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Portland para hipsters (ou não)

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

19 de February, 2014

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Na temporada mais longa em que fiquei nos Estados Unidos (início de 2012), acredito ter visitado 3 dos pontos mais hipsters americanos: San Francisco, onde passei o maior tempo; Portland e Austin, para curtir o SXSW. Nem vou entrar no mérito sobre o berço Williamsburg, lugar onde já passei um tempinho também anteriormente. Hoje Portland disputa com Austin (basicamente Williamsburg, mas no Texas) o posto de “cidade mais hipster dos EUA”. Quer entender como se chega à conclusão? Dá uma olhada nesses quesitos básicos que são considerados na hora de somar os pontos.

portlandandlalai

Fui à Portland por curiosidade, pois na época eu estava vidrada na série Portlandia, onde até o prefeito oficial da cidade, chegou a fazer uma ponta. A Dani já tinha passado por lá também para ir a um evento de desenvolvimento, que de quebra deu a ela carona  num festival de cerveja. Ela voltou derretida pela cidade e não precisou falar muito para me convencer em colocar a cidade na minha lista de lugares para visitar.

Para quem foi às ruas reclamando sobre o aumento das tarifas de ônibus e citando Portland como um exemplo de transporte gratuito, sinto muito, mas estão enganados. O transporte era gratuito apenas para circular na região central, porém desde setembro de 2012 é pago.

Já para quem ama cerveja artesanal, Portland é parada obrigatória. Atualmente lideram o ranking da cidade com mais cervejarias no mundo. São 53 cervejarias  espalhadas pela área central e 72 na região metropolitana, totalizando 125 cervejarias.  

Credito foto: http://www.flickr.com/photos/taisau/ - Rouge Brewery
Credito foto: http://www.flickr.com/photos/taisau/ – Rouge Brewery

Portland se inspirou em Austin tomando para si o mesmo slogan da cidade texana: keep Portland weird. Arrisco até a dizer que o slogan cai melhor em Portland do que em Austin (desculpem-me se fui injusta). Outro slogan adotado pelos locais é “Keep Portland Beered”, que também lhe cai bem.

A cidade é pequena, com um centro super bem organizado, limpo, onde ficam as grandes marcas e shoppings, mas a boa pedida mesmo é atravessar o Willlamette River e se aventurar, preferencialmente de bike, na Hawthorne Blvd. e nos arredores da Alberta Street, na Concordia, o bairro mais artsy da cidade.  O Pearl District, ao lado do Centro, também é boa pedida. Mas lembre-se: é tudo pequeno. É sempre uma rua principal com tudo concentrado nela e algumas coisas nas transversais. Por isso, a melhor opção em Portland é alugar uma bicicleta e se aventurar sem pensar se vai conseguir andar no dia seguinte.

Portland já esteve na lista das 5 melhores cidades para se viver no mundo, de acordo com o The Guardian. Foi por lá que várias bandas que a gente ama começaram, incluindo The Dandy Warhols. A música Bohemian Like You é nada mais do que a vida deles em Portland.

Portland abriga o novo e o velho, o pequeno e o grande, o moderno e o vintage. Tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Não há como não se derreter pela cidade. E ainda tem a vantagem de ser uma cidade barata com muita gente bonita. Veja esse vídeo para começar a ter uma ideia sobre a cidade:


Finding Portland from Uncage the Soul Productions on Vimeo.

Caso queira ficar no centro, super recomendo o Ace Hotel (tarifas a partir de US$ 140), que é mais bacana,  tem um café anexo fantástico, um ótimo cinema em frente, a livraria Powell’s e  uma deli de lamber os beiços especializada em pratos com pastrami e um atendimento impecável, a Kenny & Zuke’s.

Credito foto: benlat / Shutterstock.com
Centro de Portland à noite – Crédito foto: benlat / Shutterstock.com

Para quem quer mergulhar no rock’n roll, o lugar indicado para ficar é o Jupiter Hotel, com shows ao vivo e colado na casa de shows Doug Fir, que tem uma das melhores agendas de shows da cidade e fica num canto bacana de Portland. Se eu voltar pra lá, é desse lado que provavelmente ficarei. Ah, e não dá para esquecer das opções do airbnb, que tinha sido minha primeira opção, mas vale atentar a respeito da localização, transporte, porque a cidade é bem espalhada.

Logo que cheguei na cidade, larguei as coisas no hotel e voei para ver um show da Sharon Van Etten, no Alladin Theater. Diferente do que costumo presenciar, lá as pessoas ficaram num silêncio absoluto prestando atenção ao show, numa casa que reunia três gerações diferentes em seu público.

Alguns fatos sobre Portland:

Muita gente considera que é a melhor cidade para viver, mas ninguém consegue explicar o porquê. Eu fiquei muito pouco tempo lá para sentir qualquer coisa, mas a cidade é super agradável, charmosa, tem um dos centros mais bonitos que já conheci e as pessoas são educadas e atenciosas de um modo raramente visto. Dizem que o grande problema de Portland é que chove o tempo todo. Eu comprei um livro “This is Portland“, do Alexander Barrett, que morou na cidade por 8 meses. Ele afirma que é uma conspiração para que as pessoas não se mudem para lá. E avisa: Portland é uma cidade cheia de gente cool e gente cool não usa capa de chuva. Elas simplesmente tomam chuva. Ficamos 4 dias por lá e choveu apenas uma noite. Não deu tempo de saber se é uma conspiração ou se chove o tempo todo de fato.

Credito foto: http://www.flickr.com/photos/grahamb
Credito foto: http://www.flickr.com/photos/grahamb

Portland é a cidade que mais tem apelido no mundo. De acordo com a Wikipedia são 9 oficiais (?): City of Roses, Bridgetown (é incrível como tem ponte nessa cidade), Rip City, P-Town, Stumptown, Razorblade City, PDX, Little Beirut e Beervana, devido a quantidade de brewpubs (bares que produzem sua própria cerveja). Conversei com algumas pessoas que estavam visitando a cidade somente por conta da variedade de cervejas que possuem. Ou seja, se você ama cerveja, não tenha dúvidas, Portland é seu lugar.

Chuck Palahniuk é de lá e até publicou um livro sobre a cidade, com seus refúgios sobre a cidade, contados de um jeito que só ele poderia fazer (cartões postais e suas histórias). Se você decidir ir a Portland corra atrás do Fugitives and Refuges. Ele já abre o primeiro capítulo com uma frase da Katherine Dunn (autora do Geek Love): Everyone in Portland is living a minimun of three livesEveryone has at least three identities. Para quem, como eu, tem no perfil do Twitter a frase “sou várias e às vezes todas estão no mesmo lugar”, imagina o quanto essa frase dela não me fez tremer?

Portland é a cidade das bikes e tem lojas incríveis para quem ama bicicletas. O melhor que se tem a fazer é alugar uma  e sair pedalando. Provavelmente a cidade tem pelo menos 1 bike por habitante. Portland também é a cidade da barba. Todo mundo tem uma… pelo menos os homens. Em Portland é possível ir ao cinema pagando 3 doletas por um filme. E a cidade comporta mais strip clubs do que qualquer outra nos EUA (ganha de Las Vegas, já que Portland é a cidade americana que tem mais strip clubs per capita. Parou aí para pensar? Mais cervejarias e strip clubs per capita!).

Credito foto: http://www.flickr.com/photos/reneeanddolan/8552795379/
Credito foto: http://www.flickr.com/photos/reneeanddolan/8552795379/

Onde ir:

O Centro abriga grandes marcas como Apple, Kate Spade, H&M, Coach, Macy’s, Nordtstrom, etc., mas não é lá a parte mais interessante onde Portland acontece, apesar de abrigar alguns lugares incríveis como a Powell’s Book, a maior livraria independente dos Estados Unidos. A loja tem nada mais do que 5 andares só de livros com uma recomendação na entrada para baixar o app com o mapa do local para não se perder. Não é uma big loja com uma boa parte dedicada aos livros, é uma grande loja de livros com tudo que você possa imaginar. Eu fui e voltei lá umas 3 vezes em 4 dias. Há uma área com destaques para novos escritores e é incrível perceber que a maior parte deles são de Portland. São 6 lojas espalhadas na cidade (uma no aeroporto), mas a central é de tirar o fôlego para apaixonados por livros com mais 1 milhão de livros. É parada obrigatória mesmo aos que não são fãs dos livros.

É no Centro também (perto da Powell’s) que fica a matriz da W+K, uma das agências de publicidade mais legais do mundo. Vale a visita, pois a agência abriga uma galeria de arte aberta para visitação. Depois de lá, dê uma passada no Whole Foods, ao lado, para um café e, quem sabe, umas comprinhas saudáveis.

Em Portland também há muito food trucks espalhados. Caso curta comer na rua (e é sempre uma boa pedida nos Estados Unidos), confira sempre o site oficial que mostra onde tem caminhões funcionando. Confiram o vídeo do Bourdain com o Chuck Palahniuk a respeito dos food trucks:

Já centro antigo tem alguns ícones de Portland como o Voodoo Doughnut, com donuts por 1 doleta e uma fila de 1 hora, mas desencane porque a experiência é ótima e é possível conhecer um pouco da cidade só ficando na fila. É ao lado do famoso muro com a frase “keep portland weird”. É por ali também que rola a feirinha de rua  ”Saturday Market“, além de ter o outro símbolo da cidade a uma quadra (abaixo). Apesar do nome, a feira rola aos sábados e domingos.

Crédito foto: Helena McMurdo / Shutterstock.com
Crédito foto: Helena McMurdo / Shutterstock.com

Caminhando do centro pra essa área, há várias lojas escondidas que mesmo não sabendo do que se trata, eu recomendo: ENTRE! Sempre haverá uma boa surpresa como a Floating World Comics, que mesmo sendo pequena, dá para ficar horas lá dentro. E, se der tempo, dê um pulo no Chinese Garden e não saia sem tomar um chá que vem acompanhado de uma cerimônia bem bonita. MAS só vá mesmo se tiver tempo….

Também caminhe a partir dali pelo Waterfront Park, se possível de bike. Percorra até alcançar a Hawthorne Bridge e atravesse a ponte a pé (ou bike). É uma boa caminhada (ou pedalada) até alcançar a parte agitada da Hawthorne Boulevard, mas vale a pena, pois como há várias lojinhas ótimas de bicicletas, brechós, design, cafés até chegar lá. Nem todos curtem muito essa parte da cidade, achando que ela é overrated. Pra mim tudo era novidade, eu curti…. aliás, tem uma livraria Powell’s lá também, além de bons restaurantes e uma loja incrível de discos, a Jackpot Records, onde achei uma caixa, aparentemente rara, do Big Star.  Aproveitando que está por ali, já procure pela Belmont Street, que alguns dizem ser mais bacana e cheia de restaurantes (não deu tempo de ir, mas vá e me conte).

A rua que me pegou de jeitinho mesmo foi a Alberta Street, que é só tem lojas que esbanjam charmes focada em artes,  pequenas galerias e lojas com uma curadoria rara de se ver. Parada obrigatória: Ampersand Vintage, uma loja-galeria pra lá de minimalista com uma seleção de livros, fotografias e objetos de morrer.

Caso dê tempo, vá dar um passeio no aerial tram (já do lado do centro), que oferece uma vista espetacular da cidade e ainda te deixa dentro de um hospital com cara de série americana. O aerial tram foi construído como transporte público para ir ao hospital, que fica no alto do morro, mas acabou virando atração turística pela vista que proporciona. O bairro residencial que se esconde atrás da estação até causa uma pequena vontade de escapar para Portland para morar uma temporada por lá.

Aerial Tram - Crédito foto: http://www.flickr.com/photos/jeffgunn
Aerial Tram – Crédito foto: http://www.flickr.com/photos/jeffgunn

Portland também abriga um belíssimo templo mormon aberto à visitação geral do público.

Há muito pra se ver em Portland, para se comer, para se beber, para curtir, para ouvir, para assistir, para contemplar, para relaxar… mas vá com tempo, a cidade merece! Eu tive apenas um sample do que Portland pode me oferecer e o que eu trouxe na mala foi, Portland é a cidade onde os jovens americanos querem se aposentar, mas a cidade é bem jovem.

Keep Portland weird não poderia definir melhor um lugar.

*Foto destaque: Zack Spear

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

19 de February, 2014

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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Comentários

  • Oi Juliana, sou louca pra fazer essa road trip, mas infelizmente meu tempo foi bem escasso em Portland. Espero voltar pra lá… vou ver seu post :)

    - Lalai Persson
  • Post super completo, me ajudou bastante a explorar a cidade, que alias eh fantastica e que muitos brasileiros deixam de lado…
    Amei!
    Fiz 2 road trips a partir de Portland super bacanas:
    Cannon Beach e Columbia River Gorge, meu relato aqui: http://world-surpriseme.blogspot.com/2014/09/oregon-praia-montanha-e-cachoeiras.html

    - Juliana
  • Bohemian Like You rocks!

    - Gui S
  • Quem curte música vai amar o Jupiter Hotel, além do Doug Fir, que é ida obrigatória, eles têm de domingo a tarde sempre um showzinho acústico massa no estacionamento do hotel. Aliás, por isso, o hotel é barulhento, tente pegar um quarto mais para o fundo. E, naõ esquecendo que no Oregon, é proibido a venda de cerveja depois das 2 da manhã, por isso tudo, mas tudo mesmo, fecha por aí – ou seja, não vai rolar aquela balada de voltar qdo o sol estiver nascendo.

    - Daniella Valentin
    • hahahaha, boa lembrança. Eu tive meu momento frustração de querer beber além das 2h e ter que ir dormir

      - Lalai Persson

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