Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A inteligência artificial foi um dos temas mais discutidos no SXSW 2023, não só em palestras sobre o assunto, mas em convergência com outros tópicos.
A inteligência artificial generativa, capaz de gerar texto, imagens e vídeos como resposta a solicitações em linguagem comum, foi a estrela da edição. Após a explosão de uso de plataformas, como o ChatGPT, Dall-E, Midjourney e Stable Diffusion nos últimos meses, não teve como fugir do assunto. Até mesmo as palestras sobre Metaverso e Web3, temas em alta no ano passado, exploraram mais como a IA vai influenciar esses ambientes do que se falou sobre eles.
“A inteligência artificial está nos assistindo. Ela segue o que fazemos, por isso, o que fazemos é essencial.”– Neil Redding, fundador e CEO da Redding Futures
A futurista Amy Webb, que apresenta há 7 anos seu relatório de tendências tecnológicas numa das palestras mais concorridas do SXSW, foi enfática sobre uma nova era da internet que está chegando denominada por ela como “AIOsmosis”, ou AI+Osmose. Ou seja, todas as IAs vão interagir entre si e usar dados de qualquer fonte. A internet como a conhecemos está com os dias contados. O que teremos em breve será uma internet toda baseada em IA.
“Para Webb, essa será a “Era da Computação Assistiva”, em que o pensamento e a ação humana serão obsoletos. Para navegar nesse mundo, serão necessários trabalhadores, alunos e líderes capacitados, que possam trabalhar com os sistemas de IA. A solução não é banir os sistemas como algumas escolas têm feito, mas sim compreendê-los, para não deixar as pessoas despreparadas para esse futuro. Webb destacou também como planejar com a IA pode colocar a sociedade no caminho correto, transformar a força de trabalho e melhorar as relações humanas. Por outro lado, se esse planejamento falhar, poderá haver uma divisão digital ampla, em que os trabalhadores que aprenderam a trabalhar com a IA serão valiosos, enquanto os outros serão irrelevantes.” – WGSN – SXSW 2023
Gostei muito da aula-palestra do Kevin Kelly, fundador da revista Wired, que trouxe uma visão mais otimista em relação à IA e nos deixou muitas reflexões. Ele destacou que o ChatGPT tem sido adotado tão rapidamente porque descobrimos sua capacidade em executar tarefas chatas e mecânicas. Para ele, as plataformas de IA substituirão os estagiários – poderemos ter estagiários ilimitados se quisermos. O ChatGPT é a tecnologia que foi a mais rápida da história em ser aceita, tendo 2 milhões de usuários inscritos em 2 semanas.
Kelly abordou também o papel da IA na produtividade, dizendo que ela foi feita para robôs, e na criatividade, argumentando que a IA está ocupando espaços vazios ao invés de substituir pessoas. Inclusive reforçou que a IA não é uma entidade única, mas várias, cada uma com suas características e especificidades. Ou seja, lidaremos com diferentes IAs no nosso dia a dia.
Kelly acredita que a IA trará mais benefícios do que problemas, mas que precisamos aprender a usá-la da melhor forma possível. Ele pontuou sobre o problema de bias, como racismo e sexismo, mas a IA é baseada no que somos e não podemos aceitar que seja dessa forma. De acordo com Kelly, esse processo em fazê-la ser diferente de nós poderá nos causar uma crise de identidade. Afinal quem somos? O que queremos ser? E, o que ‘melhor que nós’ significa?
Ele finalizou a palestra dizendo que talvez o propósito final da inteligência artificial seja nos transformar em humanos melhores.
Eu gravei a palestra e você pode ouvi-la ou lê-la aqui.
*Foto capa: Arseny Togulev – Unsplash
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.