira até o sono ir nos vencendo um a um. A ausência da eletricidade permitiu a apreciação do céu e do silêncio que o escuro de certa forma intensifica. Parecia estar em um mini Burning Man da arquitetura.
Detalhes que tive que me adaptar: ir ao banheiro durante a noite sob a luz da lua, bombear água para tomar banho e ter que usar pouco para não correr riscos, sair (literalmente) da zona de conforto diária por dormir em um espaço que era grande o suficiente apenas para o meu ato de dormir (esquecia de vez em quando que estava num camping e começava a ter expectativas que estaria em um hotel).
Não achei nada disso um problema e encarei como aprendizado. Se você é do tipo que gosta de arte, de experimentá-la, anote este oásis urbano na lista para o próximo verão, ou ainda este!
Urban Campsite Amsterdam
Einde Pampuslaan
1087 HP Amsterdam (IJburg) Blijburg
Tel +31(0)6 140 411 84
[email protected]
* Foto destacada – Priscilla Dieb
A Priscilla escolheu como mantra a frase de Amyr Klink: "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir". Adora mapas e detesta malas. Não perde uma promoção ou um código de desconto e coleciona cartões de fidelidade. Nas horas vagas é diretora de arte, produtora de festas, dj e coletora de lixo nas ruas de Amsterdã. Escreve aqui e no www.almostlocals.com
Ver todos os postsIncrível! Nunca acampei, bateu uma vontade forte de passar por essa experiência em um lugar tão único como esse.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.