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Tudo o que você quer saber sobre viajar de carro para a Bahia

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

27 de October, 2020

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A Lu Guillod conta como é viajar de carro para a Bahia, depois que ela foi fazer um distanciamento social de 30 dias nas praias idílicas do sul do estado.

Sol, sal e distanciamento social: o sul da Bahia é a receita certa para uma viagem segura e prazerosa nesses tempos tão diferentes. Passei mais de trinta dias na região, em uma viagem que ultrapassou 10 lugares visitados e três mil quilômetros rodados. Também planeja pegar a estrada em breve? Te conto tudo o que você quer saber sobre viajar de carro para a Bahia.

O sul do estado – e seus paraísos como Corumbau, Espelho ou Caraíva – estão a centenas de quilômetros de qualquer cidade média ou grande e, muitas vezes, são acessíveis apenas por estradas de terra. Isso torna os lugarejos tranquilos, pitorescos e naturalmente socialmente distanciados – não é isso que você está procurado no 193948º dia de pandemia?

O sul da Bahia é ótimo para o distanciamento social (foto: Luciana Guilliod)
O sul da Bahia é ótimo para o distanciamento social (foto: Luciana Guilliod)

Meu rolé

Sou relações públicas de uma grande empresa e trabalho em regime tradicional. De março para cá, porém, meu escritório virou qualquer lugar com um bom wifi. Tive dois meses de namoro com a serra do Rio de Janeiro e, em setembro, senti-me pronta para uma viagem mais distante.

Meu plano era manter a rotina que tenho no Rio – acordar com o dia nascendo, treinar, dar um mergulho na praia, trabalhar em horário comercial, almoçar em casa, dar um rolézinho depois do expediente – com o sul da Bahia como cenário. Procurei me hospedar em casas alugadas, onde gozava da luz natural e do espaço ao ar livre que me faltam no apartamento da cidade grande, mas com infraestrutura de cozinha completa e mesa de trabalho para dar conta do expediente comercial.

viajar de carro para a Bahia
Dá pra se divertir muito pegando a estrada sozinha. Mirante das fitinhas, no centro histórico de Arraial d’Ajuda (foto: Luciana Guilliod)

Passei mais de um mês pegando estrada sozinha, embora tenha aprendido a dirigir aos 30 anos, nunca por mais de 300km. Mas 2020 veio para chacoalhar nossa zona de conforto e de repente o tesão da viagem tornou-se maior que qualquer apreensão. Substituí o medo pelo planejamento: levei o carro para uma revisão na concessionária, baixei mapas off-line, tracei planos A e B para comer e dormir na estrada. O determinante, porém, foi acreditar na minha capacidade de lidar com as situações que se apresentassem (façam terapia). E às 6h de um sábado de setembro, coloquei as malas no carro e parti, sem saber quando voltaria para casa.

Viajar de carro para a Bahia

Viajar de carro para a Bahia a partir do Rio de Janeiro não tem erro: é pegar a ponte Rio-Niterói e a BR-101.

A BR vira pista única depois de Vitória, com pouco tráfego, mas muitos caminhões que exigem cuidado nas ultrapassagens. A estrada está em boas condições e tem velocidade máxima de 80km/h na maioria dos trechos. Há muitas lombadas e radares de velocidade ao cruzar vilas e cidades, mas estão bem sinalizados.

A BR 101 atravessa algumas cidades médias como Campos, Linhares e São Mateus, que são ótimos locais para pernoite: têm boa infraestrutura de restaurantes e hotéis (muitos de rede, inclusive) e estão coladinhos à estrada, o que otimiza tempo. Na ida, dormi no Ibis São Mateus e na volta, no Bristol Easy Hotel de Cachoeiro do Itapemirim.

A felicidade estampada no rosto da pessoa que foi de carro para a Bahia (foto: Luciana Guilliod)
A felicidade estampada no rosto da pessoa que foi de carro para a Bahia (foto: Luciana Guilliod)

A ida somou 1000 km (740km até São Mateus) e a volta, 1200 (750km até Cachoeiro). Tenho muita resistência física, então consigo dirigir bastante sem cansar. Entre almoço, banheiro e abastecimento, não levei mais que meia hora por dia, dirigindo das 6h às 18h. À noite, sentia o lado direito do corpo formigar, como resultado de 12 horas com o pé no acelerador. Ao viajar de carro para a Bahia, é recomendável revezar a direção ou parar para tomar um café sempre que precisar. Estamos aqui para relaxar, lembra?

Cumuruxatiba: a roots

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Cumuruxatiba é roots (foto: Luciana Guilliod)

A vila, acessível apenas por estrada de terra, foi a primeira parada baiana. O segundo dia de estrada levou pouco mais de três horas e às 10h já estava na praia. Jamais me esquecerei desse momento: depois da ideia meio louca de viajar de carro até a Bahia sozinha ter dado certo, ainda sem fazer o check-in na casa alugada, dei o primeiro mergulho no mar, cercada de falésias, inebriada de liberdade e entusiasmada com tudo que viria pela frente.

Cumuruxatiba tem cara de vila, com ruas de terra, pracinha central, igreja e sorveteria. Tem restaurantes simpáticos e charmosas pousadas pé na areia. Mas tem zero carão e dispensa a necessidade de calçar outra coisa que não Havaianas. O centrinho da vila é muito mais local que turístico e essa rusticidade é a grande graça de Cumuru. Imagino que deva ser um ótimo esconderijo em datas como Carnaval e Réveillon.

Não há programas noturnos. Se fosse você, pegaria uma pousada pé na areia na praia do Rio do Peixe, a 3km do centrinho. Descanse como se não houvesse pandemia, jante na pousada e aproveite a oportunidade de dormir e acordar numa praia baiana a um preço acessível.

As praias do centro da vila e suas amendoeiras são agradáveis, mas encare as estradinhas de terra e vá se bronzear com as falésias e coqueiros das praias do Moreyra, Japara Grande, Japara Mirim e Barra do Cahy (a última teria sido onde a esquadra de Cabral avistou o Brasil, com uma cruz para constar a história e figurar no Instagram). Ou melhor ainda: conheça a inigualável Corumbau, a uma hora de Cumuru.

Caravelas: a desrecomendada

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Abrolhos é deslumbrante – mas se você não fizer um live aboard de mergulho, não verá isso (foto: Luciana Guilliod)

Casario colonial à beira do rio, praias e festas religiosas tradicionais, numa vila que é porta de entrada para um dos maiores tesouros naturais do país: Caravelas é um desperdício de potencial turístico. Falta charme e infraestrutura ao lugar, o qual só recomendo caso você faça um live aboard no arquipélago de Abrolhos. Foi o que fiz.

Live aboard, veja bem. Qualquer embarque para Abrolhos que não inclua mergulhos autônomos e, no mínimo, um pernoite também é um desperdício: são quatro a cinco horas de viagem em mar aberto até o Parque Nacional Marinho, as quais passei deitada para minimizar o enjoo. Encarar um deslocamento tão grande para passar duas horas no arquipélago é bobagem. Abrolhos é um Parque Nacional Marinho e quem não mergulha em diferentes pontos, bom, tecnicamente não conhece Abrolhos.

Trancoso, a elitista

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Trancoso é a melhor base para explorar o sul da Bahia (foto: Luciana Guilliod)

Tem famosos, destination weddings, faria limers, restaurantes que custam a diária de uma pousada e pousadas cuja diária é o valor de um aluguel na capital. Mas existe uma Trancoso para cada gosto e cada bolso e suas maiores atrações – as praias e o Quadrado – são gratuitos.

Trancoso é a melhor base para se viajar de carro para a Bahia: pequena o suficiente para ser charmosa, grande o suficiente para ter infraestrutura (posto de gasolina dentro da cidade é luxo, acredite). O vilarejo tem posição geográfica estratégica para day trips: você estará a, no máximo, duas horas de distância de Caraíva e Espelho (ao sul) e Arraial d’Ajuda e Porto Seguro (ao norte).

viajar de carro para a Bahia
O nascer do sol em Trancoso (foto: Luciana Guilliod)

Duas semanas em Trancoso é tempo o suficiente para conhecer muita coisa. O Quadrado sobrevive ao hype e é uma graça. Tem turista, joalheria e restaurante sofisticado, sim. Mas tem molecada jogando bola, adolescente fumando maconha, locais dispostos a bater papo, e para a surpresa dessa carioca escolada na especulação imobiliária, até moradores de verdade. Passear no Quadrado ao entardecer é um must do em Trancoso, mas deixe-me te contar uma coisa: o sol nasce no mar, atrás da Igrejinha, onde tem um mirante. Acordar de madrugada para assistir a esse espetáculo e depois dar uma corridinha na areia vale a pena (ou você pode beber todas e ir virado, quem sou eu para julgar?). De qualquer forma, vá. Ver o sol nascer no Quadrado é bem melhor que ver o sol nascer quadrado.

Design lovers podem agendar uma visita ao Teatro L’Occitane, na antiga estrada para Arraial d’Ajuda. Sua dermatologista vai agradecer esse tempinho fora da praia e a arquitetura de François Valentiny não faria feio em Nova York. A 20 minutos de carro do Quadrado, um rolé insider é o mirante para o Vale dos Búfalos com vista para planícies, florestas, o Rio dos Frades e, claro, búfalos. O lugar é super simples e serve galinhada e cerveja de garrafa para almojanta. Não consigo imaginar um pós-praia melhor.

O Teatro L'Occitane é um rolé de arte e design em Trancoso para quem vai viajar de carro para a Bahia - foto: Luciana Guilliod
O Teatro L’Occitane é um rolé de arte e design em Trancoso (foto: Luciana Guilliod)

As praias centrais – Coqueiros e Nativos – são lindas, mas relativamente muvucadas. Dispense as barracas de praia e caminhe até o Rio da Barra (não sei porque em quase toda praia na Bahia desaguam um ou mais rios, mas só posso agradecer), Praia das Tartarugas ou vá de carro ao Taípe, já no limite com Arraial. Esses lugares têm pouca ou nenhuma infraestrutura: viemos aqui pela tranquilidade e distanciamento social, lembra?

Restaurante, café ou bar? O Sabor do Mundo é o melhor local sobre o qual você não vai ler a respeito em outros blogs: ambiente despojado, pratos na casa dos R$ 40-50 e culinária delícia de diversos lugares do mundo. Levei meu nomadismo digital ao Santo Café para uma tarde de trabalho com chemex e sombra de amendoeiras e fechei uma noite no Ginger, novíssimo bar de coquetéis com ingredientes baianos e preços paulistanos.

Caraíva, a cool

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A versão caraíver para prédio, asfalto e automóvel (foto: Luciana Guilliod)

Ela merece a fama que tem. De onde saiu tanta gente linda, sarada, jovem e seminua? Tanta casa fofa e colorida? Tanta areia, meu Deus, tem areia até no meu pensamento. Despeça-se do seu carro em Nova Caraíva e embarque numa canoa. Uma travessia de cinco minutos e zero distanciamento social te transportam a esse lugar único na Bahia chamado Caraíva.

Caraíva é a anti-Porto Seguro: o acesso é difícil, a vila é pequena, não há iluminação pública ou sinal de celular e as ruas de areia são uma dificuldade real a quem tem mobilidade reduzida. É um destino mais gostoso que bonito, um lugar para onde viajamos não para conhecer e sim para curtir. Imagino-me passando duas semanas por lá, criando uma rotina e fazendo amizade com toda a vila.

Tem camping, pousada charmosa, carroça, índigenas pataxó, empreendedores do Sudeste, lojinhas hypadas, pastel de arraia e um forró cuja fama faz até uma acorda ceder como eu querer virar a noite (se é pra encoxar, que seja essa gente linda, sarada, jovem e seminua). Por enquanto, a mistura está funcionando.

Caraíva acontece à beira do rio. A barra, seu encontro com o mar, é o lugar mais popular (not in a good way) durante o dia. Os nativos montam barraquinhas e vendem bebidas e como estive lá num feriado, a quantidade de pessoas me incomodou.

Bastava caminhar por dois minutos para sair da aglomeração, mas por que não caminhar cinquenta até a praia do Satu? Do outro lado do rio, essa praia que ainda vai ficar famosa tem falésias, três lagoas quentinhas, um beach club e acesso apenas a pé. Outro rolé gostoso é, no fim de tarde, sair da vila, atravessar a Aldeia Xandó (área demarcada Pataxó) e, uns três quilômetros depois, chegar na prainha. Esse trecho do rio Caraíva oferece um banho gostoso e um belo por do sol.

As pessoas também costumam andar até o Espelho (nove quilômetros percorridos em duas ou três horas), mas se você quiser evitar a fadiga, a praia de Caraíva tem dois beach clubs e muito espaço.

Espelho, a elegante

Toda viagem de carro para a Bahia tem passagem garantida pela Praia do Espelho
A praia do Espelho sobrevive ao hype (foto: Luciana Guilliod)

Isolada, imponente, elegante: a praia do Espelho é um esconderijo exclusivo para quem se hospeda por lá ou uma ótima day trip a partir de Trancoso ou Caraíva. Tem falésia, rio e piscina natural em dezenas de praias na Bahia, mas as de lá são as mais impactantes.

O Espelho está dividido em três trechos: Praia dos Amores à esquerda, Curuípe (a razão social da praia do Espelho) e a praia do Outeiro à direita. Não há vila ou centrinho, apenas um punhado de pousadas e restaurantes espalhados na areia ou no alto da falésia (no condomínio Outeiro das Brisas, onde é possível alugar casa para temporada). É um lugar exclusivo (eufemismo para ‘caro’), mas que não pode ficar fora do seu roteiro.

O Restaurante da Sylvinha não é mais segredo, mas continua sendo um almoço inesquecível. R$150 por pessoa pagam por um menu confiance mezzo asiático/mezzo baiano servidos em uma infinidade de porções e pratinhos (peça o chapati com tagine meia hora antes e aprecie bebendo uma caipivodka nas chaises longue de taipa). O valor só não paga o bom humor da chef e proprietária. Ao lado, o bar de praia do Calá e Divino cobra R$ 250,00 de consumação mínima, tem cardápio tradicional e atendimento simpaticíssimo.

Arraial d’Ajuda, a popular (esca)

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Natureza linda e cidade muvucada em Arraial (foto: Luciana Guilliod)

As praias são lindas e há um centro histórico em frente à uma igreja de quase 500 anos de idade, mas o turismo de massa estragou Arraial d’Ajuda. Se Caravelas não tem infraestrutura, Arraial tem, mas é voltada ao ônibus de excursão, ao consumo de souvenirs, ao crescimento desordenado e à aglomeração. Não curto, minha passagem por lá foi meteórica por isso não vou me alongar. Ponto positivo? Os preços são bons.

Santo André, a low profile

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A igrejinha de Santo André foge ao estilo colonial da região, mas é tão charmosa quanto (foto: Luciana Guilliod)

Duas travessias de balsa separam Arraial desta pequena pérola baiana. Santo André é uma vila de 800 habitantes que ganhou fama no Brasil ao tornar-se o centro de treinamento da seleção alemã na Copa do Mundo de 2014 (e deu no que deu). A vila, porém, não saiu da minha cabeça desde a primeira visita que fiz ao sul da Bahia, ainda no longínquo século XX.

Arraial é bonita, mas não é gostosa. Santo André é gostosa, mas não é bonita: o rio João de Tiba acaba deixando a água do mar um pouco turva e faltam-lhe as falésias e coqueiros que embelezam outras praias do Nordeste. O grande trunfo de Santo André é sua paz. A vila não é muito mais que duas ruas paralelas ao rio e um punhado de pousadas, hotéis e restaurantes. É lugar para meditar ao amanhecer, caminhar na areia, hospedar-se em frente ao mar para alternar praia, rede e soneca, ver o sol se deitar na beira do rio, jantar na pousada e observar as estrelas em uma praia completamente deserta e sem luz artificial.

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A cocada da Lete é a melhor coisa que você vai comer em Santo André (foto: Luciana Guilliod)

Surpreendentemente, um lugar tão pequeno oferece muitas opções: há yoga, pilates, pedal, pesca de marlim azul (?!), festival gastronômico, hotéis cinco estrelas, pousadas charmosas e restaurantes simpáticos. Qualquer seja sua opção, prometa-me que você passará na Oficina do Sabor, em frente a igrejinha, e comprará uma cocada de chocolate. O lugar é super agradável e Lete, a proprietária e cozinheira, um doce de pessoa. As cocadas ajudam a sustentar seu projeto social, que combate o abuso de substâncias por jovens e adolescentes. Comer cocada para fazer o bem: taí a desculpa que nos faltava.

Outro rolé gastronômico imperdível é o Aqui eu Maria Nilza, restaurante pé na areia no Guaiú, a 13km de Santo André. Não sei o que é melhor: comida, decoração, atendimento ou preços. É programa para dia inteiro: reveze entre as cadeiras na areia e mesas no restaurante; mergulhos no mar e banhos de rio; pasteis de siri e arroz de polvo. Em algumas ocasiões, é possível ter tudo na vida.

Maria Nilza merece o mundo inteiro, mas só posso oferecer-lhe outro parágrafo: não há energia elétrica no Guaiú e toda comida é feita no forno a lenha. Rogério Fasano não faria melhor: há luvas de plástico para que os comensais não sujem as mãos com limão e, ao fim da refeição, Maria Nilza oferece aos clientes uma cesta com mensagens de sorte do dia e um book para escolherem um de seus trevos de quatro folhas plantados ali mesmo: pega essa user experience, Vale do Silício. Tudo isso em um restaurante que cobra R$ 65,00 por um prato de lagosta e R$ 13 por uma caipirinha de cupuaçu ou biri biri.

Belmonte, a anacrônica

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Belmonte é um lugar único: onde mais você já viu um farol em terra firme? (foto: Luciana Guilliod)

Se você cansar do deboísmo em Santo André, sugiro um programa redondinho: a 50km de distância, via asfalto irretocável, está Belmonte.

Outrora importante polo cacaueiro, a cidade de Belmonte hoje repousa sonolenta às margens do rio Jequitinhona. Ainda há comercio de cacau e pequenos armazéns enfileiram-se em frente ao porto fluvial. A partir dali, alcança-se trechos lindos de mangue até Canavieiras: os passeios de lancha atravessam mangue, mar, rio e fazendas de cacau.

O centro histórico mistura casarões restaurados, moradias familiares e ruínas esquecidas, quase todos em cores vivas, organizando-se em ruas paralelas ao rio. Um desses casarões abriga o Museu das Cadeiras, trazendo um shot de design contemporâneo à cidade adormecida no século XX. Se te pareceu descabido, saiba que o designer Zanine Caldas é nascido em Belmonte.

Descabido mesmo é o farol de Belmonte, que fica a um quilômetro da costa. Belmonte também tinha uma estátua de guaiamum gigante (google, por favor), levada pelo mar há poucos meses. Belmonte tem clubes (sim, no plural) de dominó, aeroporto e até mesmo uma tipografia, onde o simpático funcionário mostrou-me os jornais que ali impressos há décadas noticiavam a Segunda Guerra. Anacrônica, estranha, nonchalant: Belmonte é o melhor não turismo do sul da Bahia.

Dicas gerais para uma viagem de carro para a Bahia tranquila

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Bahia vibes (foto: Luciana Guilliod)

– Muitas estradas são de terra. É possível viajar de carro para a Bahia em carro comum, mas redobre os cuidados (e a previsão de tempo).

– Na dúvida, abasteça. É possível passar uma hora dirigindo sem encontrar um posto de combustível.

Assine um serviço de pagamento automático de pedágios e cole a tag no para brisas. É das pequenas alegrias da vida adulta pegar o fast pass na fila do pedágio.

-É essencial consultar a tábua das marés. A preamar pode inviabilizar caminhadas na praia e a baixamar é quando as piscinas naturais se revelam. Você foi tão longe, se programe para encontrar a praia do jeito que sonhou.

– Leve um guarda-sol no porta-malas. Muitas vezes, sua única sombra na praia será um restaurante que cobrará R$ 250,00 de consumação mínima.

*Foto de destaque: Luciana Guilliod

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

27 de October, 2020

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Luciana Guilliod

Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.

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