Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Nos últimos anos, o Brasil parece ter descoberto o Pará, graças principalmente à música e a gastronomia do estado, tão ricas e cheias de personalidade. A três horas e meia de avião do Rio ou de São Paulo, a capital Belém está cheia de belezas a serem desvendadas pelo resto do país.
A cidade chegou a ser a capital mais avançada do Brasil — a primeira a ter eletricidade e bondes elétricos, por exemplo. Isso tudo por conta de sua importância estratégica no Ciclo da Borracha. Naquele período, chamado de Belle Époque Tropical, a Belém teve grande desenvolvimento, com construções como o Cinema Olympia (o mais antigo do Brasil em funcionamento, considerado um dos mais luxuosos e modernos da época em que foi inaugurado, 1912, porém hoje bastante modificado), o Teatro da Paz, inspirado no Teatro Scala de Milão, e o mercado Ver-o-Peso, a maior feira livre da América Latina. Hoje, a cidade está na vanguarda com sua cultura, que tem encantado o Brasil.
Por sua localização, próxima à Linha do Equador e à Floresta Amazônica, a capital mais chuvosa do país (chove quase todo dia à tarde) tem clima equatorial, com umidade e calor constantes. É bom levar tudo isso em conta na hora de fazer a mala e relaxar com o fato de que provavelmente você ficará com “pele de pupunha” — referência ao fruto que, ao ser cozido, fica com aspecto oleoso (não confundir com o palmito da mesma árvore, comum no Sudeste).
Belém não possui metrô, então o jeito para quem está viajando é andar de ônibus ou táxi (que não costuma sair muito caro, em comparação ao Rio ou a São Paulo). Uma coisa curiosa é que lá, assim como em Buenos Aires, os taxistas costumam perguntar entre que ruas fica o número do endereço de destino. Portanto, vale dar uma checada sempre no Google Maps antes de sair do hotel.
A gastronomia é um dos aspectos mais interessantes de Belém. A começar pelos ingredientes, não tão comuns em outras partes do país. Os peixes de rio merecem destaque: tambaqui, filhote e pirarucu são os mais famosos. O jambu, erva que provoca uma dormência na língua, está presente em boa parte dos pratos típicos locais. O açaí é outro orgulho da terra, mas no Pará ele é servido fresco e tem sabor bem diferente do que é conhecido no Sudeste, congelado. Além do mais, pode servir de acompanhamento para pratos salgados, como frango ou peixe. A famosíssima castanha-do-pará também é encontrada fresca, e que diferença!
A unha de caranguejo, o pato no tucupi (um caldo feito a partir da mandioca brava), o tacacá (um caldo à base de tucupi com camarão e jambu), a maniçoba (feita com a folha da mandioca brava e carne de porco) e os sucos e doces de frutas como bacuri, cupuaçu e taperebá também estão por todos os cantos. E lá a gente descobre que pupunha não é um palmito, e sim um fruto da árvore que também tem palmito (retirado de seu miolo).
O Remanso do Bosque, aberto em 2012, é considerado o melhor restaurante da cidade. A fama é tanta que todos os grandes chefs que passam por Belém vão conferir o trabalho dos irmãos Felipe e Thiago Castanho, que investem na alta gastronomia feita com ingredientes locais. Alex Atala, Claude Troisgros e Roberta Sudbrack são fãs. Ferran Adrià fez questão de ir lá.
O pirarucu defumado com farofa de castanha e banana-da-terra é uma das joias do cardápio. De sobremesa, a musse de chocolate com nibs de semente de cacau, mais doce de cupuaçu e crumble de chocolate, que vem em um vaso de cerâmica e com uma pá para comer. Fica na frente do Jardim Botânico, então dá para fazer passeio combinado. Os preços não são baratos, mas condizem com a qualidade do lugar. Rua Vinte e Cinco de Setembro, 2.350 – Marco. Telefone: (91) 3347-2829. De segunda a quinta, 11h30-15h e 19 às 22h30. Sexta e sábado, 11h30 às 15h e 19 às 23h. Domingo 11 às 15h.
O Remanso do Peixe, restaurante mais antigo dos Castanho, fica em um ambiente mais simples: uma casa de vila. Mas a comida é igualmente deliciosa. A família morava lá quando o patriarca, seu Francisco, começou a realizar almoços na sala para garantir o sustento de todos, em 2000. O sucesso foi tanto que eles acabaram se mudando para outra casa. Uma especialidade é a caldeirada paraense, feita com filhote cozido no caldo de tucupi e jambu, com mix de pimentões, tomate e camarão rosa. Travessa Barão do Triunfo, 2.590, casa 64 – Marco. Telefone: (91) 3228-2477. De segunda a sexta-feira, das 11 às 15h30 e das 19h às 22h30. Sábado, das 11 às 22h30. Domingo, das 11h às 15h30.
Localizado em plena Cidade Velha, o antigo centro de Belém, o parque ecológico Mangal das Garças por si só já é um programa bacana. São centenas de espécies de animais e vegetais amazônicos. Mas, além de tudo, lá dentro fica um restaurante bem gostoso também, o Manjar das Garças. Funciona em esquema de bufê no almoço, o que é uma boa pedida para provar os clássicos da terra, como pato no tucupi, filhote, arroz paraense etc. À noite, trabalha em esquema à la carte. Passagem Carneiro da Rocha, s/n° – Cidade Velha. Tel.: 3242-1056. De terça a sábado, das 12h às 16h das 20h às 2h. Domingo, das 12h às 16h.
Com temática do mundo do cinema (há pôsteres de filmes nas paredes e os pratos são batizados com nomes de atores e atrizes), o Roxy Bar é badalado e tem a vantagem de ficar aberto até tarde às sextas e sábados. A comida é gostosa, com pratos encorpados como o Filé Greta Garbo, servido com batata frita, farofa de ovo, queijo e presunto, e o Filhote Dira Paes, grelhado e acompanhado por arroz com jambu e um toque de tucupi. Avenida Senador Lemos, 231 – esquina com a Travessa Almirante Wandenkolk – Umarizal. Telefone: (91) 3224-4514. De segunda a quinta, das 19h15 à 1h. Sexta e sábado, das 19h15 às 4h.
A Cairu, sorveteria mais tradicional de Belém tem mais de 50 sabores feitos artesanalmente com as frutas do Norte, com receitas à base de leite e sem gordura hidrogenada. Entre os destaques, estão o de tapioca, o de castanha-do-pará, e o Carimbó, que mescla castanha-do-pará e doce de cupuaçu. São diversas lojas espalhadas pela cidade e um quiosque na Estação das Docas. A matriz fica na Travessa Quatorze de Março, 1.570 – Umarizal. Telefone: (91) 3246-9129. De segunda a sábado, das 6h às 22h. Domingos e feriados, das 9h às 23h.
O passeio até a Ilha do Combu é um delicioso programa para o almoço no fim de semana. Para atravessar o Rio Guamá, você tem que ir até a Praça Princesa Isabel, no bairro Condor, e de lá pegar um barquinho. Segundo os locais, a área não é o lugar mais tranquilo do mundo, então vale ir de táxi ou carro e ir logo pegar o barco. É coletivo e barato, e a travessia demora cerca de 15 minutos. As embarcações deixam nos restaurantes da ilha, e é importante ficar atento ao horário da última.
O restaurante mais famoso é o Saldosa Maloca (assim mesmo, com L, telefone: 91-99982-3396). Lá, uma pedida é o tambaqui na brasa, que não está no cardápio. A lojinha vende o chocolate da Ilha do Combu, cultivado por eles mesmos (e sem açúcar, pra uso culinário, o mesmo utilizado no Remanso do Bosque). E a dona Neneca, do Saldosa, pode fazer uma minitrilha pela ilha. O açaí fresco é a pedida de sobremesa. Menos badalado, mas igualmente agradável é o Combu da Amazônia (91-98294-6332). Vá de peixe (tambaqui, filhote, pirarucu) e açaí de sobremesa.
O Meu Garoto é o boteco mais legal de Belém. É lá que vende a famosa cachaça de jambu, por sinal. Criada em 2011 pelo proprietário, Leodoro Porto, a bebida virou sinônimo do lugar. Detalhe: o bar não funciona sábado nem domingo (nem sua filial), mas a loja abre. Rua Senador Manoel Barata, 928 – Campina. Telefone: (91) 3222-9985. De segunda a sexta, das 9h à 0h. Avenida Senador Lemos, 641 – Umarizal. Telefone: (91) 3331-8409. De segunda a sexta, das 9h à 0h. Loja: Rua Ô de Almeida, 593 – Virgínia. Telefone: (91) 3230-5413. De segunda a sexta, das 9h à 0h. Sábado, das 9h às 14h.
Um pub no estilo inglês em plena Belém. Assim é o Black Dog English Pub, aberto em 2014 por Iuri Fernandes e Gabriel Parente, dois especialistas no assunto: Iuri é produtor de cerveja caseira, fundador e ex-presidente da ACerva paraense; já Gabriel é sommelier de cervejas formado em Chicago, nos Estados Unidos, pela Siebel Institute of Technology, parceira da alemã Doemens Akademie. Há cervejas de diversos países, mas quem quiser valorizar a produção local tem a opção da ótima Amazon Beer, feita com ingredientes típicos da terra, como açaí e taperebá. Rua Bernaldo Couto, 791 – Umarizal. Telefone: (91) 3038-9542. De terça a quinta, das 18 à 1h. Sexta e sábado, das 18 às 4h.
Quer tomar mais uma cerveja? Está com fome e não acha nada aberto? O Esther Lanches pode ser a solução, já que o bar funciona até 5h30 da manhã. Um dos hits do lugar é o cachorro-quente (vale frisar que em Belém cachorro-quente é o nome do sanduíche feito com carne moída, e hot-dog o do feito com salsicha). Destaque também para os sandubas com banana. O ambiente é bem simples, mas já salvou a madrugada de muita gente… Travessa Monte Alegre, 123 – Cidade Velha. Telefone: (91) 3223-3742. Diariamente, das 17h30 às 5h30.
Esse é um capítulo à parte. Mais próximo de países como as Guianas e o Suriname do que do Sudeste, o Pará tem uma cena musical particular, com ritmos tão diversos como carimbó, siriá, guitarrada e tecnobrega. Sem contar os artistas de cena pop e rock, muitos deles unindo as influências locais a estilos regionais. Uma boa ideia é conferir a programação da cidade no site da Fundação Cultural do Estado do Pará.
Com vista para o Rio Guamá, o Mormaço tem shows às sextas-feiras e domingos, vale conferir a programação. É lá o ponto de concentração do bloco Filhos de Glande, que sai no domingo anterior ao Carnaval. Passagem Carneiro da Rocha, 1 – Cidade Velha. Telefone: (91) 98335-8822. Sexta e sábado, das 21 às 4h. Domingo, das 15 às 23h.
O Café com Arte é uma casa centenária com duas pistas de dança (uma delas no porão) e programação alternativa (confira aqui). Diversão pura. Travessa Rui Barbosa, 1.437 – Nazaré. Telefone: (91) 3224-8630. Quarta e quinta-feira, das 17 à 0h. Sexta e sábado, das 17 às 4h.
Já o Casa Aberta é um evento organizado na Casarela, um espaço de coworking de uma turma que de tempos em tempos realiza happy hours com shows e DJs. Para saber quando acontece a próxima edição, é só ficar de olho na página do Se Rasgum. Travessa Rui Barbosa, 555 – Reduto. Telefone: (91) 3212-9455.
Por sinal, do lado da Casarela fica o Gotazkaen, um estúdio e galeria que conta com lojinha e café tem programação de palestras, shows e festas. Confira a agenda deles. Travessa Rui Barbosa, 543 – Reduto. Telefone: (91) 3348-6407.
Outra pedida na noite é a festa de Félix Robatto, guitarrista conhecido da cena alternativa nacional (foi da banda de surf music La Pupuña e tocou com Gaby Amarantos). Depois de dois anos à frente da Quintarrada, em 2016 ele lançou a Lambateria, que acontece toda quinta-feira, às 21h, no Fiteiro. Avenida Visconde de Souza Franco, 555 – Reduto. Telefone: (91) 98026-1595. Ingresso: R$15 (antecipado).
O Teatro Margarida Schivasappa recebe shows, peças teatrais e espetáculos de dança. Confira a programação completa. Avenida Gentil Bitencourt, 650 – Batista Campos. Telefone: (91) 4009-8700.
Já o Hangar — Centro de Convenções da Amazônia abriga feiras, simpósios e grandes shows. São 24 mil metros quadrados, distribuídos em dois pavilhões projetados a partir do hangar existente no antigo Parque da Aeronáutica, e ainda há uma área externa, onde acontecem shows. Avenida Dr. Freitas s/nº – Marco – Belém.
Outro destaque da vida noturna paraense são as aparelhagens, equipes de som que fazem festas pela cidade. Existem muitas semelhanças entre esses eventos e os bailes funk, com a diferença do som, o tecnobrega. As festas são sempre cheias de LED, o lugar onde o DJ fica normalmente parece uma nave espacial e em muitas é possível comprar o DVD com a gravação daquela noite no fim da apresentação! A questão é que muitas vezes acontecem em bairros considerados violentos, então é bom se informar ou ir acompanhado de algum local (como se faz em relação aos bailes funk, por sinal). SuperPop, Ultra Ouro Negro e Crocodilo são algumas aparelhagens famosas.
A visita ao Ver-o-Peso, ou Veropa, como carinhosamente é chamado pelos locais, é um dos programas obrigatórios em Belém. É simplesmente a maior feira livre da América Latina. Fica na Cidade Velha (Avenida Boulevard Castilho Franca, s/nº – Campina), às margens da Baía do Guajará. Inaugurado em 1625, era um entreposto fiscal, onde se media o peso exato das mercadorias para se cobrar os impostos para a coroa portuguesa, daí o nome. Ao longo do tempo, o Ver-o-Peso sofreu várias modificações. O mercado faz parte de um complexo arquitetônico e paisagístico que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, entre elas o Mercado de Ferro, o Mercado de Carnes, a Praça do Relógio, as Docas, a Feira do Açaí, o Solar da Beira e a Praça do Pescador. O conjunto foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1997. Diariamente, das 6 às 13h.
Além das barracas com produtos da culinária local (açaí, cupuaçu, castanha-do-pará, farinha de tapioca, jambu etc.), uma verdadeira viagem para os sentidos, o mercado tem as famosas erveiras, que vendem banhos e essências com nomes divertidos como Pega e Não Me Larga, Chora Nos Meus Pés e Chama Freguês. Um detalhe: apesar de o mercado funcionar até tarde, os locais aconselham a ir ao Ver-o-Peso de dia ou à tarde e ficar sempre atento.
Logo ali do lado, fica a Estação das Docas, outra parada obrigatória da cidade. Chamada por alguns de “Puerto Madero paraense” (em referência ao espaço em Buenos Aires), o lugar foi construído a partir de antigos galpões de ferro que pertenceram às instalações do Porto de Belém. Hoje, abriga um complexo gastronômico, com direito a um quiosque da sorveteria Cairu e à cervejaria Amazon Beer, tudo isso com uma bela vista para o rio. A loja Ná Figueiredo costuma ter apresentações de artistas locais. Do lado de fora, está o Anfiteatro São Pedro Nolasco, que volta e meia recebe espetáculos. Boulevard Castilhos França, s/nº – Campina. Telefone: (91) 3212-5525. De domingo a terça, das 10 à 0h. Quarta, das 10 às 1h. De quinta a sábado, das 10 às 3h.
O Complexo Feliz Lusitânia fica na Cidade Velha, o centro histórico de Belém, e contempla a Catedral Metropolitana de Belém, a praça Dom Frei Caetano, a Casa das Onze Janelas (que abriga um museu e onde funcionava também o Boteco das Onze, atualmente fechado), a Corveta Museu Solimões (um navio-museu), o Forte do Presépio, o complexo de Santo Alexandre (que inclui a Igreja e o colégio, o Museu de Arte Sacra do Pará, considerado um dos mais belos do Brasil) e a Ladeira do Castelo.
Debruçado sobre a Baía do Guajará, à margem direita da foz do Rio Guamá, o Forte do Presépio é o lugar onde Belém (então chamada Feliz Lusitânia, daí o nome do complexo) foi fundada, em 1616. Ao longo de três séculos, passou por diversas mudanças arquitetônicas, mas manteve sua função estratégica de defesa da cidade, condição que só foi abandonada no fim do século XIX. Na sua entrada, também há um pequeno museu, que conta um pouco da história do local.
Arborizadas e com coretos, as praças são um dos charmes de Belém. A da República é a principal delas, e abriga eventos como o Círio de Nazaré. Lá fica o histórico (e belo) Theatro da Paz (sempre vale conferir a programação, por sinal). Aos domingos, de manhã e à tarde, a praça recebe uma feirinha.
Outro lugar obrigatório é a a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Segundo se conta, foi construída próxima ao local onde foi encontrada uma imagem da santa, às margens do Igarapé Murututu. O edifício, em estilo neoclássico, começou a ser erguido em 1909. Durante o Círio, principal evento da cidade, uma réplica sai da Catedral Metropolitana de Belém e segue em procissão até a Basílica.
Com enorme área verde em plena região central, fundado no século XIX, o Museu Paraense Emílio Goeldi é um centro de pesquisas com exemplares da flora e da fauna amazônicas. Entre os animais, há onça-pintada, jacaré-açu, antas, macacos, cotias e lagartos — os dois últimos ficam soltos, circulando entre os visitantes. O local ainda tem um aquário, um serpentário e um prédio para exposições. O museu tem mostras temporárias. Avenida Magalhães Barata, 376 – São Braz. Telefones: (91) 3219-3300. De terça-feira a domingo, das 8h às 17h.
Um quiosque art nouveau na Praça da República, ao lado do Theatro da Paz, é a salvação dos esfomeados (ou sedentos) em Belém na madrugada. O Bar do Parque é um dos mais antigos ainda em atividade na cidade e funciona 24 horas por dia, com pedidas como isca de pirarucu com farofa e a Cerpinha, que é como a cerveja Cerpa Export (produção local) é chamada no Pará. Praça da República, s/nº – Campina. Telefone: (91) 99608-1917.
Outra opção é o Hotel Goldmar. Às margens da Baía do Guajurá (o hotel fica numa palafita!), conta com um bar e restaurante que não fecha nunca. Rua Professor Nélson Ribeiro, 132 – Telégrafo. Tel.: (91) 3085-8400.
No segundo domingo de outubro, comemora-se o Círio de Nazaré. A procissão é a maior manifestação católica do Brasil e uma das maiores do mundo. Os fiéis saem da Catedral de Belém e seguem até Basílica de Nazaré, onde a imagem da Virgem fica exposta durante 15 dias. O percurso é de 3,6 quilômetros e já chegou a ser feito em mais de nove horas. Nos demais dias de festa, acontecem vigílias e romarias rodoviárias, fluviais e em motocicletas, e a cidade toda entra no clima.
Não é à toa que há quem defina o Círio como “uma mistura do Carnaval com o Natal”. Um dos aspectos importantes é a comida, com uma profusão de pratos típicos, com destaque para a maniçoba, também chamada de “feijoada paraense”. A Praça do Santuário recebe o Arraial de Nazaré, uma área com barracas de comidas típicas, bebidas, jogos e bazar. Além disso, um parque de diversões funciona no local durante os festejos do Círio.
Na véspera do evento, acontece o Arrastão do Círio, um cortejo do grupo Arraial do Pavulagem que percorre o centro histórico de Belém logo após a chegada da romaria fluvial. O grupo sai da Praça dos Estivadores rumo à Praça do Carmo, encerrando com um show do Arraial do Pavulagem, com um repertório de boi, carimbó, mazurca, xote bragantino, retumbão e as músicas dos cortejos populares. Concentração: a partir das 9h, na esquina do Boulevard Castilhos França com a Avenida Presidente Vargas.
Outro evento paralelo que já virou tradição nessa época do ano é a Festa da Chiquita, que lota a Praça da República desde a década de 70, na véspera do Círio. Com grande adesão do público gay, a Chiquita conta com DJs, uma premiação para personalidades de destaque da comunidade LGBT e shows musicais.
Se não tem a tradição do Círio, o festival Se Rasgum, no entanto, também tem lugar cativo no calendário da cidade e este ano comemora sua primeira década de existência. Com uma cena musical borbulhante, Belém também está antenada com o que de melhor acontece no país e os artistas mais interessantes do Brasil levam suas turnês à cidade. Este ano, o Se Rasgum é de 16 a 21 de novembro e traz cinco dias de apresentações musicais, com a programação espalhada pelo Teatro Margarida Schivasappa, Estação das Docas e Hangar Centro de Convenções da Amazônia. A programação desta vez conta com nomes como Mac DeMarco (Canadá), Myles Sanko (Inglaterra), Moraes Moreira e Davi Moraes, Céu, Os Mulheres Negras (SP), Patife Band (PR) e Autoramas (RJ), entre outros.
O Hotel Le Massilia é uma opção charmosa no Reduto, bairro central e histórico. Comandado por franceses, tem uma clima de pousada, com decoração com clima amazônico, piscina e um restaurante de comida francesa. Rua Henrique Gurjão, 236 – Reduto. Telefone: (91) 3222-2834.
Integrante do grupo Intercontinental, o Crowne Plaza é o único cinco estrelas de Belém. Moderno, bem-localizado e com um ótimo café da manhã, que começa a ser servido às 5h da madrugada, uma opção sensacional para quem estiver chegando no hotel depois de uma noite animada. Avenida Nazaré, 375 – Nazaré. Telefone: 0800-772-2353.
No fim de 2015, Belém ganhou um novo hotel: o Atrium Quinta de Pedras. Fica ao lado do Mangal das Garças e funciona no prédio de um antigo convento restaurado. Rua Dr. Assis, 834 – Cidade Velha. Telefone: (91) 3199-1603.
Embora não esteja no litoral, Belém conta com a Ilha do Mosqueiro, com praias de rio. Na verdade um distrito de Belém, fica a 70 quilômetros do Centro da cidade, em frente à Baía do Guajará e no braço sul do rio Amazonas. Possui aproximadamente 212 quilômetros quadrados e 15 praias de águas doces, dentre as quais Marahu. A região dispõe de infraestrutura de restaurantes, posadas e alguns poucos hotéis para pernoite. Comer as famosas tapioquinhas da Praça da Vila é uma tradição. É possível ir de ônibus de Belém até o terminal rodoviário local.
Agora, se o negócio for mesmo água salgada, a poucas horas da capital paraense está Algodoal. Basta ir até Marudá (há ônibus para lá) e pegar um barco até Algodoal (na verdade, o Arquipélago de Maiandeua, no município de Maracanã, que possui quatro vilas, sendo Algodoal a maior delas). A ilha é chamada de Algodoal por causa da abundância de uma planta nativa conhecida como algodão de seda, cujas sementes, com filetes brancos, são dispersas pela planta e, ao flutuarem ao vento, lembram o algodão. São 19 quilômetros quadrados no total. Não são permitidos veículos motorizados no local.
De janeiro a março, é inverno na ilha (devido ao clima equatorial da região), com muita chuva e águas turvas. De setembro a dezembro, é verão: muito sol e águas esverdeadas. No mês de julho e nos feriados prolongados é altíssima temporada para os visitantes brasileiros. De agosto a setembro é temporada dos turistas estrangeiros, com pouca gente em Algodoal.
Guia escrito por Kamille Viola, uma carioca apaixonada por Belém.
Kamille Viola é jornalista cultural, apaixonada por música, comida e viagens. Adora mostrar cantos menos conhecidos do Rio para quem vem de fora - e quem é da cidade também. É daquele tipo de gente para quem escrever não é uma escolha: é a única opção.
Ver todos os postsLegal mas esqueceram de citar Icoaraci , os restaurantes ao longo da orla e o artesanato que é reconhecido mundo a fora. Outra coisa que eu vi foi uma referência ao bar da Amazon Beer na estação. Mas ok foi bem legal a reportagem !!
Parabéns pela linda matéria. Só faltou citar o Lá em Casa, restaurante de cozinha tradicional paraense, localizado na Estação das Docas, q serve o melhor pato no tucupi da cidade. Fica a dica para a próxima visita.
Maravilha de matéria, muito bom mesmo, recomendo aos visitantes um pôr do sol na orla de Belém.
Sou apaixonado por Belém! Perdi as contas de quantas vezes fui pra lá e quantos sucos de cupuaçu tomei naquele Ver-o-Peso!! Sua autenticidade é cativante!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.