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Na costa do Rio de Janeiro, Ilha Grande é hoje um destino popular para turistas: conta com mais de 107 praias em uma área de 193 km2 e cerca de 5 mil habitantes. Mas nem sempre foi assim. Por mais de cem anos, a ilha permaneceu fechada: primeiro foi usada para quarentena de pessoas com lepra ou cólera; depois foi local de um dos presídios mais famosos do país, o caldeirão do diabo.
O terreno do presídio foi comprado em 1894 pelo império, e se localiza na Vila de Dois Rios, de frente para o oceano. Existia um outro “presídio” do outro lado da ilha, entre a Praia Preta e Abraão: na verdade era um Lazareto para doentes chegando no país, mas que também, abrigou prisioneiros, que foram posteriormente – nos anos 30 – transferidos para a Colonia Penal de Dois Rios.
A Colonia foi instalada em 1903 e servia primeiro para espantar bêbados e vagabundos da cidade. Porém, nos anos 40, o lugar cresceu e já abrigava 1000 detentos. Nesta época, durante a ditadura do Estado Novo, o lugar conheceu algumas de suas figuras mais famosas: Graciliano Ramos ficou preso entre 36 e 37 – e inspirado escreveu Memórias do Cárcere -, Agildo Barata e Luis Carlos Prestes. O lugar também recebeu presos políticos durante a ditadura militar, até os anos 70. Esses presos ocupavam o segundo andar do prédio.
Em 1979, formou-se no local o Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do Brasil. Nesta época, o presídio já se chamava Cândido Mendes. Das histórias do lugar, diz-se que quando a maré subia, ela invadia algumas celas e presos eram deixados ali para morrer afogados. E que toda segunda um detento era sorteado para ser assassinado.
Para a nossa sorte, o predídio foi desativado em 1994 e parcialmente destruído. Por causa dessas dificuldades em chegar a ilha, ela permaneceu praticamente intacta e virou um paraíso para turistas, procurando praias paradisíacas ou esportes como surfe e montanhismo. Pedaço dos presídios é aberto a visitação para os interessados.
Para ver fotos do lugar um pouco antes da desativação, dá uma olhada nessa galeria do André Cypriano.
* Foto de capa por Marcelo César Augusto Romeo
A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.
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