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Parece que nos últimos meses o assunto mais em pauta e que causou mais polêmica foi a ciclovia em São Paulo. Até outubro, a cidade já tinha ganho 78, 3 km de ciclovia, mas os planos da prefeitura são ainda mais ambiciosos: pretende-se que até o final de 2015 (isso mesmo: ano que vem) a cidade tenha 400 quilometros.
Uma das coisas mais ouvidas a partir daí foi: São Paulo não é Amsterdam. É claro que a capital holandesa é a base de qualquer comparação, em qualquer lugar do mundo, quando falamos de bicicleta. Ainda no final do mês, lemos nos jornais que a Holanda inovou novamente: inaugura amanhã, dia 12 de novembro, 70m de ciclovia com painéis solares a 25 km de Amsterdã, que poderá prover energia a até 3 casas. Mas para quem conhece a história, sabe que nem tudo foram flores: com o aumento enorme de carros por lá após a Segunda Guerra Mundial, o país obteve números inaceitáveis de mortes de ciclistas: em 1971, mais de 3 mil pessoas morreram sendo que 450 delas eram crianças.
Talvez uma comparação melhor que podemos fazer de ciclovias seja entre São Paulo e Nova York. Ambas são cidades extremamente populosas e centradas nos carros. Porém, em Nova York, nós também vimos que aplicando-se um design inteligente a algumas pequenas ruas, incluindo ciclovias, não fez a velocidade média dos carros diminuir, mas aumentar. O volume de bicicletas na cidade cresceu 289% desde 2001, e o número de acidentes caiu em 58% desde que as ciclovias foram instaladas.
Em São Paulo, o crescimento também é chocante: entre 2013 e 2014, estima-se que cresceu em 50% o número de pessoas que usam bicicletas como meio de locomoção, passando no total para 260 mil pessoas. Ou seja, dá-se a entender que abrindo espaços e dando condições seguras, a cidade tem sim demanda. Porém existe a reclamação que tudo está sendo feito às pressas e sem planejamento. Do outro lado, outros rebatem que é uma política correta da prefeitura de fazer seu efeito ser sentido rapidamente pela cidade.
No final, só os anos poderão dizer qual o caminho que São Paulo deverá seguir. Toda mudança deve vir para o bem da maioria da população e deve-se ainda ter claro que nem tudo é escrito em pedra. É saudável testar novas idéias, uma cidade nunca deve ser estática. E deve-se acima de tudo permitir que essas idéias tenham o tempo necessário para amadurecer, antes de serem descartadas. É tudo no final uma questão de pagar para ver.
*Imagem destaque – igor.stevanovic – shutterstock.com
A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.
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