Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Os clubes do livro sempre existiram, mas ganharam corpo e viraram tendência em tempos de distanciamento social.
Um bom hábito pra instituir no Dia Mundial do Livro!
A pandemia mudou (melhor: está mudando) a forma como consumimos tudo, mas principalmente álcool-gel, máscara, comida e itens de cultura. Deixando a zoeira de lado, pense em como você passou a consumir muito mais filmes e séries em streaming, por exemplo.
Concorrendo com TV, cinema, redes sociais, música e noticiário, o objeto livro continua firme e forte entre nós, inabalado tanto pela oferta de seus concorrentes digitais (essa reportagem da Vox, em inglês, contextualiza a venda de livros físicos) e pela sempre temerosa situação das livrarias de rua em todo o mundo (principalmente no Brasil, em estudo de 2020).
Não é jamais o caso de tentar relacionar a tragédia da Covid-19 no Brasil a algo bom, mas de fato quem consegue praticar o isolamento social e se trancar em casa passou a ter mais tempo para gastar com várias coisas, a leitura (e a arrumação de estantes) entre elas. O sucesso varia. Perguntei há algumas semanas no meu Instagram sobre os hábitos de leitura durante a pandemia e o resultado não traz surpresa: há gente que está conseguindo ler diariamente e encara a leitura como um escapismo bem-vindo tanto da nossa realidade escrota quanto da luz azul das telas. E também há gente que não consegue se concentrar para ler mais que uns parágrafos.
Os clubes do livro, ou clubes de leitura, que são cada vez mais numerosos em português, funcionam para qualquer dos casos. Para quem já lê, ajuda a tirar um pouco da solidão da leitura e também traz ideias e visões diferentes sobre o que se lê, porque cada leitura é única. Pra quem não está conseguindo mas quer ler, funciona como um incentivo extra.
Ainda por causa da pandemia, muitos grupos de discussão que aconteciam presencialmente, como os da Escrevedeira e Lugar de Ler (ver abaixo) passaram a ser totalmente digitais, permitindo juntar participantes de qualquer local ou fuso-horário. Além disso, editoras estão promovendo clubes próprios em torno da fórmula bem-sucedida consagrada pela Tag Livros e Intrínsecos. Na esteira, booksters também tem promovido seus grupos próprios, aproveitando a explosão de plataformas como Zoom e Telegram.
Alguns clubes do livro seguem o modelo tradicional de propor uma obra que os integrantes do grupo vão ler até um prazo determinado e debater em uma data combinada. Mas o comércio online e novas plataformas levaram a ideia de clube do livro para outros lugares. Hoje é possível, por exemplo, participar do grupo de Telegram de um/a booktuber que vai guiar a leitura, ou receber em casa livros inéditos com curadoria de uma editora.
Veja abaixo algumas recomendações, mas não se esqueça: o mais legal de um clube do livro é que qualquer um pode fazer: basta combinar com amigos, colegas ou familiares.
Clube com foco na literatura brasileira contemporânea e grupo de discussão no Facebook. Em maio, o livro será o ótimo “Os supridores”, de José Faleiro.
Traz todo mês um livro raro em formato digital, selecionado pela curadoria do pessoal do 360Meridianos. É pago e bem completo, oferecendo duas modalidades: leitores e escritores (profissionais ou não). Além do livro, rola um bate-papo mensal, grupo de leitores via Telegram, biblioteca de livros online e brindes temáticos.
É o clube de assinatura da editora Todavia, que uma vez por mês envia um lançamento inédito de ficção, em caixa especial com brindes. Assinantes têm 20% de desconto em todo o catálogo da editora. Em abril o clube trouxe “A Visão das Plantas”, da escritora angolana Djaimilia Pereira de Almeida, que participou de conversa online com os assinantes.
Parceria do museu de cultura nipônica da Avenida Paulista e da revista dos livros, propõe sempre um livro de autor/a do Japão, que é debatido em eventos mensais e gratuitos, através do Zoom.
Ligado à Livraria Africanidades, tem curadoria de mulheres negras e faz o envio trimestral de oito obras com temas que conversam com o protagonista de pessoas negras e afro-empreendedorismo. A plataforma Hysteria traz uma boa reportagem com as mulheres criadoras do projeto.
O canal da Taty Leite no Youtube tem a intenção simples e ótima de mostrar que a literatura pode ser muito prazeirosa. Uma das iniciativas é um grupo de leitura via Telegram, no momento promovendo a leitura conjunta de “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto.
Clube do livro em formato podcast. O episódio mais recente é sobre o clássico “O apanhador no campo de centeio”.
A biblioteca e escola de literatura tem realizado encontros e cursos com temas bastante diversos pela internet. Na próxima quinta-feira, 29 de abril, acontece mais uma edição do Grupo de Leitora com a editora Vanessa Ferrari, para conversar sobre o “Segredos” do italiano Domenico Starnone.
*Imagem de destaque: Libreshot.com
Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.