Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Lembro-me a primeira vez em que pisei no Mirante 9 de Julho. Ele ainda estava maltratado, cru à espera de ajuda, esquecido. À sua volta um retrato da deformação da nossa sociedade, famílias sem teto morando ali entre ratos e um amontoado de lixo. Ainda assim eu me apaixonei. Vi naquele lugar toda a luz que ele de fato tem. Vi nele a esperança que tenho há algum tempo: que a gente tenha cada vez mais lugares públicos, abertos e criativos para nos fazer melhor. E fazer melhor não é pretensão, mas acredito em espaços que nos permite sonhar com uma cidade que sonhamos viver.
O trabalho não foi fácil e tiro meu chapéu aos que acreditaram e o tornaram “seu”, afinal quando você cuida de algo, ele é seu também. Aqui o chapéu tirado vai para o Facundo Guerra, Grupo Vegas e a MM18, escritório de arquitetura que ajudou a restaurar o lugar preservando o máximo do projeto original. E a partir de domingo ele será nosso como deve ser.
Eu me envolvi emocionalmente e acho que há tempos eu não me entregava de alma a qualquer coisa (e não fiz muita coisa, que fique claro). Mas simplesmente eu me apaixonei pelo Mirante por tudo que ele significa para São Paulo, espaço que aos poucos sai da sua invisibilidade ganhando luz num canto obscuro, um corredor de ônibus no qual não prestamos atenção. É o vai e vem cheio de pressa para ir e vir.
Nesses últimos meses tem sido interessante ver as pessoas chegarem no Mirante estupefatas e soltarem “uau, que lugar é esse que eu nunca vi, mas pelo qual eu sempre passei?”. Isso traz a certeza de que há ainda mais lugares assim escondidos em São Paulo.
Aos poucos o lugar foi ganhando vida, brilho e movimento. De repente as escadas voltaram a ser ocupadas, as janelas passaram a ter olhares espiando em busca do que há do outro lado. Uma escada em espiral, com pouco mais de cem degraus, escondida por mais de 50 anos ganhou luz e ideias para projetos, que farão daquele lugar pequeno tão grande.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.