Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Minas sempre foi um pólo cultural, pela presença do Inhotim, que está instalado em Brumadinho desde 2006 e é o maior museu a céu aberto do mundo. Um grande parque que certamente influenciou o cenário da arte na capital, que carinhosamente chamo de Bêagá.
Com a retomada do turismo e com a ânsia de voltar a devorar o Brasil, com sua arte e cultura impressionantes, comecei a planejar minha ida a Inhotim, e como sempre, paro alguns dias em BH, para matar a saudade do queijo e do samba.
Tenho buscado lugares e centros de arte, seja museus, exposições e galerias. Grande ou pequena, tanto faz. O que vale é o que essa mistura transforma em mim e as reflexões que me atravessam.
A cena começa a tomar fôlego no Brasil inteiro, com feiras voltando a acontecer e o presencial voltando a ser uma realidade de volta na rotina das pessoas. Em Belo Horizonte não é diferente. Desejo inclusive que o mar navegue calmo para permear confiança e coragem nos agentes da cultura e da arte.
Em minha pesquisa pré viagem, mapeando as galerias que gostaria de conhecer e que estivessem a uma curta distância de onde eu estava, para que pudesse passear a pé pela rua, notando os grafites, pixos e intervenções, encontrei uma realidade promissora, com pelo menos 6 galerias em um raio de 1km.
Mas chegando lá, encontrei muitas placas de aluga-se e vende-se em locais que eram galerias e que fecharam durante a pandemia. Foram pelo menos quatro vezes de cara com a placa.
Agora, te pergunto o que me perguntei: A arte está à venda?
Nossos espaços dedicados às emoções, trazidos por meio de obras estão desaparecendo.
Ver aqueles ambientes à venda me tocou. Não por eles estarem de fato desaparecendo, porque muitos deles seguem em leilões e vendas online, mas por perder a experiência agregada. Encontrar pessoas, discutir a arte, engrossar o diálogo sobre como a arte de rua ganha espaço, questionar o espaço e como essa relação acontece.
Olho no olho com a obra, puxar os trilhos para ver o que toca o coração, perguntar uma curiosidade sobre o artista, isso tudo vai pras cucuias. Fica às margens do valor mensurável, que traz a gente pro tempo mundano. Quando a arte, mesmo que para investimento, passa pelo o que não se mensura, pelo atemporal, pelo que remete às lembranças ou às esperanças.
Nessa discussão interna, encontrei a Galeria Dotart, com uma exposição lindíssima, Chassis, do André Azevedo, disponível até 04 de Junho. Ali estava Luciano, que deve ter sentido no ar minhas inquietações e se permitiu entrar comigo nessas reflexões e me ajudar a ter um panorama melhor sobre a cena da Arte de BH, além de me levar para uma volta e apresentação da galeria.
Fomos longe pensando na acessibilidade da arte, sobre a cultura da arte da rua, sobre profissionalização e a cultura do aprendizado. Lembramos artistas incríveis como o Mauro e sua onipresença e sobre o MIA e sua potência nas intervenções.
Desse papo, chegamos no quartoamado, uma galeria que tinha ido visitar no dia anterior, na sua reabertura pós pandemia. Com exposição individual da artista Simone Pazzini, que pode ser visitada em todas as quartas-feiras de abril, entre cervejas e música. Uma galeria pequena, jovem mas comprometida, que trabalha com uma loja para que obras de artistas de rua possam ser levadas para casa, por valores acessíveis, trazendo para a cena, artistas e compradores até então marginalizados. Lugares como esse, são de muita importância para que a arte deixe de ser apenas de rykos e famosos e passe a ser parte da rotina das pessoas.
Acredito inclusive que isso fomente o mercado como um todo e utopicamente, alimente minha certeza que a arte transforma. Vidas e uma sociedade toda.
Nessa linha, a Celma Albuquerque Galeria de Arte, inaugurada em 1998 e com uma pegada mais tradicional e não de uma maneira ruim, traz exposições e propõe intervenções interessantes com os artistas da casa. Importante dizer que trabalha com artistas jovens e potenciais, além de outros já bem consolidados. Me apaixonei por uma pintura da Efe Godoy, que consegue trazer suas obras a preços camaradas.
Um salve para quem segue acreditando e permanece em resistência nesses espaços uai e calma para seguirmos em frente!
Já foi entrar na resistência da Arte hoje? Entaovah!
Viajante por natureza, Patricia busca pequenas descobertas cotidianas. Acredita que o encanto das cidades mora no ritmo dos locais e pode passar horas em um café apenas observando a banda passar. Ex-dona de hostel e ex-mochileira com algumas recaídas, hoje prefere quartos com vista em nowhere. Amante das road trips e desenvolvedora de roteiros com a cara do viajante, cai na estrada para conhecer e desbravar esse mundão.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.