Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Desembarcamos no último dia 07 de junho em Barcelona para uma semana de descanso no pré-verão europeu para curtir o Sónar, um dos festivais de música mais legal do mundo. Por que? Vamos aos motivos que nos levou a eleger o Sónar o festival para ir fora do Brasil nesse primeiro semestre de 2014:
– acontece em Barcelona, cidade que sempre vale a visita em especial na chegada do verão, quando o calor é suportável
– Barcelona é uma cidade européia razoavelmente barata comparando-a com outras grandes capitais como Paris e Londres. Com 10 euros é possível fazer uma boa refeição acompanhada de uma taça de vinho e/ou cerveja.
– Barcelona é uma ótima cidade para compras, pois conta com os grandes magazines internacionais e também várias marcas locais que valem a pena zapear. Quem acabou de desembarcar por lá foi a trendy Other Stories, a filha mais nova (e descolada) do grupo H&M.
– Barcelona é um paraíso para quem ama arquitetura, que vai muito além do Antoni Gaudí, mas só ele já vale cogitar a ideia.
– A cidade é um paraíso gastronômico, em especial para pessoas que como eu, adora tapas (!!!) e vida boêmia, lembrando que tudo em Barcelona acontece em horários diferentes ao que estamos habituados. Brunch se encontra todos os dias, almoço só depois das 13h (para os mais adiantados) e nem pensar em jantar antes das 21h, mas vale ficar atento ao horário da siesta, quando tudo fecha, inclusive bares e restaurantes.
– Barcelona é festeira. Além de abrigar bons festivais (vide Sónar e Primavera Sound), a cidade tem uma programação intensa de boas festas no verão, sempre trazendo ótimos Djs para suas pistas. Já durante o Sónar, é possível ir pra lá e se embrenhar no off-Sónar sem ter tempo para ir ao festival oficial.
– uma das coisas mais legais foi ficar no prédio mais fotografado de Barcelona. Ele não tem nada de especial além de um jardim vertical. Internamente era uma verdadeira masmorra escalar as escadas para chegar ao 4º andar. Porém a diversão rolava cada vez que abríamos a porta nos deparando com olhos curiosos, afinal todo mundo se derrete pelo prédio e pára para fotografa-lo. A praça onde ele fica é cheio de bares e restaurantes, mas nos sentimos bastante importunadas pelo barulho na entrada da madrugada. Ainda assim foi delicioso estar ali no meio de tudo acontecendo ao mesmo tempo, enquanto observávamos nossas roupas (incluindo as íntimas) penduradas na nossa janela e comíamos miojo de lagosta acompanhado de um ótimo vinho espanhol. Afinal a gente sempre precisa ter aquele momento trash para recordar e, com certeza, esse é um deles.
– outra boa pedida é o delicioso festival de Montreal, Piknic Electronik que desembarcou em Barcelona, rolando entre 1 de junho a 14 de setembro. Todos os domingos durante essa época, das 13 às 22h, quando o sol ainda não se pôs no Parc de Montjüic. A dica é subir de bondinho até o parque e perder o fôlego com a bela vista. É caro, mas vale experimenta-lo ao menos uma vez.
PIKNIC ELECTRONIK BARCELONA 1/06/2014 from Piknicbcn on Vimeo.
– para quem adora festivais, mas viaja com crianças a tiracolo, saiba que tanto o Sónar Dia quanto o Piknic Electronik tem toda uma estrutura para receber os rebentos.
– além ainda dos festivais e do off Sónar, há também festas quase que diariamente em clube ou na praia. Basta descobrir a programação, montar o cooler com seus drinks favoritos, já que os preços praticados nas barracas da praia são escandalosos, separar a canga e ir dançar na areia enquanto assiste ao belíssimo espetáculo do sol se pondo tardiamente na cidade.
– o Sónar acontece dentro da cidade, facilitando idas e vindas, tanto durante o dia quanto à noite, já que o festival tem dois momentos: Sónar Dia, das 12h30 às 22h, e o Sónar Noite, das 21h30 às 7h da matina. O primeiro acontece no Montjuic, um espaço de eventos ao lado da Plaza Espanya; já a edição noturna, acontece no Gran Via, outro espaço de eventos que fica a 10 minutos de ônibus do primeiro. Ambos ficam nas proximidades do Parc de Montjuïc, uma área obrigatória para visitar.
– o Sónar traz sempre novidades e experimentalismos musicais, além de boas palestras. Ou seja, para quem gosta de saber o que ainda vai dar o que falar, o Sónar é uma ótima opção, por isso eduque os ouvidos, pois nem sempre é fácil assistir a alguns shows, mas você pode se arrepender futuramente se não der bola agora. Além disso, é ótimo para caçar tendências de lifestyle. Dá para perder boa parte do tempo observando o público presente.
– o Sónar traz nomes consagrados, geralmente na edição noite, que geralmente ainda não passou pelo Brasil (e talvez nem venha a passar).
– o Sónar é um dos festivais mais legais de música do mundo.
Incrível é a melhor palavra para descreve-lo. Festival perfeito para quem adora descobrir novidades, ver gente bonita, se divertir, dançar como se não houvesse amanhã e comer razoavelmente bem, algo que estamos começando a descobrir por aqui (comer bem em festival).
Para quem adora conforto, a nossa sugestão é desembolsar 60 euros a mais e comprar o ingresso para profissionais, que se estende à diversas áreas, inclusive publicidade. O passe dá direito a áreas vips (decentes), banheiros extras, bar com bebidas mais baratas (enquanto no bar geral a cerveja custa 3,50 euros, no bar pró custa 2), áreas de descanso, menu gastronômico extra, shuttle gratuito para o Sónar Noite, chapelaria, palestras extras, coquetel bancado pela Estrella Damm diariamente às 20h, passagem secreta entre os palcos do Sónar Noite (o que facilita bastante a vida), camarote nos dois principais palcos noturnos, o Club e o Pub, que foi uma mão na roda no segundo dia, quando estávamos só o pó da rabiosa. Valeu cada centavinho. Juntando todos os ganhos, a diferença acabou se pagando no final.
Um dos grandes destaques do Sónar Dia foi o Despacio, projeto encabeçado pelo James Murphy e 2 Many DJs, com a McIntosh por trás. O Despacio conta com 7 torres com 6 McIntoshs por torre, somando 50.000 watts de potência no espaço. O trio tocou nos 3 dias de festival, das 15h30 às 21h30, sem interrupções. O espaço tem iluminação baixa, deixando todo o brilho para o soundsystem. Impossível passar incólume por ele e sua potência, tanto que o espaço na frente de cada torre era o mais cheio. O Despacio foi concorrido o dia todo para quem quis conhece-lo, sempre com filas gigantes, já que o espaço suporta apenas 1.200 pessoas. O som é poderoso e estar lá era fugir um pouco do dia no meio de tardes ensolaradas. Foi um dos cantos mais animados do festival durante o dia, concorrendo apenas com o Sónar Village, que é o palco principal e o único atualmente a céu aberto.
Eu sempre preferi o Sónar Dia pelo clima e descobertas musicais, porém dessa vez eu acabei me rendendo mais à edição noturna, que tem uma duração de apenas 2 dias. E dessa vez o line-up noite estava daqueles de dar nó na cabeça, com várias atrações bacanas no mesmo horário.
Os destaques da noite foram Röyksopp & Robyn, num show de 2 horas divididos da seguinte forma:
– 7 músicas com o Röyksopp com todos seus hits e sua vocalista loira gélida, a Susanne Sandfør
– 9 músicas da Robyn com todos os seus hits, promovendo um show que levou o público à loucura. Sim, a Robyn tem presença de palco como poucas. Impossível tirar os olhos dela, vestida em roupas de boxeadora. O fechamento do show com Indestructible trouxe o Sónar Club abaixo.
– 4 músicas com Röyksopp & Robyn trazendo ao palco exatamente o que se vê na capa do álbum Do It again, com direito à máscaras, muita luz e explosão de papeis espelhados coloridos em meio ao gelo seco, levando o público ao êxtase.
Não sou grande fã da Robyn, mas me rendi completamente à performance da loira platinada. Infelizmente perdi o Woodkid, que tocou no mesmo horário, mas acabei hipnotizada de tal maneira no show do Röyksopp & Robyn, que não consegui me deslocar do Sónar Club enquanto eles não saíram do palco. Festival é sempre um exercício (duro) de escolhas.
Os demais shows que marcaram nossas duas noites foram Massive Attack, que apresentou um show novo, evolução da turnê anterior; Chic, mais do que bem representado com o Nile Rodgers com um show lindo, sedutor e recheado de hits da própria banda, como Good Times, I Want Your Love, Everybody Dance, além de produções da Diana Ross, David Bowie e, como não poderia deixar pra trás, Get Lucky, do Daft Punk. E ainda teve Caribou (perdi por algum motivo que não lembro, mas pude conferi-lo tocando ao lado do James Holden), Lykke Li que fez a gente dançar bastante (mas confesso que gosto mais do último álbum em estúdio do que ela ao vivo), Boys Noize que eu acompanho há muito tempo, inclusive tendo trazido ele para tocar em SP, e foi incrível ver onde ele está atualmente. O Boys Noize fez o Sónar Pub tremer, colocou todo mundo pra dançar antes de dar o lugar ao Tiga, que fechou a última noite. O Richie Hawtin que fez a gente bater a franja com ele, Four Tet em dose dupla, com um live e abrindo como DJ para o Massive Attack (num site reggae que me fez achar que eu estava em outro lugar).
Já o Sónar Dia foi também cheio de destaques como os deliciosos e divertidos shows dos escandinavos Who Made Who e FM Belfast (ops, eles são islandeses), que colocaram todos pra dançar e pular debaixo do sol a pino, inclusive a gente. Bonobo que surpreendeu ao vivo com uma banda completa (morri um pouquinho de emoção, esperava a metade do que foi). Além deles, teve também Simian Mobile Disco (que ficou tão adulto), Matmos (que ainda estamos tentando digerir o show cabeçudo), James Holden (que sentimos ter sido prejudicado pelo som baixo. Ou é assim mesmo?), Trentmøller (que sempre faz show foda), Plastikman (que eu perdi porque estava de cama, mas as amigas que foram voltaram extasiadas), MØ (que fez a gente dançar pulando na grama durante o dia), Buraka Som Sistema (que perdemos, mas sabemos que é sempre incrível e divertido), Neneh Cherry (que perdemos porque ninguém acordou a tempo) entre muitos outros. Opções para todos os gostos.
O que ficou foi aquele saudosismo maluco de uma das viagens mais divertidas que fiz nos últimos tempos. Foi uma escolha acertada de cidade, de companhia, que dessa vez foi uma viagem apenas com amigas meninas, de clima, de astral e disposição. Ficou a vontade de ter à mão um controle remoto para clicar no rewind para viver tudo novamente.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.