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A incrível experiência de se hospedar em uma casa na árvore

Quem escreveu

Paola Di Buono

Data

05 de May, 2021

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Morar em uma casa na árvore é um sonho de infância que você pode realizar agora, mesmo que só por alguns dias.

A crescente busca por escapadas para espaços remotos, que estejam longe das grandes cidades e próximos da natureza, tem sido talvez a única forma responsável de se fazer turismo nos dias de hoje. Cada vez mais, pessoas investem em aluguéis de temporada buscando casas de praia, sítios e os mais diversos tipos de hospedagem que permitam uma mudança de ares sem desrespeitar as recomendações para prevenção da COVID-19.

Para mim, aquariana com ascendente em liberdade, esse tipo de escapada representa um respiro que traz paz e, ao mesmo tempo,  permite explorar opções locais por perto que até então não eram uma prioridade. Confesso que um dos meus hobbies atuais é ficar horas online vendo hospedagens inusitadas e diferentes, que permitam que vivamos uma experiência nova, mas em segurança. Eis que então, em uma dessas minhas buscas, encontro uma casa na árvore em Minas Gerais e decido me aventurar nessa experiência junto com meu parceiro e nosso doguinho Chico.

Situada em Córrego do Bom Jesus, a aproximadamente 3 horas da cidade de São Paulo, a casa na árvore se chama Refúgio Floresta e, já no caminho, podemos perceber que a escolha do nome não poderia ser melhor. Depois de passar pela cidadezinha de Cambuí, que tem suas ruas e comércios típicos de interior, a paisagem começa a mudar e começamos a ver cada vez menos casas e cada vez mais natureza. Assim que começamos a subir pela estradinha (parte de terra, parte asfaltada, mas tranquila pra acessar com qualquer tipo de carro), ficamos encantados com a vista para as montanhas que fica mais charmosa a medida que subimos, nos dando uma linda prévia dos dias que iríamos viver por lá.

A vista da Serra da Mantiqueira - foto: Paola di Buono
Foto: Paola Di Buono

Chegando na porteira que marca a entrada da propriedade, adentramos no Refúgio e logo somos recebidos pelo anfitrião Tibério, morador local muito amável, junto de seu fiel escudeiro chamado Montanha, um cachorro que fica na propriedade e mais parece um lobo do mato, embora extremamente amigável. Guiados por nossos anfitriões, chegamos finalmente à nossa casa na árvore.

Foto: Divulgação

A cabana, que parece ter saído de um filme, foi construída no alto de uma Maçaranduba centenária que, apesar de ter estrutura para suportar tranquilamente uma casa completa, tem a textura de seu tronco surpreendentemente macia ao toque. Por mais que já tivéssemos visto muitas fotos do espaço, ao chegar ao local tivemos nossas expectativas surpreendidas. Construída toda em madeira, a cabana é aconchegante e completa, permitindo que você se sinta parte da natureza sem abrir mão do conforto.

No primeiro andar, sala, banheiro e cozinha muito bem posicionados em volta do personagem principal do ambiente: o majestoso tronco da árvore. No segundo andar, em volta da copa da Maçaranduba, cama, tapetes, banquinhos e móveis para armazenagem de roupas e pertences.

Mas são os detalhes que cativam e deixam o espaço ainda mais especial: tudo foi cuidadosamente criado e pensado para ser uma experiência ímpar. Desde as janelas enormes que abrigam vistas surreais das montanhas da serra, até os temperos e mantimentos delicadamente armazenados em potinhos para garantir que nada nos falte por ali. Na parede da sala, um violão, um ukulelê e uma excelente coleção de livros compõem a decoração, convidando a arriscar algumas músicas e experimentar novas leituras. Na cabana não tem televisão, mas tem wi-fi e um retroprojetor que nos permitiu ver nossos filmes e séries a noite, o que acabou sendo muito melhor do que o esperado.

Dentro da propriedade, que tem mais de 20 mil metros, isolamento total – afinal só tem uma única cabana ali, que era a nossa. Para se ter ideia, as janelas da parte de baixo da casa não têm nem cortinas, pois tudo que há em volta são as copas de outras árvores. Sem sair do local é possível fazer trilhas bosque adentro e encontrar nascentes de águas, plantações e claro, muita natureza por toda extensão da área. Nosso querido anfitrião Tibério passou várias dicas do que fazer no local e o Montanha prontamente nos guiou por todo caminho, como quem mostrava com tranquilidade por onde andar no espaço onde cresceu. A noite, tivemos a oportunidade de desfrutar de uma fogueira e admirar as estrelas, entre cobertores e chocolate quente, junto claro, do Montanha e do nosso Chico, que naquela altura já eram super amigos.

Foto: Paola Di Buono

A paz de estar ali, hospedada em uma casa na árvore que fica a 1500 metros de altitude, no coração da serra da Mantiqueira é indescritível. Em um primeiro momento, tudo que podemos perceber é o gratificante silêncio que nos rodeia – luxo esse que não existe onde vivemos, num bairro movimentado de São Paulo. Mas, aos poucos, nossos ouvidos vão se apurando e percebendo que esse “silêncio” na verdade é composto por sons suaves que compõem uma sinfonia para nós. O farfalhar das árvores em nossa volta, se une ao vento, ao canto dos pássaros, aos grilos e, as vezes, ao mugir de uma vaca distante. A natureza por ali é vibrante e tem o poder de nos transmitir uma energia tranquila e renovadora.

Nossos dias mágicos por ali, admirando a vista e o silêncio me fizeram repensar os quesitos de luxo que considero. Afinal, pra mim tudo ali era luxo puro – as estrelas no céu a noite valiam mais do que ia hotéis 5 estrelas que vi mundo afora. A fogueira, cuidadosamente preparada para amadores como nos, criava uma luminosidade que me fascinava muito mais do que as milhares de luzes da cidade. O cuidado de nosso anfitrião, que nos trouxe pão de queijo mineiro num dia chuvoso para tomarmos um café da tarde, num gesto sincero de afeto, me encantou mais do que a atenção que já recebi de qualquer concierge. 

Sequer nos incomodamos, por exemplo, com o fato de estarmos em pandemia e não podermos explorar a região, que tem confrarias, restaurantes, cachoeiras e o Pico da Raposa, famoso para os praticantes de parapente. Tudo que o interior e exterior do Refúgio nos ofereceram era mais do que suficiente. Até em momentos de chuva e serração o espaço é perfeito, pois deixa tudo com um ar ainda mais bucólico e gracioso.

Foto: Divulgação

Criamos uma conexão especial com a cabana, com o entorno e com nossos anfitriões Tibério e Montanha, o que nos permitiu voltar para nossa casa com o coração cheio de gratidão e memórias felizes. Estamos vivendo tempos difíceis e extremamente limitados, mas é incrível poder viver experiências como essa, que nos enchem o peito de esperança em dias melhores e nos lembram do que de fato importa nessa vida. Esperamos voltar em breve para esse pedacinho de céu, nosso Refúgio (na) Floresta.

Montanha, o anfitrião canino | Foto: Divulgação
No andar de cima da casa na árvore, o quarto tem vista para as montanhas.
Foto: Divulgação
Foto de família em frente à casa na árvore - foto: Paola di Buono
Foto: Paola Di Buono
Na frente da casa na árvore, um espaço para fazer fogueira e observar a vista
Foto: Divulgação

*Imagem de destaque: Divulgação

Quem escreveu

Paola Di Buono

Data

05 de May, 2021

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Paola Di Buono

Jornalista de formação e viajante por vocação, traz desde criança essa necessidade de ir para o mundo, de vivenciar o novo de perto e ver com os próprios olhos os lugares que admirava nas revistas e na internet. Para ela, nada paga a emoção de pisar em um lugar pela primeira vez, respirar novos ares, ter contato com culturas diferentes. Ela é do tipo que não se aquieta: sua lista de sonhos, parece mais uma lista só com nomes de países, pois viajar é sua prioridade número um. Tem a alma livre - afinal, aquarianos e a palavra liberdade são praticamente sinônimos - mas, ao mesmo tempo, faz malabarismo para equilibrar todo o amor pela família e pelo companheiro de vida que ficam no Brasil e, apesar de encorajarem todos seus vôos, nem sempre conseguem acompanhá-la. E é assim que ela leva a vida, tentando conciliar os impulsos pra voar e as razões para ficar, compartilhando suas experiências com todos aqueles que, como ela, têm sede de sentir o mundo sem abrir mão do amor.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.