Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Por algum motivo estranho, nós temos uma verdadeira fascinação por visitar cemitérios. Parece que fora de casa, eles ganham contornos mais pitorescos do que fúnebres, e deixam toda a experiência menos sórdida. Quem nunca foi (ou pelo menos quis ir) no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, para ver o simples e decepcionante túmulo da Evita Perón? Ou deu uma volta pelo Père Lachaise em Paris, e viu o túmulo do Jim Morrison coberto de marcas de batom, além de uma lista enorme de nomes célebres sepultados lá?
Um dos cemitérios mais interessantes que visitei foi o Skogskyrkogården, ao sul de Estocolmo. Ele nada mais é do que um grande parque, arborizadíssimo e lindo, e com trechos ocupados por lápides simples enfileiradas. Lá encontrei a grande Greta Garbo que, atendendo a seu pedido de ficar sozinha, foi enterrada em um canto exclusivo.
Outro que visitei e que vale a visita é o antigo cemitério judaico de Praga. Ele fica bem no meio do caminho entre a praça da cidade velha (staroměstské náměstí) e a famosa ponte Carlos, que leva ao castelo. Estima-se que ele esteve ativo do século XV até 1787. A área é relativamente pequena, mas hoje existem, visíveis, cerca de 12mil túmulos. Mas, como ele foi sendo coberto por camadas e mais camadas de jazigos, estima-se que lá estejam enterradas mais de 100mil pessoas.
Alguns cemitérios pelo mundo chamam a atenção pelos motivos mais diferentes:
– Merry Cemetery – Săpânța, Romênia: como diz o apelido que recebeu, esse é o cemitério feliz. Além das lápides super coloridas e desenhadas, os epitáfios são todos escritos em primeira pessoa, no presente. Falam abertamente de acidentes, longas doenças e arrependimentos, mas de forma sarcástica e bem humorada. Tipo: ‘Aquele que gosta de conhaque de ameixa, com certeza vai gostar de mim, por tanto que gostei do meu conhaque, e com a garrafa na mão eu morri.’
– Cemitério de Roermond, Holanda: essa história correu a internet brasileira recentemente, mas os protagonistas desse lugar são do fim do século XIX. Na época, católicos e protestantes não dividiam muitas coisas, muito menos jazigo. O Coronel JWC van Gorkum morreu em 1880 e foi devidamente enterrado no cemitério protestante, bem próximo ao muro. Oito anos depois, sua mulher JCPH Van Aefferden também faleceu, mas antes exigiu não ser enterrada no jazigo católico de sua família, e sim o mais próximo possível de seu marido. Assim, ela foi colocada do outro lado do muro, na parte católica do cemitério. E para que pudessem passar a eternidade literalmente juntos, suas mãos foram unidas em esculturas sobre o muro.
– Wadi-us-Salam – Shia, Iraque: A tradução do nome desse lugar é Vale da Paz. É o maior cemitério do mundo. Em números, são 6km2 de área, mais de 5 milhões de pessoas enterradas lá, e quase 500mil são adicionadas por ano, e tem mais de 1400 anos! Ele já está na espera para entrar na lista de Patrimônio da Humanindade da Unesco. O lugar é tão impressionante que, se visto pelo Google Maps, você realmente tem a impressão de olhar uma cidade.
– Día de los Muertos, México: não falando especificamente de um cemitério, mas de todos eles. Antes da chegada dos espanhóis, os astecas comemoravam o nono mês de seu calendário (mais ou menos em agosto) com a celebração dos ancestrais. Daí vieram os católicos para acabar com a festa e transformar a morte em motivo de tristeza. Com o tempo, os mexicanos não se fizeram de rogados e misturaram todas as crenças em uma grande festa. No Dia de Finados, até os dias de hoje, as famílias se reúnem nos cemitérios, com muita música e comida, fantasias e brincadeiras. É uma verdadeira festa com os mortos, literalmente. Algumas famílias até tiram as ossadas dos parentes dos túmulos, limpam-nas e colocam de volta para mais um ano de descanso. Você já deve ter visto aqueles altares coloridos cheeeeios de caveiras simpáticas e muitas flores. Dizem que é uma das melhores épocas para visitar o país.
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.