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SXSW 2019: os 10 melhores shows que vi

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

01 de April, 2019

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Com cerca de 2 mil shows na programação do SXSW 2019, fazer um top 10 é uma tarefa ingrata. Este ano eu tive muita sorte, pois já aconteceu de eu voltar do festival sem muitas surpresas musicais na cartola. Isso prova que pesquisar um pouco os artistas, seja por estilo, por clube ou mesmo espiar a lista dos curadores do festival, além de pegar dicas de amigos fazem uma grande diferença. Porém, contrariando minha própria dica, esse foi o ano em que menos pesquisei.

Resolvi ir pro SXSW no supetão e decidi mergulhar apenas no festival de música. Para não chegar lá mais perdida que Alice, eu fiz uma rápida (e mal feita) lição de casa. Pesquisei meus sites favoritos de música para ver quais eram os shows que eles indicavam ver; zapeei as matérias com os highlights do festival; ouvi algumas playlists feitas no Spotify e por aí vai. Não sei quantos shows eu vi no total porque sou péssima em organizar listas finais, mas vi bastante. A média foi entre 8 e 10 por dia durante uma semana inteira, incluindo o domingo quando o SXSW já está cerrando sua cortina.

The Comet is Coming foi uma das bandas mais concorridas do SXSW 2019. Foto: Fabrice Bourgelle
The Comet is Coming foi uma das bandas mais concorridas do SXSW 2019. Foto: Fabrice Bourgelle

Outra coisa que fiz esse ano foi priorizar bandas com minas. No meu top 10, 5 bandas são com mulheres. Além disso, perguntei o tempo todo para as pessoas com quem cruzei o que eu não poderia perder, li diariamente os emails que o próprio SXSW envia com os destaques do dia e dava uma zapeada nos pôsteres que preenchem todos os postes em torno do Austin Convention Center.

amanda palmer sxsw 2019
Amanda Palmer era uma das artistas que eu mais queria ver no sxsw e perdi o principal show dela.

A lindeza foi que eu gostei de pelo menos 80% de shows que assisti. Os que eu não gostei eu me permiti ir embora após a terceira música e correr atrás de algum outro show nas proximidades de onde eu estava. Funcionou!

Mas uma coisa que precisa ficar clara pra quem nunca foi: planejar é bom, porém o planejamento raramente rola como a gente espera (e tá tudo bem). Ter esse norte é um conforto, evita a fadiga e até te permite ficar mais livre (contraditório, não é? mas o SXSW é cheio de contradições). Agora clica no play e vem:

Fiz essa lista com um pouco de sofrimento, pois deixei algumas coisas de fora. A ordem dos artistas não tem a ver com eu ter gostado mais ou menos deles. Artistas que levaram elementos diferentes para o palco, que chacoalharam ou emocionaram a galera, acabaram ganhando meu coração. Vamos lá!

1) Amanda Palmer

A Amanda Palmer era um dos destaques da minha agenda porque eu já fui obcecada pelo Dresden Dolls. Foi o primeiro show que vi no festival e foi intenso porque ela resolveu palestrar ao invés de tocar. Pareceu não estar muito afim, comentou que estava lá mesmo porque foi acompanhar o marido Neil Gailman (que casal!). Por fim falou bastante, causou um pouco de comoção e tocou algumas poucas músicas. Poucas músicas que valeram a pena eu ter ido vê-la, pois o show, apesar de rápido, foi pujante. Depois soube que o show que ela fez numa igreja foi de chorar de lindo! Esse eu perdi… mas ele está também no meu “top 10 shows que eu não vi”. Dá para assistir um trecho dela tocando no Tiny Desk Family Hour da NPR aqui.

2) Soft Kill

Fui no show do Soft Kill, banda de Portland, de carona com meu amigo e curador para shows de punk & rock, o Carlão. Eu adoro post-punk, então não resisti ao convite. A banda não proporciona exatamente alegrias. O show, cheio de gelo seco, foi cru e catártico. Shoegaze, new wave, post-punk. Estava tudo lá! Como eles se auto-intitulam na bio no facebook, eles fazem “sad rock”. É triste, é introspectivo, é bonito. O frontman Tobias Sinclair sabe bem o que está fazendo no palco. Aliás, é também a banda que tem menos tempo na estrada com mais ex-integrantes que já vi. Acho que ninguém aguenta o clima “sad” por tanto tempo.

3) Harmony Byrne

A australiana Harmony Byrne quase me fez chorar com um show bonito e intimista (tinha umas 20 pessoas). Sua voz levemente rouca, doce e chorosa te puxa para perto dela. Fez total sentido saber posteriormente que ela cresceu cantando em corais numa igreja Mórmon. Ela ainda não tem álbum lançado, mas alguns singles já chamaram atenção por aí.  Não deixe de ouvir Demise e entenderá um pouco o porquê me apaixonei por ela. Além de tudo ela é super simpática fora dos palcos. Quero se amiga dessa aussie.

4) Juiceboxxx

Juiceboxxx cumpre o que fala na sua própria bio: faz um verdadeiro punk rock rap. Ele, inclusive, ficou conhecido por ter virado meme ao ser considerado o pior rapper do mundo. O show que vi na Barracuda foi insano. É rap. É rock. É punk. Bem punk! Ele pula de um lado pro outro do palco, grita, pula. Na sua música é perceptível referências como Beastie Boys (ouça Freaking Out). Foi um dos shows mais vigorosos que vi. Só não entrei na roda porque ela não rolou.

5) Jazzrausch

A big band alemã Jazzrausch é o tipo de banda que é bom mesmo ver ao vivo. Eu estava na maior expectativa, pois gosto muito de ver música eletrônica sendo produzida da forma mais analógica possível. Das bandas que vi até hoje, nenhuma faz tão bem como essa big band. São 31 integrantes, mas no show que assisti eram uns 10 (senão não caberia no minúsculo palco do clube de jazz Elephant Room). Levei um monte de gente pra ver o show comigo. A maioria afirmou ter sido o show mais catártico que viu em todo o SXSW. E foi mesmo! No repertório rolou house, disco e techno. Não à toa, a banda criada em 2014 é a primeira a ter residência num clube de techno, o Harry Klein, em Munique, e também está em vários line-ups de festivais de jazz no mundo. Eu quero mesmo é eles aqui no carnaval 2020!

6) KOKOKO!

A banda congolesa KOKOKO! criou bastante expectativa em torno dela, pois estava em várias listas de shows imperdíveis no SXSW. Eu, que não sou boba, fui conferir! A banda entrou com todos vestidos de macacão amarelo gritando ko-ko-ko! num megafone, causando um frisson na galera que começou a gritar junto e a pular. O Emmo, lugar onde rolou o show, tremeu. Os instrumentos, todos construídos com material reciclados (incluindo até máquina de escrever), exceto por um laptop, cuspiam batidas eletrônicas que se misturavam com canções cantadas em dialeto africano. Foi uma noite especial bem complementada por Jojo Abot, uma artista de Gana (baseada em NY), e dos brasileiros Bixiga 70. Resumo: a noite no Emmo foi uma grande festa como só Brasil e África sabem fazer.

7) Graham Coxon

O Graham Coxon está na lista por dois motivos: emotivo, porque o Blur já foi uma das minhas bandas favoritas da vida; e porque o show foi super despretensioso, introspectivo e bonito. Show acústico numa igreja não tem como errar. Foram 11 canções passeando por toda sua discografia. “Coffee and TV” não rolou, mas “You’re so great” entrou no repertório, além de cover “Can’t find my way home”, do Blind Faith. Graham passou o show sentado numa cadeira tocando e cantando muito timidamente. Trocou algumas palavras com o público, riu, brincou… e nos lembrou o porquê a gente gosta tanto do Blur.

8) Sweet Crude

O Sweet Crude foi uma agradabilíssima surpresa. Entrei na igreja St. David por engano, mas acabei me deparando com essa banda deliciosa de New Orleans. Cantam metade em inglês, metade em francês “de la Louisiane du sud”. A noite era do selo Verve Label Group, que tem Ella Fitzgerald e Billie Holliday na lista de artistas, então não tinha muito como errar. Sweet Crude tem apenas um álbum no currículo (ótimo por sinal), o Créatures. Foi um dos shows mais felizes e divertidos que assisti em todo o SXSW. A banda alterna vários instrumentos incluindo violino, trompete e vocais potentes. Se cruzar com essa banda em algum festival ou cidade, a dica é: não perca! Ela é maravilhosa… não resisti e tietei a banda enquanto eu assistia Japanese Breakfast (porque o show do Sweet Crude é muito mais legal).

9) The Comet is Coming

A banda realmente honra o nome. É um cometa abrindo uma cratera no meio do palco com um show pra lá de intenso! The Comet is Coming foi uma das sensações deste SXSW. O show que fui ver (depois do Sweet Crude no mesmo showcase da Verve Label Group) estava disputadíssimo. O trio londrino conta com um tecladista, um baterista e o maravilhoso saxofonista King Shabaka (o cara é rei mesmo no que faz). Ele deixa todo mundo sem fôlego ao vê-lo tocar. É surreal! Um caldeirão musical com jazz, música eletrônica, funk e até uma pitada de rock psicodélico. O som é tão único que não me trouxe qualquer referência de algo que eu já tenha visto. Acabaram de lançar um novo álbum, “Trust in the lifeforce of the deep mystery”, que vale a pena ouvir na íntegra. Eles honraram todas as listas #mustseesxsw em que estavam!

10) Mother Falcon

O Mother Falcon surgiu em Austin em 2008 e faz rock sinfônico, como eles intitulam o estilo que tocam. Eram 10 pessoas no palco numa composição de mini orquestra. Sax, violino, trompete, bateria, teclado, guitarra, contra-baixo e uma vocalista de voz doce e macia. Lembrou-me um pouco Arcade Fire em alguns momentos, mas em outros não me lembrou nada e me envolveu numa sonoridade desconhecida. Eles me emocionaram me tirando lágrimas em alguns momentos. Banda pra ver ao vivo num lugar com acústica incrível como na igreja que vi.

Neste link você confere meus shows favoritos de 2018. Duas bandas que não entraram na lista porque não couberam: The Medium, de Nashville, que deixa explícita suas referências como The Zombies e Beach Boys; e o Boogarins que sempre faz um show incrível.

E você que foi e está lendo este post, qual foi seu show favorito este ano?

*Foto destaque: show da Amanda Palmer por Aaron Rogosin / divulgação SXSW

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

01 de April, 2019

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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