Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Comer, beber e amar. Clichês à parte, ao viajante sagaz, comer e beber é imergir na cultura. Guarda estrategicamente cada oportunidade de experimentar algo indistinguível à visão e indecifrável ao paladar.
São Paulo, berço da maior fauna imigrante do país, é recheado de restaurantes escondidos, muitas vezes simples, com a autenticidade que só aquelas receitas que só aquelas passadas de pai para filho conseguem ter.
Essa lista é uma cuidadosa seleção desses cantos da cidade, testada e aprovada, para preencher a crise de abstinência de viagem dos mais curiosos estômagos.
Esse é lugar para ir com o coração aberto. Super simples, a dona camaronesa faz uns pratos feitos que parecem uma maçaroca, mas os sabores são surpreendentes. Da cozinha saem receitas não só do Camarões, mas também do Senegal, Angola, Congo, Nigéria e Tanzânia. Peça o fumbuá (creme de amendoim com camarão seco, mandioca cozida e carne). Não deixe de levar moedas para degustar seu prato escutando músicas africanas na jukebox. Vá antes que os ‘foodies‘ descubram e abram a filial gourmetizada nos Jardins.
Biyou-Z
Al. Barão de Limeira, 19 A – República
Telefone: (11) 3221-6806
De segunda a sábado das 12h à 0h.
Domingos das 14h à 0h
Preço: Uma pechincha!
A casa de Armando Deyrmendjian tem jeito desses inúmeros botecos do centro. E não parece nada especial, até que você experimente o basturmã (carne seca) com ovo. As esfihas e kibe cru também colocam qualquer Almanara no chinelo. Vale a pena se aventurar pela região dos vestidos de noiva só para encher a pança.
Effendi
R. D. Antônio de Melo, 77 – Luz
Telefone: 3228-0295
Preço: Uma pechincha!
Essa casinha escondida em uma rua residencial estreita da Zona Norte é para quem conhece, pois pode passar desapercebida. O salão meio improvisado fica ao lado da cozinha, de onde saem deliciosas esfihas de todos os tipo, e muito pratos da culinária armênia, como kaftas, basturmãs e mudjecteré (arroz com lentilhas). Não deixe de experimentar uma espécie de suco que eles fazem de coalhada fresca. Parece estranho mas é delicioso e refrescante.
Casa GarabedPreço: Uma pechincha!
Num espaço simples e rústico, esse pequeno restaurante chileno é uma boa surpresa. Além da comida, como ceviches e frutos do mar, também servem uma série de pratos típicos pouco comuns por aqui, como o pastel de choclo (torta de milho verde com carne e frango) e os porotos (caldo de feijão corado). Se quiser só beliscar, tente sentar na varandinha olhando para a rua, e peça as deliciosas – e grande – empanadas. Tem uma unidade maior na Vila Madalena, mas não é tão charmosa.
El GuatónPreço: Uma pechincha!
Buffet aos dias de semana e restaurante badalado aos finais de semana. O chef Shu Chang Yor trouxe para cá as receitas mais originais da China. Prove as vieiras à Golden Plaza, com batata, legumes e cogumelos, e de sobremesa o ninho dourado.
Golden PlazaPreço: Vale bem o que custa
O único colombiano, funciona como fábrica de arepas de dia e abrem o salão pequenininho e descolado só à noite durante a semana. As arepas são divinas, mas perdem para o patacón (disco frito de banana da terra) – peça o de pernil. Muito cuidado com o molho de pimenta jolokia, que vem à parte. É realmente só para os iniciados. A limonada com rapadura e o mojito acompanham uma tarde gostosa de bate-papo com amigos em um sábado, quando ele fica aberto desde a hora do almoço.
Sabores de mi TierraPreço: Vale bem o que custa
Os clientes assistem à cozinha-vitrine do restaurante, onde o chef chama a atenção ao preparar as massas. Para começar, sugestão é o guioza grelhado e recheado com carne suína, que pode ser seguido pelo macarrão apimentado com frutos do mar. De sobremesa, você pode experimentar também o guioza doce, feito de feijão azuki. As porções são bem grandes, por isso muita gente vai em grupos para dividir. O prato de yakissoba dá para 4 pessoas que comem normalmente. Por isso, nos finais de semana a fila fica grande e bagunçada, então é recomendável chegar cedo. Tem uma unidade também do Paraíso.
Rong HePreço: Vale bem o que custa
Com referências à Espanha, o ambiente da casa é bem simples e caseiro. A cozinha é chefiada apenas por mulheres desde a inauguração, em 1954. Não se anime muito com a sangria, que é barata mas bem sem graça. Foque na comida deliciosa, com um cardápio extenso. Duas versões de paella, como a que combina frutos do mar, frango e porco, também são servidas em meia-porção. Às terças e domingos, dá para pedir o tradicional puchero, cozido que mistura vários tipos de carne e grão-de-bico.
FuentesPreço: Uma pechincha!
Com ares de boteco, o lugar já foi mais barato. Mas todos, todos os pratos são de agradecer a Zeus pela vinda do Seu Trasso (Thrassyvoulos Petrakis) para nossa querida métropole. Vá até a cozinha e pegue o prato que mais apetecer aos olhos. Mas a moussaka e o polvo ao vinagrete são imperdíveis, assim como o bolo de mel de sobremesa. Aproveite o dia que estiver passeando pela Pinacoteca ou Museu da Língua Portuguesa, e escape para o Bom Retiro para se deliciar.
AcrópolesPreço: Vale bem o que custa
As duas vovós húngaras estão lá cheias de energia, atendendo a turma de executivos do Itaim diariamente. O que sobra de disposição, já falta um pouco na memória: melhor checar sua conta (que fazem de cabeça) umas duas vezes, e reforçar qual foi o prato que pediu. Do menu enxuto separado por dias da semana, o goulash e a carne à caçadora dos sábados são ótimos para um almoço gostoso e rápido.
Mignon ChárikaPreço: Vale bem o que custa
São Paulo, para uma uber-megalópole, é incrivelmente carente de boa comida indiana, abundante em qualquer país que se preza. Mas o Bawarchi é uma luz no fim do túnel. Sob comando do chef Bhagwan, os destaques são o delicioso pão naan com alho, as samosas (espécies de pastéis super temperados de batatas e ervilhas) e oskathirolls, pastéis de verduras. O jhinga narival (camarão preparado ao leite de coco, temperado com especiarias), e lobster masala (lagosta temperada com especiarias picantes preparada com cebola e tomate) são de morrer. Para paladares apurados e estômagos fortes.
BawarchiPreço: Vale bem o que custa
Esse é um jantar apenas sob encomenda, na casa do iraniano Nasrin. Ligando lá, você pode agendar um menu confiança com 3 ou 5 pratos que você não acha em nenhum lugar de São Paulo. Exemplos são o obdugh hior, a sopa fria de iogurte, pepino japonês, uvas-passas, nozes, especiarias ou um baghali polow bo barrêh – um arroz de favas verdes com cordeiro. De sobremesa, pode calhar com um ranghinack– tâmaras recheadas com nozes, mergulhadas num envoltório tradicional. Ninguém que foi se arrependeu até hoje.
Amigo do ReiPreço: A ponto de deixar de pagamento um orgão não-vital, mas vale ir uma vez.
Próximo ao Copan, é o restaurante em funcionamento mais antigo de São Paulo, apesar de já ter mudado algumas vezes de lugar. Fundado por Carlo Cecchini, passou pelas mãos de Marcello Gianni e hoje é tocado por Antonio Carlos Marino e sua família, mas permanece com as receitas toscanas originais. Treine o italiano para pedir o nhoque mais tradicional possível, ou o pappardelle ao molho de tomate com colho e cogumelo porcini seco. Abre só para o almoço, então é uma boa pedida para aqueles finais de semana frios e preguiçosos.
CarlinoPreço: Vale bem o que custa
Instalada em um discreto sobrado, a casa tem salas com tatames e ambientes reservados. O melhor é optar pelo balcão e observar os precisos movimentos de Shin Koike, que prepara sushis com peixes de primeira linha. Na ala dos quentes, há opções como o tempurá de cogumelo portobello com flor de sal e gergelim e o filé-mignon empanado e recheado de foie gras ao vinho tinto. Quem quiser experimentar receitas da culinária nipônica bem diferentes dos sushis que estamos acostumados, pode optar por um dos menus-degustação, um deles com 7 pratos, que mudam quase todo dia.
AizomêPreço: A ponto de deixar como pagamento um orgão não-vital, mas vale ir uma vez.
A casa na Liberdade, com decoração clara e meio sem-graça, é especializada em lamen. Em dias frios tem bastante fila, o atendimento é seco, e “ai de você” se quiser alongar a noite batendo papo depois de terminar o prato. Mas é um dos melhores lamens da cidade. O macarrão pode ser mergulhado em três tipos de caldo: de shoyu, de missô ou de sal (mais suave). Todos são deliciosos e esquentam até o coração mais frio. E os preços são bem acessíveis. Para acompanhar, saquês e shochus constam na carta de bebidas.
Lamen KazuPreço: Uma pechincha!
Uma casinha pequenininha e sem nenhuma pretensão, no Paraíso, traz os clássicos da culinária árabe. As receitas são guardadas a sete chaves pelas irmãs Olinda e Xmune Isper. Que, aliás, estão sempre por lá recebendo os clientes e chamando de “habibe” (meu querido, em árabe). Elas também dão bronca em quem tenta colocar limão nos maravilhosos kibes fritos, e ensinam o jeito certo de experimentar os pratos. O misto de charutos de folha de uva e trigo com costela bovina desfiada é incrível, assim como a couve-flor com molho taratour. Às quintas, não deixe de pedir o fatte, uma mistura de pão sírio torrado, carne, grão-de-bico, coalhada, castanha de caju e alho frito, é de comer de joelhos. E na sobremesa, o Mil e Uma Noites é uma ‘viagem de tapete voador’, como explicam as donas. Só cuidado que elas só aceitam cartão Visa débito, ou ‘dinheirinha’ mesmo.
Tenda do NiloPreço: Uma pechincha!
Até alguns anos, era um ponto de encontro de famílias peruanas imigradas, que aproveitavam os pratos tradicionais com garrafas de 2L de Inka Cola. Mas o estilo “dirty and wonderful” já caiu nas graças dos foodies paulistanos, e o dono, ex-camelô, monetizou. Agora os garçons usam uniforme, o serviço melhorou um pouco, e cartões de crédito são aceitos. Além dos ceviches incríveis, cerveja de garrafa e uns pratos típicos como o arroz chaufa. E banana, claro.
Riconcito PeruanoPreço: Uma pechincha!
Para treinar o espanhol com os garçons, ainda é menos pop que o Riconcito Peruano, mas não perde em nada na qualidade. Ceviches e causas maravilhosos, suco de milho roxo .E nada mais legal que donos fofíssimos, que sentam na mesa se você der trela. Vá em turma para provar de tudo.
Tradiciones PeruanasPreço: Uma pechincha!
O chef polonês Andrzej Wica conheceu a esposa brasileira em Londres, e depois de muitas idas e vindas, eles acabaram se estabelecendo em São Paulo. Uma vez aqui, ele pôs a mão na massa para trazer as receitas do seu país, e de outros do leste europeu, para cá. Mais arrumadinho, o restaurante polaco tem uma carta de vodkas de impressionar. Dizem que o destaque é o pierogi, que só servem à noite. Mas a costela de porco, o goulash húngaro e o filé suíno foram triplamente aprovados.
Maria EscaleiraPreço: Vale bem o que custa
Esse português na Zona Leste já virou tradicional. Seja pelo salão grande e bem elegante, seja pelas delícias clássicas da terrinha que eles servem. O cardápio não é barato, mas os pratos são bem servidos que dependendo da fome dá para dividir. Não deixe de pedir os bolinhos de bacalhau de entrada. Funciona bem para mesas grandes de família e para casais apaixonados atrás de um têt-a-têt.
Bacalhoeiro
Rua Azevedo Soares, 1580 – Tatuapé
Tel. 2293-1010
Segunda e terça: 12h – 15h30 / 19h – 23h
Quarta e quinta: 12h – 15h30/ 19h – 23h30
Sexta: 12h – 15h30 / 19h – 00h30
Sábado: 12h – 00h30
Domingo: 12h – 17h
Preço: A ponto de deixar como pagamento um orgão não-vital, mas vale ir uma vez.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsPosso complementar? :D A Casa de Portugal, pertinho da Fnac de Pinheiros. Abre só pro almoço, o preço é honesto e a comida é ótima. Melhor pastel de nata <3
Muito boa reportagem. Viva a gastronomia!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.