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A estrada Itaipava-Teresópolis esconde uma série de encantos para quem curte natureza, trilhas e esportes ao ar livre. O Fit Happens te leva por um passeio completo nessa paisagem mágica.
Uma das melhores coisas do Rio de Janeiro é ter a Serra dos Órgãos a 1h30 de casa. Cresci frequentando o lugar: com o tio de Teresópolis, ia à Feirinha do Alto comer doces. Com as primas paulistanas, visitava o Museu Imperial de Petrópolis para ver in loco o que estudávamos nos livros de História. Ultimamente, adulta, tenho me refugiado em Itaipava para conectar-me à natureza entre uma delícia gastronômica e outra. E aproveitado para explorar as atrações da BR-495, a estrada Itaipava-Teresópolis.
A BR-495, oficialmente Estrada Philuvio Cerqueira Rodrigues, liga as duas cidades em um percurso sinuoso de 33km a mais de mil metros de altitude. O caminho, da rodoviária de Itaipava ao bairro Quebra-Frascos, em Teresópolis, é também conhecido como Estrada das Hortênsias, em alusão às flores que abundam na região.
O trajeto, de carro, leva cerca de uma hora e nos fins de semana há dezenas de ciclistas e motoqueiros percorrendo o caminho por pura diversão. O passeio começa no ponto de tráfego mais intenso de Itaipava e passa por pequenos comércios. A primeira parada é no bairro de Benfica: o Hortifruti do André é um empório com frutas, legumes e todo o tipo de delícias regionais para curtir o friozinho da serra. Traga um biscoito amanteigado de goiaba pra mim, por favor.
A menos de um quilômetro dali, após cruzar uma ponte, à direita, está uma das coisas mais legais de Itaipava: o Vale da Lua. Esse é um complexo de trilhas que levam a uma linda floresta de pinheiros e são a diversão de motociclistas e mountain bikers. É possível subir de carro por outro caminho, mas não tem graça: o percurso total, até o mirante que vem depois do pinheiral, dá menos de 3km, por uma trilha que até minha mãe curtiu e pediu para repetir. É uma das melhores relações esforço-benefício da Serra dos Órgãos. São muitos os braços da trilha, mas todos os caminhos levam ao topo. Não há como se perder.
Até a entrada do Vale da Lua, a Itaipava-Teresópolis não é bonita. O show começa após o bairro Madame Machado, uns dois quilômetros adiante. Um riacho acompanha a estrada, fazendas pontilham a paisagem, vacas e cavalos pastam e monolitos se amontoam pelo caminho. Ao seu lado esquerdo, a Serra dos Órgãos desnuda uma vista depois de outra. Tanta beleza tem um preço: o trajeto é sinuoso, sem acostamento, mão única e ainda por cima, sujeito à neblina. Cuidado.
Sua próxima parada não está sinalizada e pode ser identificada por uma pracinha com estacionamento. Ali está uma das maiores cachoeiras da região: a Cachoeira dos 13 (em referência ao quilômetro da estrada onde se encontra) ou da Macumba (uma alusão ao tipo de coisa que você pode encontrar por lá). Por ser de fácil acesso, no verão o poço lota de banhistas e a queda principal, com 35m, atrai praticantes de rapel. Caminhe por mais alguns minutos trilha acima para chegar às duas quedas d’água: a última delas não deixa nada a dever à paisagem mais famosa de Ibitipoca, a Janela do Céu. Tudo bem, te daremos as coordenadas para o GPS: 22º 25´53.0” S , 43º 04´00.1”
O Mirante da Serra de Itaipava-Teresópolis está alguns quilômetros adiante e marca o ponto mais alto do caminho, com 1500m de altitude. O local, admito, poderia ser melhor cuidado pela prefeitura. Há duas barraquinhas que vendem pastéis e lanchinhos para repor as energias dos ciclistas. O mirante também é um ótimo local para assistir ao por do sol – mas redobre os cuidados com a estrada à noite.
Há mais alguns quilômetros povoados apenas por árvores e montanhas antes da região começar a ser habitada. Na chegada em Teresópolis a estrada ainda é tomada pelo verde, mas já se avistam clubes e condomínios fechados. Quase bate uma tristezinha ao retornar à civilização. Minha sugestão: feche o passeio com um banquete no Dona Irene, um dos poucos restaurantes russos do Brasil, fundado em 1964 e que funciona apenas para almoço. Em seguida, é só dobrar a aposta e pegar a estrada de volta.
*Foto de destaque: Luciana Guilliod
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.