Aprendendo a cortejar ao redor do mundo

Ser uma ararinha azul deve ser mais fácil. Você já nasce sabendo todo o ritual. Um pio provocativo pra cá, uma balançada na cauda mostrando a pena mais brilhante,  uma lânguida sacudida na asa direita e pronto. Dias depois está lá ela cuidando dos ovos, ele trazendo minhoca no bico.

Humanos e suas complicações! Em um canto do mundo, mostrar a canela desnuda é coisa de cortesã. Já outros, tatear a amídala de dez rapazes com a sua língua, na mesma noite, é apenas uma noite de Sábado qualquer. Mesmo de uma “moça de bem”.

Conheça  algumas das danças do acasalamento humanas mais diferentes ao redor do mundo. Tudo a favor da perpetuação da espécie.

1. Bomena, Butão

Bomena é um ritual comum no interior do Butão.  Os rapazes se escondem para invadir as casas e quartos de mocinhas escondidos. Sim, com escadas, bancos, cordas, e tudo mais. Algumas vezes é consensual: combinam com a garota a invasão com algum tempo de antecedência. Mas a maioria é uma surpresa para elas: ao se deparar com um mancebo entrando pela janela, tem que pensar rápido se dá ou desce. No caso, quem desce de volta, é ele, claro.

Mas se nessas o rapaz for pego pela família, tem que casar com a garota. Se não pegarem, tá tudo certo.

2. O baile com a maçã no suvaco, Áustria

Na Áustria rural, o que desperta os feromônios dos mancebos é com um ligeiro odor de cecê. Explico: as moçoilas da vila dançam com as maçãs cuidadosamente instaladas ali, nas axilas. Pulam,  bailam, demonstram seus dotes no salão. Ao terminar, ela oferece a fruta ao gaiato de sua escolha. Se ele curtir os dotes de bailarina (ou o aroma) da moça, ele tasca uma mordida na maçã. E está selada a união.

3. O ninho de amor, Cambodja

Na tribo Kreung no Cambodja, os pais constroem um verdadeiro ninho de amor para sua filha na flor da adolescência. Diversos rapazes passam a noite com a menina, algumas vezes mais de um na mesma noite, até ela escolher aquele que ela quer casar.

Bom, não é muito diferente da maioria dos países, com a exceção que os pais por aí só fazem de conta que não sabem.

4. “Visitando as meninas”, China

O povo Dai na China, promove uma espécie de “speed dating” mais elaborado. As jovens da vila sentam ao redor de uma fogueira. Grupos de homens com cobertores vermelhos tocando instrumentos se aproximam, e cada um escolhe uma para cantar uma serenata. Quando a donzela gostar dele, tira um banquinho debaixo da sua saia e o convida para sentar ao lado. Ele a cobre com seu cobertor, e ficam cochichando palavras de amor . Dizem, ao menos, que é isso que acontece embaixo do cobertor.

5. Omiai, Japão

Um empurrãozinho à propagação da raça japonesa é devido ao Omiai. Um casamento arranjado, como em muitos países. Porém o processo é mais cuidadoso: existe um exame de todo o histórico da pessoa e da família: profissões, descendência, com troca de fotos e todos se conhecendo ao mesmo tempo. Afinal, mais importante que conhecer a rapariga, é a potencial sogra. Faz sentido.

Empresas até como a Mitsubishi oferecem aos funcionários uma agência casamenteira como benefício. E você que estava feliz com  os R$ 26,00 de VR, hein?

 6. Garotas de Isaan, Tailândia

A “compra” de mulheres por casas, carros ou camelos é conhecida no mundo inteiro. Mas com o pessoal em Chiang Rai, na Tailândia,é um pouco mais complexo.

O começo é igual: o cara corteja a moça, vai até a casa conhecer os pais. Daí negociam um preço. Pode ser desde poucos meses até o ano inteiro. Daí, se ele gostar da moça, pode optar para pagar a mais e ficar para o resto da vida.

Ou seja, não é compra, é um “leasing” de moças.

7. Carnaval, Brazil

40 dias antes da Páscoa, existe uma famosa festa chamada Carnaval no Brasil. O ritual do acasalamento toma diversas formas ao redor do país. Na região de Salvador, especificamente, milhões de pessoas se juntam ao redor de carros de som e demonstram uns aos outros suas habilidades na dança e contagiante energia.

Na multidão, rapazes e raparigas que não se conhecem ou mesmo sabem o nome, se encontram e trocam beijos apaixonados. Independentemente do sexo. Desbravam a garganta do parceiro folião. Para muitos, esse ritual demonstra a virilidade e potencial de atração do sexo oposto. Vários mantém até contagem: “Eu já beijei  24 entre ontem e hoje, e você?”

Há cordões que separam castas: em geral, camisetas com um valor exacerbado ajudam a identificar quem pertence ao mesmo nível social, e são preferidos na escolha do parceiro potencial. Eventualmente há uma escolha de um candidato só por todo o feriado: caso não ocorra, o ritual continua  durante o dia seguinte.

Mas só durante o Carnaval: a crença local é que os deuses não aprovam o mesmo comportamento durante os demais dias do ano, e é possível ficar “falado” na comunidade.

Por quê? Estava achando que só os outros é que são esquisitinhos?