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“Pro mundo Ficar Odara”: Um novo olhar sobre a Amazônia

Quem escreveu

Ana Portela

Data

15 de March, 2022

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O Flutuante Odara é um dos muitos estabelecimentos sobre os rios de Manaus, e também um dos melhores lugares para se ter uma experiência manauara de verdade.

A pandemia parou o mundo, e não falo somente do planeta Terra, mas do mundo particular de cada pessoa que vem enfrentando longos períodos de isolamento, privação de contato, trabalho e a vida como se conhecia. Eu poderia descrever aqui todos os processos vividos nesses dois anos, o caos, o recomeço e tudo mais… No entanto, se tem uma coisa que esses últimos 24 meses me ensinaram foi isso: viver o agora! 

Muita gente “voltou pra casa”, como uma alternativa de economizar, contar apoio emocional, estar perto da família ou coisas do tipo, e comigo não foi diferente. Voltar para o Amazonas depois de seis incansáveis anos de trabalho duro por um lugar ao sol no mercado da música, foi o maior desafio que tive que enfrentar na última década. Mas, como diz o ditado: toda crise é também uma oportunidade. Foi o que eu escolhi fazer desse movimento, perceber e entender tudo que fazia falta, conhecer de novo minha terra natal, trazer um novo olhar sobre ela, afinal é da Amazônia que estamos falando! 

Sobre o estilo de vida na selva

O Amazonas é um pedaço encantado do Brasil, uma combinação perfeita entre todos os elementos, o que compõe uma beleza sem igual. Voltar para casa e me atentar para uma nova perspectiva dessa beleza – a qual, antes, não fazia tanto sentido quanto agora – acredite você, foi uma grata surpresa. Quase como se fosse uma ironia, a vivência aqui se espelha na vida do povo mais humilde, uma população ribeirinha que cultua o rio e a mata, fazendo dessa reverência um estilo de vida. Por isso, no meu primeiro texto sobre a Amazônia, vou trazer uma das experiências mais hypes que se pode encontrar em Manaus, mas que na verdade foi ressignificada e me remete à infância no interior de onde meus pais vieram: os flutuantes.

Se  procurarmos no Google o significado da palavra ‘flutuante’, eis o que encontramos: “Que se balança sobre as águas. Agitado pelo vento, pela água; ondulante.” Originalmente, pela tradição ribeirinha, o flutuante sempre foi uma opção de moradia simples, mas com custo mais baixo e com possibilidade de locomoção pelos rios. Isso porque permite que seus moradores não se preocupem com os períodos de enchente e/ou vazante, uma vez que a cheia e a seca são determinantes na vida da população dos municípios do interior do Amazonas. Já na capital, mais rica e estruturada, os flutuantes se tornaram a opção favorita de todas as classes e também dos turistas que chegam a Manaus em busca de aventuras na selva. 

Vista do Flutuante Odara, em Manaus - foto: Ana Portela
Vista do Flutuante Odara, em Manaus – foto: Ana Portela

Odara: a escolha perfeita em Manaus

Assim cheguei de volta a Manaus, me impressionou o aumento na quantidade de flutuantes comerciais, ao mesmo tempo que entendi isso como uma boa maneira de valorizar nossa cultura. Do bar à balada, é possível viver toda uma experiência fluvial, como todo bom amazonense conhece, até melhor. Foi então que optei por matar a saudade compartilhando essa vivência aqui e, para esse kickstart, depois de muito procurar, escolhi um lugar que combinasse essa memória da infância com um plus de nostalgia, conforto e funcionalidade.  Ao meu ver, esse é o Flutuante Odara!

Quando estava na missão escolher a experiência perfeita,  além de me apaixonar pelas imagens do lugar, troquei uma ideia rápida com a Nadia Ferreira e Amanda Alcântara, proprietárias do Odara, e elas me disseram que decidiram investir no flutuante como uma forma de compartilhar o que elas acreditam e aprenderam como o lado mais essencial da Amazônia. Elas são fãs de Caetano, e disseram que nomearam o flutuante de “Odara” após uma viagem a Caraíva, onde há um restaurante com esse nome. “A palavra Odara significa paz, tranquilidade, bonito, feliz e alegre. Caetano canta “vem ficar Odara” e é assim que queremos que você se sinta, quando estiver lá! No meio da floresta, transbordando vida e agitação!” diz Amanda. O Odara foi pensado para que todos que cheguem no lugar possam cantar, dançar e celebrar a vida.

Chegado o dia, chegamos na recepção do pier do Abaré que custa R$ 15,00 por veículo, entramos em uma pequena embarcação – serviço de traslado fluvial, no qual você paga R$10 e garante ida e volta dos flutuantes. Foi 1 minutinho de travessia até chegar no Odara. Reservei uma diária, ou seja, tinha o flutuante inteiro pra mim, de 9h-18h. Nem tudo estava organizado, mas o Shapoles – caseiro do Odara – explicou que, caso eu precisasse de comida e ou bebida até que tudo estivesse pronto, poderia contar com o Flutuante Abaré, que tem serviço de delivery de outros mercadinhos que entregam água, cerveja, refrigerante, gelo e refeições. O Abaré, diferente do Odara, que foi pensado para hospedagem, oferece uma programação de bar, música eletrônica, hostel e ainda ajuda os vizinhos com serviço delivery. 

Praia particular sobre o Rio Negro no Odara - foto: Ana Portela
Praia particular sobre o Rio Tarumã no Odara – foto: Ana Portela

“Pro Mudo ficar Odara

Localizado às margens do Rio Tarumã, o Odara, que tem capacidade de receber até 30 pessoas, definitivamente me encantou, do nome à experiência. O espaço ideal para o fim de semana com amigos, com a família ou até mesmo um date romântico. No meu caso, fiz uma seleção minuciosa de pessoas queridas (vacinadas e negativadas) e comemorei a chegada do ciclo novo com esse novo jeito de aproveitar um “flutu” – como falam aqui.

Éramos eu e mais 15 amigos. Só posso dizer que foi um dia inteiro e dois andares de puro deleite amazônico, sem falar no pôr do sol zero defeitos que tivemos oportunidade de compartilhar. Eu, que infelizmente passei dois anos seguidos com Covid no meu aniversário (jan 2021/jan 2022), lembro de estar na cama refletindo sobre a importância de aproveitar a vida e tudo que se tem ao redor: as pessoas, a natureza, o encontro de tudo isso. E foi no Flutuante Odara, numa tarde de sol de Manaus, Rio Negro, churrasco e música que, de fato, comecei meu ano/ciclo novo. 

A Nádia estava certa! Além do Shapoles, caseiro que ficou à disposição resolvendo todas as questões de montagem, abastecimento, gerador e até compras…  Deitar numa espreguiçadeira com pegada rooftop, mas com vista pro rio, sentar no assoalho de madeira com os pés na água, fazer churrasco numa cozinha de ‘chef PRO’ ribeirinho, preparar drinks numa cozinha americana (só que à moda manauara)  e descansar numa suite flutuante, caiu como um bálsamo nesse histórico pandêmico que os últimos dois anos imprimiram, não só na minha memória. Num mesmo lugar, foi possível reunir Caetano Veloso, amigos, energia pura. O sagrado e o divino. 

Foi um dia diferente, para mim, para os meus amigos, um dia de sol, daqueles que fazem a gente relembrar, não só porque corre tanto, mas também o porquê de ser preciso PARAR!

Fim de tarde no Flutuante Odara, Manaus - foto: Ana Portela
Fim de tarde no Flutuante Odara, Manaus – foto: Ana Portela

Amazone-se

Diferente da loucura que se vive numa cidade como São Paulo, que eu chamo de casa, mas reconheço que pode ser um lugar onde nos falta tudo, menos correria e trabalho, depois de tudo que atravessamos, é essencial achar meios de alimentar a alma. Se você, assim como eu, entendeu que a vida é curta pra não viver uma experiência como essa, como a Amazônia, o Odara é o lugar ideal para encontrar novas fontes de energia vital e de compartilhar dessa energia com os seus ou até com você mesmo. 

O resumo dessa história é esse: Odare-se. AMAZONE-SE! 

Por do sol no Rio Negro - foto: Ana Portela
Por do sol no Rio Negro – foto: Ana Portela

*Imagem de destaque: Flutuante Odara – divulgação

Quem escreveu

Ana Portela

Data

15 de March, 2022

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Ana Portela

Jornalista por formação e Produtora Cultural por propósito. Direto da Amazônia, Ana viaja o Brasil trabalhando em shows, festivais e pesquisas. Focada em desbravar sons, costumes, sabores e experiências, é assim que ela pretende dar a volta ao mundo: aprendendo novas músicas e conhecendo novas culturas. Acredita que o sentido da vida é a troca. Pensadora profissional e escritora amadora, ela anda por aí capturando momentos únicos, revelando belezas essenciais e compartilhando tudo isso escrevendo aqui.

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